Capítulo 26 - Em queda livre

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Manoela

Estava no banheiro, me preparando para colocar o rastreador no meu tornozelo direito, quando recebi a ligação de Giuliano:

- Oi Giu.

- Manu, pode falar?

- Sim, que foi?

- Está sabendo que Letizia fez uma contraproposta para meu pai?

- Ainda não.

- Contrato de união. Comigo. Fico trabalhando para ela por seis meses para gerenciar a venda de armas na Itália e quando eu assumir como Don, nos separamos e ela me passará o negócio em definitivo.

Sua voz era de alguém decepcionado.

- Letizia fez o que achou melhor para a organização dela. Não pense que ela está feliz com isso. Xingou o seu pai, várias vezes.

Ele riu:

- Ele aceitou porque não vamos ter que dar nada em troca, mas ficou aborrecido. Acho que estava interessado nela.

- Estava interessado nela e no poder que ela tem. Ela é esperta. Ganhou tempo.

- Que ela é inteligente, já percebi. E perigosa.

- Tizia é uma boa pessoa, mas dedicada à organização. Aquilo é a vida dela. Foi criada para isso.

- Vamos ser parentes.

Sorri:

- Quando é a cerimônia?

- Em um mês. Vou ficar por aqui até lá. Depois volto, ela já deixou claro que não me quer por perto.

- Giu, tente entendê-la. Eu tenho certeza que você vai conseguir conquistar a confiança dela – só então percebi que Domenico estava encostado na porta – preciso desligar, nos falamos mais tarde. Um beijo, meu querido – desliguei.

Me virei para ele, que olhou para mim, sério, repetindo minhas palavras, irônico:

- "Um beijo, meu querido". Quando você ia me contar que Giuliano é o filho do Don?

- Quando fosse permitido.

Passei o algodão com álcool no meu tornozelo, olhando para ver se estava na localização certa.

Ele continuou:

- Tizia está muito aborrecida e acredito que não vá cumprir a segunda parte do acordo.

- Se ela fizer isso, vai começar uma guerra. Precisamos ajudar Giuliano, não quero ver meu amigo prejudicado nessa história.

Estava sentada ao lado da banheira, com meu pé direito encostado na beirada. Retirei a seringa do pacote, posicionei a agulha na minha pele. Injetei. Fechei meus olhos ao sentir a picada. Uma gota de sangue escorreu do local. Enxuguei e coloquei um curativo.

- Está tudo bem? Ele perguntou.

- Sim, amanhã não vai ter nem marca. Voltando ao assunto, fale com ela. Giu é uma ótima pessoa, nem parece estar envolvido com a máfia. Aliás, ele sempre se manteve distante. E poucas pessoas sabiam que ele era o herdeiro, por uma questão de segurança.

Coloquei o pé no chão frio, senti uma pequena fisgada no local. Fiz uma cara de dor. Domenico se aproximou:

- Colocou esse negócio direito?

- Eu já fiz isso antes.

Ele pegou o meu pé para olhar. Passou a mão perto do curativo. Me pegou no colo, comecei a rir:

- Um pouco exagerado da sua parte – beijei seu rosto – vou para o escritório.

- Vamos almoçar primeiro – começou a descer as escadas.

Ex-princesa da máfia (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora