S/n
Ainda naquela rua, queimamos mais uns quatro becks juntos. Em silêncio. Na verdade, as vezes nos entreolhávamos e começávamos a rir.
- Acho que tô chapada. - Digo, rindo.
- Só agora percebeu isso? - Ele responde.
- Cara. - jogo o fim do beck, quando já não dá mais para fumar, no chão. - É a minha primeira vez fumando com um estranho.
- E já tinha fumado antes?
- Não. Primeira vez fumando. E ainda, fumando com um estranho. - Volto a rir. - É a sua primeira vez fumando?
- Com um estranho?
- Com uma estranha.
Ele joga o resto de seu beck no chão também.
- Não. Eu costumo fumar bastante. - Ele responde, tirando mais um do bolso.
- Vai fumar mais? - Pergunto.
- Não, vou te dar de lembrança.
E então eu tomo o beck de sua mão. Acabo levando a sério. Quando se está chapado, você não consegue distinguir realismo de ironia.
Levanto-me e guardo aquela seda enrolada no decote do vestido. Talvez eu tivesse a fim de que ele vinhesse pegar.
- Sabe que eu tenho outro, não é? - Ele levanta-se também.
- Mas aposto que é esse que você quer pegar. - Tento me aproximar dele, porém ele se senta novamente.
Ele apoia a cabeça na parede e põe-se a encarar o céu.
- Não vou tocar em você. - Me olha de relance. - Está chapada.
- Ok. - Me sento ao seu lado. - Não vai me dizer seu nome?
- Vai acabar esquecendo.
- Tatuadinho. - Digo, passando meu dedo indicador por sua tatuagem na têmpora. - Vou te chamar assim então.
Ele gargalha.
Ele ri, no máximo, por uns 30 segundos. Quando finalmente se acalma, ele tira uma caneta do bolso.
- Você está se ouvindo? - Ele põe a caneta atrás da minha orelha. - Se por acaso lembrar disso, vai sentir muita vergonha.
Tiro a caneta da orelha e a observo, confusa.
- O que é isso?
- Uma caneta.
- Eu sei.
- Por que perguntou então?
- Por que está me dando?
- Tem meu número ai. - Ele pega a caneta da minha mão e, gentilmente, põe dentro do meu decote.
Ele encara meus seios, por tanto tempo, que cria uma imensa tensão sexual entre nós dois.
Levo minha mão ao seu rosto e passo meu dedão sobre seus lábios, imaginando qual gosto poderia ter.
Ele ergue seu olhar ao meu e põe uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
- Me liga quando estiver sóbria, tá legal? - Ele recua, aumentando a distância entre nós.
- Eu namoro. - Ele não se surpreende. - A quatro anos. - Continuo. - Ainda quer que eu te ligue?
- Então, tem um namorado?
- Sim.
- Se eu divido um beck, posso te dividir também, pequena. - Ele me olha.
E então, eu desvio.
Sinto minhas bochechas queimarem. Meu estômago embrulha. Fazia tempo que eu não sentia algo parecido.
- Ele anda sendo um babaca ultimamente. - Tento desviar o assunto. - Paguei toda a viagem para melhorar isso, mas não parece estar funcionando.
- Mas você o ama, não é?
- Sim.
- Entendi. - Seu dedo indicador paira sobre minha coxa, fazendo círculos e coisas aleatórias.
Meu corpo enrijesse.
- Tem um ficante?
- Não. - Sorrio, incrédula. - Eu tenho um namorado.
- Hum. - Sinto seu olhar sobre mim. - E não quer ter um?
- Não sou de trair.
- Mas você quer, não é? - Ele faz-me olha-lo, puxando meu queixo. - Pensa assim, pequena: um ficante, não é um namorado, são classes diferentes, tudo bem ter um de cada. Seja gananciosa.
Ele ri, ao me ver tão confusa.
Seu telefone toca. Ele olha quem é, mas não atende.
Sua aura muda. Ele levanta-se e estende a mão para me ajudar.
- Sobe aqui. - Ele vira de costas. - Vou te deixar em casa, tá bem?
- Não quero voltar para lá.
- Te deixei chapada. - Ele olha pra mim, ainda de costas. - Você é responsabilidade minha. Não vou simplesmente te largar aqui. Agora sobe.
Mesmo que eu não queira, o obedeço.
...
Guio ele até chegar no hotel. Ele sobe comigo. Me despeço dos seguranças e ele entra em casa comigo.
Breno está sentado no sofá.
- Quem é esse? - Ele se levanta imediatamente, exasperado.
- Calma, garotão. - Ele estende a mão, fazendo o Breno parar onde tá. - Baixa a bola. Cuida da garota, tá legal?
Ele me deita no sofá. Ser carregada por ele diminuiu a adrenalina do meu corpo, com isso, o efeifo de todos aqueles becks voltou a funcionar.
- Você drogou ela?
- Acendemos uns baseados, ok? - Ele respira fundo, impaciente.
- E depois? Você comeu ela?
- Nossa, cara, você é inseguro. - Ele fala, soando quase enojado. - Não toquei nela.
- E quer que eu acredite?
- Vai se foder. - Ele se direciona até a porta e vai embora.
Breno se ajoelha perto do sofá.
- Você está bem? - Ele acaricia meu cabelo.
- Quero ficar sozinha. - Digo, um pouco embolada com as palavras.
- Quem é ele, S/n?
- Não sei.
- Não sabe?
- É, não sei.
- Está mentido, sua vadia! - Pela primeira vez, ele grita.
Eu sabia que não deveria ter voltado.
- É melhor baixar o tom, a não ser que queira se virar sozinho, Breno.
Ele engole em seco.
Ele tem ciência de sua situação. Sabe que não consegue sobreviver sem a minha ajuda.
E então respira fundo e força um sorriso.
- Quer ficar sozinha, não é? - Ele fica de pé. - Me chama se precisar de algo.
Ele some de minha vista e apenas ouço seus passos distantes.
Acabo dormindo no sofá.
...
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BADBOY?
FanfictionJaqueta de couro preta. Sarcasmo. Moreno alto. Cigarro entre os dedos. Tatuagens. Uma bela moto e... Uma mentira? Todas as características de badboy que você já conhece em nosso lindo Mitsuya. Ou não.