Mais um para a jogada

106 28 67
                                    

S/n

Breno demorou mais do que eu esperava, então vesti uma roupa e decidi ir fazer um passeio.

Assim que abro a porta, lá está ele, prestes a abri-la também.

- Finalmente, meu amor. - Tento dar-lhe um selinho, porém ele passa por mim e entra dentro de casa.

Acabo estranhando o seu comportamento, então fecho a porta e vou até ele.

- O que aconteceu, Breno? - Sento no sofá, ao seu lado.

Sinto uma aura de preocupação nele, mas os seus olhos só demonstram raiva.

- Para onde você ia? - Ele apoia os cotovelos em seu joelho e me olha de lado.

- Dar um passeio. - Respondo, confusa. - É Paris, ainda tem tanta coisa que eu...

- Você não vai sair. - Ele me interrompe. - Não até eu dizer que pode. - Ele começa a encarar o chão.

- Quê? - É a única coisa que consigo dizer no momento.

Fecho o punho e o aperto com todas as minhas forças, tentando conter minha raiva, mas suas palavras se repetem em minha mente e a raiva só multiplica.

- Quando decidimos ficar juntos, eu te disse que...

- Eu sei, porra! Você veio com todo aquele papo feminista de que não posso lhe dar ordens, mas isso foi a quatro anos atrás. - Ele se aproxima de mim e segura meu queixo, com bastante força, fazendo-me encarar ele. - Agora você vai para o seu quarto, vai tirar esse top de vadia e vai dormir, tá legal?

Tento tirar sua mão de mim, mas ele tem mais força que eu.

- A partir de agora, você só vai sair comigo. - Ele me solta e sussurra algo para si mesmo.

Não consegui ouvir direito, mas ele mencionava um cara.

Eu não tenho ideia do que aconteceu. Ele saiu para comprar comida e, além de voltar de mãos vazias, ele volta agindo como um louco.

Sinto vontade de questioná-lo, mas sei que ele só agiria como um idiota machista. Então o estudo.

Ele pisca os olhos constantemente, seu cabelo está bagunçado, como se ele tivesse mexido bastante nele. Seu punho está roxo, o que significa que ele andou socando algumas paredes.

Aposto que ele está com raiva. Tanto quanto eu.

Só que a diferença entre nós dois é que ele surta. E eu, faço idiotices.

Ele não olha para mim. Continua delirando em seu mundo. Nem parece que estou ali. Então seguro seu rosto, tento buscar em seus olhos algo que me faça mudar de ideia. Ele me olha como se eu estivesse fazendo a coisa mais absurda do mundo. Como se o meu toque fosse a última coisa que ele quisesse sentir.

E o que vem depois é o que me faz tomar uma decisão.

Ele me empurra.

- Te mandei ir para o quarto, S/n. - Ele não grita, mas seu tom mostra a sua irritação.

Vejo que ele tem medo de me encarar, sabe que está passando dos limites. De novo.

E então eu vou até meu quarto.

Tiro meu top de vadia. E ponho um vestido de vadia.

O mais curto que tenho. Preto e com decote, valorizando as curvas que ele não valoriza. Deixando em destaque os seios que ele não toca mais.

Mas tenho certeza que alguém estará disposto a fazer o que, há meses, ele não faz.

Essa viagem era para melhorar nosso relacionamento, desde que ele ficou desempregado, está sempre nervoso. Irritado. Sem tempo para nós dois.

Durante o dia, ele me trata como se eu fosse única para ele, mas com o chegar da noite, ele fica frio e distante.

Desço as escadas e, ao ouvir meus passos, ele olha para mim. Levanta-se, totalmente desesperado, ao ver-me vestida dessa forma.

- Para onde acha que vai? - Ele segura meu braço.

- Dormir, meu amor. - Faço ele me soltar. - Só que não vai ser em casa.

Dirijo-me até a porta e, antes que possa abri-la, ele põe seus braços ao redor de mim, prendendo-me contra a parede.

- O que foi, amorzinho? - Fico de frente para ele, vendo a raiva consumir seus lindos olhos verdes.

- Não me provoca, garota.

- Acho melhor se afastar antes que eu chame os seguranças do hotel. - Mostro para ele, pelo meu celular, a câmera do nosso corredor.

Antes de descer, eu sabia que ele faria esse tipo de coisa, então acionei a emergência do hotel e pedi para que posicionassem dois seguranças na porta do meu AP. E lá estavam eles, apenas esperando ouvir minha voz para invadir.

Ele reveza seu olhar entre a tela do meu celular e a porta. Ele sabe que não conseguirá bater de frente com dois homens treinados.

Ela parece pensar por um tempo e então, se afasta de mim.

- Ao menos me diz onde vai. - Seu tom, seus olhos, sua aura, tudo mudou.

Ele agora parece um cachorro arrependido. Que sabe que fez algo errado e que vai ser punido por sua dona.

- Não me espere voltar, ok? - Lhe dou um beijinho na bochecha.

Saio de casa e pago aos seguranças metade do que prometi.

Enfim, serviço especial.

- Recebem o resto quando eu voltar para casa. - Eles concordam silenciosamente. - Não deixem ele sair, ok?

Eles concordam novamente.

...

Ando sem rumo pelos piores lados de Paris. Nos filmes, é por aqui que se encontra as melhores baladas ocultas. Era isso o que eu procurava.

Acabo entrando numa rua sem saída, vejo um homem ao fim dela. Ele está sentado no chão, muita fumaça o rodeia.

Decido me aproximar. Não sinto ameaça alguma vindo dele.

- Posso dar uma baforada? - Sento ao seu lado.

Só agora que cheguei perto dele, consigo ver a tatuagem na lateral da sua cabeça. Seu cabelo louro jogado para o lado e os traços rígidos de seu rosto.

Ele olha para mim e encara, descaradamente, a minha boca.

Ele exala pura tensão sexual. Como se nada podesse impedi-lo de fazer algo.

Finalmente olhando em meus olhos, ele leva o cigarro entre seus dedos até a minha boca.

- Problemas em casa, pequena? - Sua voz é grave e ele fala de forma tão calma.

Aposto que já está chapado.

- Não pretendo voltar para lá esta noite. - Tomo o cigarro dele. - E algo me diz que você é capaz de me entreter.

- Sou capaz do que você quiser, pequena...

Sinto que ele está flertando comigo.

...

BADBOY?Onde histórias criam vida. Descubra agora