Letizia
Na época em que planejei o golpe contra o Don, eu não contava com o desequilíbrio emocional de Domenico, caso Manoela escolhesse o outro lado.
O que acabou acontecendo.
Uma falha de minha parte.
E agora meu irmão vivia transtornado. Bebida, noites em claro, acessos de raiva. E por último, ordenou que as contas de Angelo e Giuliano fossem desbloqueadas. A única coisa que poderia trazê-los de volta.
Quis falar com ela antes de Domenico, em particular. A situação estava fora de controle e já estava duvidando da capacidade dele para assumir o comando da organização na Itália.
Além disso, tinha contratado os melhores hackers para que nos ajudassem a rastreá-la.
Com sorte, colocaríamos um ponto final nessa história.
Manoela
Pedi para fecharem as janelas e cortinas do escritório, para que não pudesse haver nenhum indício de onde eu estava.
Janice já estava à postos, com todos os aparelhos conectados, utilizando nosso software para evitar que a conexão fosse rastreada.
Livia e Igor sentaram-se ao meu lado . Eu vestia uma roupa de verão, um vestido de alças, preto, longo. Nas mãos, meus anéis de diamantes tomaram o lugar das alianças. Brincos, pouca maquiagem, o suficiente para disfarçar os sinais da noite mal dormida. O aquecedor foi ajustado para vinte e cinco graus, assim também encobriria as pistas da minha localização.
Lá fora, a neve cobria as calçadas.
Igor me trouxe um copo com água e uma taça de vinho:
- Manu, está tudo bem?
Passei as mãos pelo meu rosto:
- Está. Quero acabar logo com isso. As contas foram liberadas?
Livia respondeu:
- Sim, os advogados já estão preparando tudo para a transferência do dinheiro para o banco suíço.
Respirei aliviada.
Janice olhou para mim:
- Letizia enviou mensagem, gostaria de conversar com você antes de Domenico.
- Pode abrir a reunião, se estiver tudo certo com o bloqueador. Tenho certeza que ela vai tentar invadir nossos sistemas.
A transmissão começou e vi Letizia, sentada em uma poltrona:
- Manoela. Quanto tempo.
Olhei para ela, sem nenhuma reação:
- Letizia.
Parecia cansada, envelhecida.
- Meu irmão não é o mesmo desde que você partiu. Se tiver algum tipo de sentimento por ele, por menor que seja...
Interrompi:
- Não pretendo magoá-lo. Agora pode chamá-lo, por favor? Quanto mais rápido terminar, melhor.
Tomei um gole do vinho. Apoiei meus cotovelos na mesa, segurando minha testa com as mãos. Fechei meus olhos.
Ouvi a sua voz, mais rouca que o habitual:
- Manoela.
Levantei a cabeça e olhei para ele, na tela. Olheiras, barba por fazer, desarrumado, já o tinha visto assim antes e podia imaginar o que estava acontecendo.
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Ex-princesa da máfia (livro 1)
General Fiction- Como você sabe é a minha única herdeira. Eu tenho que passar nossos negócios para alguém. - E o que eu tenho a ver com isso? Eu não sou mais considerada sua filha, lembra? Pelas regras da máfia. - Falamos com il consiglio. Eu posso passar para de...