Capítulo 29 - A cerimônia

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Letizia

A cerimônia seria rápida e a festa estava preparada no ginásio. Fiz questão de montar uma boate com muita bebida e diversão, contratei algumas garotas para animar os convidados.  Afinal, os principais chefes russos e italianos estariam presentes e precisava agradar a todos.

Estava feliz, por estar cada vez mais próxima de cumprir a promessa feita ao meu pai: o comando das duas organizações. Agora era só uma questão de tempo.

Olhei no espelho uma última vez.

Meu vestido era off-white, com mangas bufantes, fenda generosa na frente, moderno. Foi um ótimo presente e Manoela tinha muito bom gosto. Cabelo escovado, sapatos de salto. Pronta.

Desci as escadas, e fui para a sala, onde somente os chefes e seus subordinados diretos estavam presentes. Giuliano já me aguardava ao lado do padre e de Angelo. Sorriu para mim. Era um homem bonito, sem dúvida.

Fizemos nossos votos, assinamos o contrato. Levantei meu copo com vodka, fazendo o brinde e sorrindo para meu irmão, seguida por todos. Bebi de uma vez só:

- Vamos nos divertir, senhores!

Manoela

Uma boate. Letizia havia se superado. Me movimentava na cadeira de um lado para o outro de acordo com a música, enquanto observava as luzes, os convidados dançando, garçonetes com roupas curtas e justas, dançarinas no balcão e um grande bar iluminado, onde se via os mais diversos tipos de garrafas e bebidas.

Aguardava Livia e Katerina.

Letizia e Giuliano estavam sentados em uma mesa com as pessoas que participaram da cerimônia, inclusive Domenico.

Estava um pouco incomodada com minha roupa, embora o corte fosse impecável. Meu vestido era cor-de-rosa, bem justo, deixava meus ombros à mostra, rodeados por babados, que pareciam um tanto exagerados.

- Gostaria de dançar?

Olhei para cima, surpresa. Um homem alto, forte, com cabelos escuros e olhos azuis estava com a mão estendida para mim. Estava muito bem vestido, com um terno azul marinho, feito sob medida, provavelmente. Tinha um sotaque acentuado. E um perfume amadeirado.

- Sou a esposa de Domenico, talvez não seja adequado.

- Eu sei. Somos colegas, não se preocupe. Você já está há bastante tempo dançando na cadeira.

Resolvi aceitar e fomos para a pista. Comecei a me movimentar perto dele:

- Qual é o seu nome?

Ele chegou mais perto:

- Nikolai.

- Me chamo...

- Manoela – ele completou – na verdade queria conversar com você.

- Não deveria estar na mesa com os noivos?

- Sim, mas consegui fugir – sorriu.

- Esperto.

Segurou de leve a minha cintura e eu coloquei minhas mãos nos seus ombros, tomando uma distância segura:

- Sei que é a proprietária das empresas Smith. Gostaria de contratar os serviços de segurança e rastreamento.

- Para você?

- Sim, eu sou chefe de algumas células da organização. Sou um Pakhan.

- Ah, já ouvi falar nesse nome. Claro, posso ajudá-lo. Pode passar seu contato? Vou pedir para minha assistente fazer um encaixe na minha agenda.

Ele colocou a mão no bolso interno do paletó e tirou um cartão:

- Aqui. Dinheiro não é problema. Faça seu preço.

Olhei para o nome no cartão: Nikolai Alexey. Sorri:

- Talvez eu nem precise do seu dinheiro, Sr. Alexey.

- Nick. Me chame de Nick.

- Certo, Nick. Falamos em breve.

Tentei me afastar, sem sucesso, pois ele continuava me segurando:

- Mais uma música. Não é sempre que posso ter a companhia de uma mulher bonita e elegante como você.

Subiu as mãos para minhas costas. Mantive minhas mãos nos seus ombros, fazendo com que meus cotovelos impedissem uma aproximação maior, torcendo para que Nico não nos visse.

Domenico

Consegui me livrar da mesa principal e fui até a nossa mesa. Livia e Katerina estavam sentadas. Perguntei sobre Manoela. Não sabiam responder. 

Andei até o bar, quando a vi dançando com Nikolai. Ele estava com as mãos nas costas dela. Respirei fundo, para me controlar. Eu não ia estragar o casamento da minha irmã, embora tivesse vontade de socar a cara dele com força. Me dirigi até eles, que nem perceberam minha aproximação:

- Nikolai, gostaria de falar com minha esposa.

O desgraçado olhou para mim, calmamente:

- Nico. Estávamos falando sobre você, não é?

Manoela se afastou dele:

- Vou com meu marido, Nikolai. Com licença.

Saímos juntos. Ela estava com um cartão na mão. Ao chegar na mesa, entregou para Livia:

- Temos um novo cliente. Por favor, faça um encaixe o mais rápido possível.

Olhei para ela:

- Ele quer fazer negócio com você?

- Sim, me procurou para isso.

- E é tão importante para que você encaixe...

Não me deixou terminar. Fechou minha boca com um beijo demorado, a puxei para mim, segurando seus cabelos. 

Senti suas mãos no meu rosto, quando se afastou:

- Agora todos viram que eu sou sua mulher, está contente?

Katerina e Livia começaram a rir, e foram para a pista.

Sentamos um ao lado do outro. Passei meu braço pelos seus ombros, trazendo-a para perto:

- Ele estava com as mãos em você.

Ela respirou fundo:

- Estávamos dançando. Precisava ficar perto para ouvir o que queria dizer.

Beijei seu rosto:

- Eu me segurei para não bater nele.

- Nico, ele é um Pakhan. Veja quantas mulheres lindas estão nessa festa, que se jogariam aos pés dele. Nikolai pode ter quem ele quiser.

Cheirei seu pescoço:

- Menos você.

Ela encostou no meu ombro:

- Sim, menos eu.

E pela primeira vez senti medo. Por tudo o que ia acontecer, em breve.

Não conseguia imaginar minha vida sem ela.

Ex-princesa da máfia (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora