Capítulo 34 - Desespero

1.4K 106 7
                                    

Letizia

Na época em que planejei o golpe contra o Don, eu não contava com o desequilíbrio emocional de Domenico, caso Manoela escolhesse o outro lado.

O que acabou acontecendo.

Uma falha de minha parte.

E agora meu irmão vivia transtornado. Bebida, noites em claro, acessos de raiva. E por último, ordenou que as contas de Angelo e Giuliano fossem desbloqueadas. A única coisa que poderia trazê-los de volta.

Quis falar com ela antes de Domenico, em particular. A situação estava fora de controle e já estava duvidando da capacidade dele para assumir o comando da organização na Itália.

Além disso, tinha contratado os melhores hackers para que nos ajudassem a rastreá-la.

Com sorte, colocaríamos um ponto final nessa história.


Manoela

Pedi para fecharem as janelas e cortinas do escritório, para que não pudesse haver nenhum indício de onde eu estava.

Janice já estava à postos, com todos os aparelhos conectados, utilizando nosso software para evitar que a conexão fosse rastreada.

Livia e Igor sentaram-se ao meu lado . Eu vestia uma roupa de verão, um vestido de alças, preto, longo. Nas mãos, meus anéis de diamantes tomaram o lugar das alianças. Brincos, pouca maquiagem, o suficiente para disfarçar os sinais da noite mal dormida. O aquecedor foi ajustado para vinte e cinco graus, assim também encobriria as pistas da minha localização.

Lá fora, a neve cobria as calçadas.

Igor me trouxe um copo com água e uma taça de vinho:

- Manu, está tudo bem?

Passei as mãos pelo meu rosto:

- Está. Quero acabar logo com isso. As contas foram liberadas?

Livia respondeu:

- Sim, os advogados já estão preparando tudo para a transferência do dinheiro para o banco suíço.

Respirei aliviada.

Janice olhou para mim:

- Letizia enviou mensagem, gostaria de conversar com você antes de Domenico.

- Pode abrir a reunião, se estiver tudo certo com o bloqueador. Tenho certeza que ela vai tentar invadir nossos sistemas.

A transmissão começou e vi Letizia, sentada em uma poltrona:

- Manoela. Quanto tempo.

Olhei para ela, sem nenhuma reação:

- Letizia.

Parecia cansada, envelhecida. 

- Meu irmão não é o mesmo desde que você partiu. Se tiver algum tipo de sentimento por ele, por menor que seja...

Interrompi:

- Não pretendo magoá-lo. Agora pode chamá-lo, por favor? Quanto mais rápido terminar, melhor.

Tomei um gole do vinho. Apoiei meus cotovelos na mesa, segurando minha testa com as mãos. Fechei meus olhos.

Ouvi a sua voz, mais rouca que o habitual:

- Manoela.

Levantei a cabeça e olhei para ele, na tela. Olheiras, barba por fazer, desarrumado, já o tinha visto assim antes e podia imaginar o que estava acontecendo.

Ex-princesa da máfia (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora