Verdades que doem

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S/n

- Cara, não acredito que realmente dá para abrir uma porta com uma presília de cabelo. - Falo surpresa enquanto entro na sala.

- Eu seria um ótimo ladrão, não é?

- Você tem que me ensinar isso. - Sento na mesa do diretor. - Também não acredito que estamos na sala da maior autoridade da escola, de roupas íntimas.

- E eu não acredito que você lambeu a minha cara. - Me provoca.

Ele põe a língua para fora e lambe o ar igual um idiota.

Eu rio dele, mas me sinto constrangida ao lembrar daquilo. A fim de suprir minha frustração, pego qualquer coisa na mesa do diretor e taco nele.

E então percebo que era um carimbo de madeira.

A parte atingida, um pouco a baixo do seu olho, fica roxa imediatamente. Tipo, instantâneo.

- Isso vai ficar feio por um boooom tempo. - Rio ainda mais.

Não sei se eu deveria rir. Mas não consigo parar.

O vejo massageando a área, mostrando que doeu.

Em seguida me olha, super sério.

Parei de rir quando percebi que realmente o machuquei. Tento me aproximar para ajudá-lo, mas suas palavras poem um escudo entre nós.

- Você rir ao invés de pedir desculpas? - Ele não parece zangado, só quer me cobrar o mínimo.

- Sim. - Dou de ombros.

E assim como o roxo no seu rosto, me arrependo instantaneamente.

Ele me olha da cabeça aos pés.

- Você sempre foi sem noção desse jeito ou veio de presente junto com seu egoísmo? - As palavras saem de sua boca como o maior insulto do mundo.

E realmente me sinto ofendida. Então, tento defender-me.

Encurto a distância entre nós, ficando cara a cara com ele.

- Você sempre foi intrometido ou aprendeu depois que transou com a puta da Cheine?

Ele me encara. Não consigo decifrar o seu olhar.

- Você tem problemas ou o quê? Continua insistindo nisso, mesmo sabendo a verdade?

- E o que queria? Que eu simplemente esquecesse que você encheu minha cama com sua porra?

- Queria que me perdoasse. Por isso estou aqui, sua louca. - Ele semi cerra os olhos e me olha como se eu fosse um saco de lixo sujo.

- Olha aqui, você não pode me olhar desse jeito e me insultar assim, ok? Você não merece desculpas.

- E porquê não? Você é superior demais pra isso?

- Não fala como se soubesse de cada detalhe da minha personalidade, seu idiota.

Ele para um pouco. Respira fundo. Cruza os braços e olha para mim. Olha nos meus olhos.

- Por que veio hoje? - Sua pergunta tenta apaziguar a briga.

E eu nem sei porque estamos brigando.

Penso em menti, falar o que ele deseja ouvir, mas ele parece querer a verdade.

- Queria ver se o Breno iria se divertir sem mim. - Minha voz se acalma. - Mas eu não podia entrar sem um par, então...

- Me usou. - Ele abaixa a cabeça. - É sempre sobre você...

Não respondo nada.

Não sei se ele está zangado. Ele está quieto. Seu peito se movimenta numa respiração forçada. Suas mãos estão na sua cintura e então, ele ergue a cabeça.

- Ok. - Ele inclina a cabeça para trás e esfrega as mãos no rosto. - Machucar alguém e rir não te faz melhor que ninguém, S/n. Pelo contrário, isso mostra o nível deplorável da sua mente. E você se acha superior a sua família? - Ele rir. - Vou te dizer uma coisa: você não é. Você é ainda pior, porque eles são uns bostas, mas você é confusa, egoísta e infantil pra caralho.

Eu respiro fundo e processo tudo que ouvi nos últimos segundos.

Ele arfa como se isso estivesse o atormentando por um tempo e ele precisasse falar ou enlouqueceria.

Eu não tinha mais nada para rebater. Desde o começo, ele não tem me feito nada. Não diretamente.

Não posso falar algo para machucar ele. Então tento ajuda-lo com seu machucado.

- Vou ver se tem gelo no frigobar. - Viro de costas e vou até a pequena frezer do diretor.

Nada além de vinho. Então pego uma garrafa.

- Não tem gelo. - Sorrio forçadamente e abro a garrafa com os dentes.

Em seguida a ponho na boca e deixo o vinho correr pela minha garganta. Engolindo tudo o que eu queria dizer, mas ele não merece ouvir. Mas eu merecia ouvir aquilo.

Sento-me no chão, em posição fetal.

- Quer saber de uma verdade que dói? - Olho para ele, que ainda está em pé, no mesmo lugar. - Você tem razão.

...


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