Nojento

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S/n

Acho que julguei correto as suas intenções.

Só não acredito que tiveram a ousadia de transar na minha cama.

Vou até o banheiro. Encho um balde com água. Volto para meu quarto e despejo tudo por cima deles.

- Mas que merda! - Cheine reclama levantando-se e puxando o lençol para cubrir-se.

O que acaba deixando o sr. Interesse mais exposto do que eu gostaria de ver.

- Põe uma roupa, garotão. - Jogo as roupas dele que estavam no chão.

Cheine sai rapidamente do quarto, deixando-nos sozinhos.

Ele se senta na cama, como se ainda estivesse processando as coisas. Não só o fato de ter sido acordado com um balde de água. Parece processar literalmente tudo.

- Acho que sua irmã me drogou. - Ele diz, pondo a cueca.

- Ok. Agora, sai do meu quarto. - O empurro até a porta.

Isso até me traz um déjà vu.

Ela realmente conseguiu o que queria.

- Espera. - Ele para antes de ser expulso. - Estou falando sério. Você tem que me ajudar a descobrir se ela...

- Eu tenho mesmo que te ajudar? - Sorrio ironicamente. - Está falando sério? Transa com minha irmã, no meu quarto e ainda quer que eu banque o Sherlock Holmes!?

- Eu entendo que esteja magoada.

- Mas eu não estou. Tudo que sinto nesse momento é nojo. - O empurro, finalmente tirando-o do meu quarto. - Você é nojento.

E então, fecho a porta.

Tiro os lençóis da cama. Os ponho dentro de uma cesta e invado o quarto de Cheine, os jogando sobre sua cama.

- O que é isso? - Ela pergunta.

- Os lençois com seu orgasmo. - Sorrio para ela. - Aposto que você vai fazer o favor de lavá-los.

- Não vou mesmo.

Caminho até ela.

- Ah, você vai sim. - Seguro os cabelos, até agora, presos em sua nuca. - Não ache que só porque fomos criadas na mesma casa que não tenho coragem de arrancar cada fio do seu cabelo, sua vadia egoísta. - Respiro fundo, então a solto. - Então aposto que vai me fazer esse favor.

- Mamãe vai saber disso. - Ela choraminga.

- E você continuará careca.

Saio de seu quarto e bato a porta.

Sempre aceitei calada as suas festas patéticas, mas ela não tinha permissão de entrar no meu território.

Esse era o acordo.

Ela não tocaria em meu quarto durante as festas e eu faria vista grossa para as atividades extracurriculares de seus pais.

E ela acabou de quebrá-lo. Acho que não tenho mais motivos para continuar com isso.

Forro lençóis novos na minha cama. Vou até o banheiro e tomo um banho.

Hoje é o primeiro dia de aula, então visto roupas que condiz com o ambiente.

Quando termino, desço para comer algo.

Carla e Josh estão arrumando a bagunça da festa.

- Dormiu na casa daquele seu amigo de novo? - Pergunta Carla.

- Você se importa?

- Não nos avisou, S/n. - Adverte Josh.

- Quer que eu repita a pergunta? - Abro a geladeira, mas não vejo nada além de bebidas. - Onde colocaram a comida?

- No armário. - Josh responde.

Abro o armário e pego alguns ingredientes para um sanduíche.

- O que Josh quis dizer é que precisa ser mais responsável. Somos os seus guardiãos.

Ela não pode está falando sério.

- Sua filha descumpriu nossa parte do acordo. Tenho certeza que sabe do que estou falando. - Mordo um pedaço do meu pão. - A partir de hoje, não quero mais festas nessa casa.

- Eu sou dono desta casa, S/n. - Josh aumenta seu tom de voz.

- E tem um ótimo trabalho. Será que ainda o teria se tivesse uma ficha criminal?

Ambos engolem seco. Suas expressões são de alguém que viu um fantasma. Estão pálidos.

- Do que está falando, querida? - Carla muda seu tom de voz e se aproxima de mim.

- Da maconha e cocaína que escondem embaixo do colchão, aliás, péssimo esconderijo. - Bebo um pouco de água.

- Não estamos te entendendo, S/n. - Ela pousa sua mão sobre meu ombro.

- A polícia adoraria saber que vendem drogas a adolescentes nessas festas. - Tiro sua mão de mim. - E eu tenho provas. - Sussurro em seu ouvido.

Imediatamente ouço uma buzina do lado de fora.

É o Breno.

Ele é meu melhor amigo. Sempre me dá abrigo quando preciso fugir da minha quase família. E me dá carona para o colégio. Todos os dias.

Saio de casa e entro em seu carro.

- Quais são as novidades pós-festas? - Ele pergunta.

- Cheine transou com aquele novato irritante que te falei pelo telefone.

- E qual é a novidade? Cheine transa com todo mundo. - Ele ri.

E que sorriso.

Acho que sempre tive um crush inconsciente no Breno.

Seus cabelos quase chegam em seus ombros. Aqueles olhos verdes que encolhem quando ele sorrir. Seu jeito despojado e companheiro.

Sua vibe surfista malhado é muito atraente.

É uma pena o fato dele namorar. É o único homem que eu suporto.

- Sim, mas transou na minha cama dessa vez. - Sinto a raiva voltar.

Ele percebe o quanto estou estressada. Ele me conhece. Sabe que quando aperto os punhos cerrados, estou prestes a ter uma crise de raiva.

Tenho alguns picos assim após passar por algo estressante demais. Carla diz que é hereditário.

- Acho melhor passarmos na sorveteria antes de ir para a escola. - Ele liga o carro. - Te compro seu sorvete favorito.

...

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