BADBOY?

Agiota

S/n

É o fim do expediente.

Está chovendo.

Tiro o meu sobretudo e o ponho acima da minha cabeça numa tentativa ridícula de me proteger da chuva.

E falhei mizeravelmente.

Me afasto do bar uns 7 pés e então ouço passos rápidos em minha direção. Logo em seguida nem mais um pingo de chuva cai sobre minha pele.

Ergo meu olhar e vejo a imagem de um moreno alto. Ele me irrita. E não entendo o porquê.

- Não está deixando sua moto, novato?  - Tento esconder a irritação que sua presença me traz.

- Se te levar até em casa vai fazer você me falar seu nome, garota do bar, então posso voltar para buscar depois.

Desde o momento que ele chegou no bar, por algum motivo do além, está forçando amizade comigo.

Acho que minha cara de bunda não foi suficiente para mantê-lo longe.

- Por que está tão interessado? - Paro de andar e ele faz o mesmo.

Ele põe a mão livre no bolso e abaixa a cabeça para me olhar.

- Não é como se eu estivesse pedindo seu cpf, gata. - Ele sorri e inclina-se um pouco para frente.

Existe sarcasmo no seu tom.

Semi-cerro os olhos, ainda o encarando.

"Gata"?

- Então vou miar para ver se você entende. - Tomo o guarda-chuva de sua mão. - Para de forçar a barra, tá legal?

Dou passos largos para longe dele antes que tenha a oportunidade de me dar uma resposta.

Me sinto um pouco arrependida por o deixar na chuva. Talvez ele só esteja tentando ser legal.

Mas não quero que ele seja legal comigo.

...

Estou prestes a me deitar quando escuto algo bater contra a minha janela.

E então ignoro.

Mas logo se torna contínuo então decido verificar e...

Não pode ser possível.

Como ele descobriu meu endereço?

Rolo os olhos e mostro para ele o meu dedo do meio.

Me jogo na cama e tento esquecer que ele está lá fora.

Fala sério.

Por que diabos ele está aqui?

Certeza que quer se aproximar de mim para chegar na Cheine.

Abraço minha almofada, fecho os olhos e tento dormir.

Não ouço mais nenhum barulho, então suponho que ele tenha ido embora.

Portanto, ele estava de moto e não me lembro de ouvi-la ser ligada novamente.

Me levanto só para conferir. Droga de curiosidade. Puxo o cantinho da cortina para olhar. Ele ainda está lá embaixo.

Ok, novato, você venceu.

Desço as escadas sem fazer barulho, se a Cheine o visse, poderia entender tudo errado. Se Carla e Josh o visse, encheriam meu saco eternamente.

- Mas que porra está fazendo aqui? - Indago, fechando a porta e caminhando até ele.

Paro a poucos pés dele. Ele está sentado na moto e me encarando com aquele sorriso cínico.

- Então além de ladra e mal educada, você também tem a boca suja?

- Estava jogando pedras na minha janela?

- Não se responde uma pergunta com outra.

Cruzo os braços.

- Então responda a minha.

Ele me olha em silêncio por um tempo e então solta algumas pedrinhas que estava em sua mão.

- O que quer?

- Meu guarda-chuva. - Ele levanta da moto e caminha em minha direção.

Automaticamente recuo.

- Vou ir buscar.

Viro de costas e caminho mais rápido do que achei que fosse caminhar.

Ele realmente veio aqui para isso?

O que ele é? Um agiota?

Acendo a luz da sala para ver onde o deixei. Pego seu guarda-chuva idiota e vou entregá-lo.

- Só isso?

Ele tenta se aproximar novamente.

Não recuo desta vez.

- Ainda não me disse o seu nome.

Ele segura meu queixo, erguendo meu rosto. Meu corpo inteiro estremece.

- Talvez quando me der 50 dólares. - Ironizo tentando disfarçar o efeito causado pelo seu toque.

- Bom. Então vou te dizer o meu.

- Não estou interessada. Não é porque trabalhamos juntos que temos que ser amigos e...

- Não acredito.

Meu corpo estremece novamente ao ouvir sua voz.

Era Cheine.

O empurro rapidamente. Ele estava perto demais.

- Mitsuya Takashi, não é? - Ela vai em sua direção toda animada e passa por mim como se eu não estivesse ali.

Ele me olha de canto e então responde:

- Sim. Desculpe... - Ele coça a nuca. - Eu te conheço?

- Não, mas pode me conhecer. - Ela se aproxima dele.

Fico vendo aquela cena de perto e... Isso é patético.

- Vou dar uma festa amanhã. Não quer vir?

Desde quando ela decidiu isso?

Ele me olha sobre o ombro dela.

- Você vem?

- Sem chances. - Cheine responde por mim. - Ela não participa desse tipo de coisa.

Ele para um pouco para pensar.

- De que horas?

...