O que acha de uma viagem?

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1 ano depois.

S/n

- Você realmente nunca fez sexo oral, filha? - Dona Grace exclama.

- Tá louca, mãe? - Tampo sua boca. - Não sabe falar baixo?

- Ok. - Ela fala após tirar minha mão de sua boca. - Você realmente nunca fez sexo oral, filha? - Ela repete, quase sussurrando.

- Não, dona Grace.

- Nem com o Breno?

- Não, mãe. Por que estamos falando sobre isso mesmo?

- Porque faltam três dias para nove de abril.

- E o que diabos isso tem a ver com o assunto anterior?

- Não sei, S/n, mas já que chegamos aqui... - Ela segura meu pulso, fazendo-me parar de caminhar. - Quando vai comprar a passagem?

- Não vou.

- Não vai? - Ela exclama novamente. - Como assim?

- Me lembre de nunca mais sair com você, por favor.

- S/n, você tem a obrigação de ir.

- Ah, qual é, dona Grace? Aposto que eu sou a única encalhada nisso tudo. - Faço ela me soltar e volto a caminhar.

Minha mãe e eu temos encontros semanais, para podermos conversarmos e pôr em dia a sua vida, que é bem mais interessante que a minha.

Dona Grace está na flor da idade. Vai a baladas apenas para dançar. Está sempre fazendo novas amizades. Recentemente, aceitou uma proposta para ser modelo. Conhece vários caras interessantes, seu celular vive cheio de notificações. Visita um lugar diferente todo mês e é empreendedora. Tem seu próprio salão de beleza.

E ela merece isso.

As vezes eu queria ser mais como ela. Testar os meus limites. Desafiar-me. Mas não tenho força suficiente para sair da minha zona de conforto. Prefiro ir para o trabalho, carimbar papéis, fechar novos acordos, ler no meu tempo livre, encontrar minha mãe uma vez por semana e visitar o Ken no sábado.

E, sim, Ken ainda está na minha vida. Na noite em que beijei Mitsuya, eu estava sentindo um mix de sensações. Ainda não tinha intimidade suficiente com dona Grace, logo, recorri a ele.

Ele foi um ótimo ouvinte. Ele me ajudou com a ansiedade que eu tinha no começo em relação a promessa idiota que fiz ao Mitsuya. Bom, desde então somos grandes amigos.

- Mitsuya é um homem do caralho. - Digo. - Acha mesmo que ele ainda está preso a isso? Eu só vou gastar meu dinheiro, dona Grace.

- Quando que você decidiu isso, sua idiota? - Ela diz, ao me alcançar.

- Quando percebi que isso é idiotice.

- Mas você gosta dele, não gosta?

- Eu não sei. - Olho para ela. - Um ano é muito tempo. Se ainda sinto algo por ele, está adormecido.

- Se você terminou com o Breno naquela noite, por que não desistiu disso e se declarou para ele?

- Nossa, mãe. - Reviro os olhos. - Tiramos esse tempo para nós dois. Para nos resolvermos consigo mesmo. Para nos divertirmos. Coisas desse tipo. E, quando o prazo acabasse, nos encontraríamos e tentaríamos algo. Do zero. - Suspiro. - Ao menos, foi assim que eu interpretei.

- Mas você não fez porra nenhuma nesse tempo, S/n! - Ela diz, incrédula.

- Eu sei, mãe. - Me rendo. - Podemos mudar de assunto?

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