Um milhão e meio

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Mitsuya

- Como assim ela tá com o puto do Kisaki, Mitsuya? - Draken berra através da ligação.

- Cara, eu não tenho culp-

- Não tem culpa? Claro que tem culpa, seu otário. Nós dois temos. - Escuto ele suspirar. - É o nosso passado, Mitsuya.

- Eu vou resolver isso.

- Me diz onde você tá.

- Estamos indo para o Japão.

- Ok. Talvez eu me atrase um pouco.

Ele desliga o telefonema. Ponho o celular no bolso e afundo-me na cadeira do avião.

- Então o Draken também tem uma quedinha pela garota? - A irritante voz do Kisaki ecoa por todo canto.

- Não estamos aqui para conversar.

- Você deveria tomar cuidado... - Vejo sua cabeça aparecer acima da cadeira a minha frente. - Eu escolheria o Draken.

- Cala a boca.

- Sabe, aquela tatuagem dele é super atraente. Seu jeito protetor, responsável e cuidadoso, é só um disfarce. No fundo, ele é um ótimo atacante. Nenhuma garota consegue resistir... De duas, uma: ou eles já transaram ou eles já transaram. - ele solta uma risada.

Sei que isso não deveria me atingir tanto. Mas atingiu.

Levanto-me um pouco da cadeira e, com sua cabeça apoiada nas costas da cadeira, pressiono seu pescoço contra aquele material.

- Vê se cala a a boquinha, seu otário.

Vejo seu rosto transformar-se em um tomate, conforme ele fica sem ar. Mas não sou mais esse tipo de cara, então apenas o solto.

- Você continua sendo um fracote.

Reencosto-me na cadeira.

- Já transou com ela, Mitsuya?

Sinto uma vontade imensa de socar a cara dele, então apenas ponho o fone no ouvido e o ignoro.

...

Ele me leva para um terreno abandonado. Não sei se vou encontrar o Mikey ou se encontrarei alguns tarados aqui.

Minha dúvida é dispersada quando vejo os cabelos loiros de um carinha de, mais ou menos 1,60, voarem conforme o vento.

Faz tempo desde que o vi pela última vez.

Ele está acabado. As olheiras são o maior destaque em seu rosto. Seu cabelo está descuidado e seu olhar parece cansado.

Paro de frente para ele. Kisaki desamarra as minhas mãos. Depois que quase enforquei ele, o quatro-olhos decidiu que era o melhor para nós dois.

Esfrego os pulsos, que ficaram marcados com a corda.

Mikey não olha nos meus olhos quando diz:

- Eu vou ser direto, Mitsuya.

- Por favor. - Eu engulo em seco.

- Preciso de dinheiro.

- Precisa de dinheiro? - Pergunto, incrédulo.

- Não fui claro? - Ele diz, ríspido.

- E por isso sequestrou minha garota e ameaçou a mãe dela? Que tipo de merdinha você se tornou, Mikey?

- Você me viu fazer isso?

Esfrego o rosto, sorrindo. Ele não pode estar falando sério.

Respiro fundo.

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