Banalmente

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S/n

Vi a última pessoa sair de sua loja. Mas ele não voltou como prometeu.

Decido ir embora, então telefono para Ken. Ele me manda a localização de onde está hospedado.

- Obrigada por me deixar dormir aqui. - Digo ao vê-lo abrir a porta para mim.

- Disponha. - Ele fecha a porta. - O quarto é no fim do corredor.

- Só tem um?

- Sim. - Ele se joga no sofá. - Vou dormir aqui.

Sinto-me desconfortável com a situação, mas acho melhor assim. Coloco minha bolsa de viagem no canto do quarto e deito-me na cama.

Me sinto sobrecarregada. Culpada.

Agir como se ele fosse o motivo da minha viagem é perturbador. E, as vezes, como nesta noite, não consigo controlar minhas emoções.

Mas acho que mereço revê-la. Mereço uma explicação. Porém, ele não merece ser enganado.

Viro-me de lado. Encolho as pernas. Agarro seu paletó e acabo pegando no sono.

Na manhã seguinte acordo antes de Ken. Deixo um bilhete agradecendo a hospedagem e saio pelas ruas em busca de um bom hotel. Com um bom preço.

A busca dura horas. Cansada e com fome, decido parar e comer algo. Entro no primeiro restaurante que vejo. Escolho uma mesa e chamo a garçonete.

Ela parece-me familiar. Minhas suspeitas se concretizam com sua primeira frase.

- Nós nos vimos ontem, certo? Na inauguração do Mit? - Ela sorri. Percebo o quanto está se esforçando. - É um prazer. - Ela estende a mão. - Sou Sheila.

A cumprimento.

- Ok, Sheila. - Olho de relance para o cardápio. - Eu vou querer o prato principal da casa. Macarrão ao molho branco com almôndega.

Ela parece desapontada por eu não continuar o seu papo fútil.

Ela anota meu pedido.

- Algo mais?

- Não.

Ela vira-se e entrega meu pedido ao chef através de uma pequena abertura. Então, volta a atender os diversos clientes que não param de chegar.

Cerca de 10 minutos depois, minha refeição chega à mesa. Mas não foi ela quem trouxe.

O que é um alívio. Se ela forçasse mais um sorriso, eu viraria amiga dela por educação, mas não quero virar amiga da namorada dele. Seria demais para mim.

Após terminar a refeição, deixo o dinheiro na mesa e volto a caminhar pelas ruas.

Inconscientemente ou não, acabo parando em frente a sua loja. E já que estou aqui, decido chama-lo para sair.

Seria ótimo para nós dois conversarmos. Na verdade, acho que só é bom para mim.

Depois de quase cinco minutos parada, reunindo toda coragem que tenho, um cliente sai. Me encara como um ser de outro mundo e depois vai embora. Talvez ele ache que sou uma ladra observando o movimento. Ou só uma maníaca.

Respiro fundo e empurro a porta, que bate no sino logo acima e anuncia minha chegada. Me surpreendo ao ver outra pessoa em seu lugar.

Me surpreendo ainda mais por ser essa pessoa.

- Ken? - Me aproximo do balcão onde ele está sentado. - O que faz aqui?

Ele sorri.

- Temos que parar de nos encontrar por coincidência. Já é a terceira vez. Duas vezes nesta loja. - Ele apoia os braços no balcão e se inclina para frente. - Estou começando a achar que é o destino, pequena.

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