12• Dia de Provas

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O fim de semana passou rápido demais. Talvez o meu dia revisando algumas matérias ontem tenha feito ele passar mais depressa ainda. Segundas-feiras já são ruins por si só, mas quando vêm acompanhadas do início da semana de provas bimestrais ficam ainda piores. Sim, porque não é suficiente para o Songdong nos aplicar provas a cada semestre como todos os outros colégios, eles têm que nos testar a cada bimestre só pra mostrar para os pais de alunos riquinhos que a sua fortuna está sendo bem gasta nessa escola. 

Como se isso adiantasse algo. 

Eu peguei minha mochila com pressa, imaginando que meu amigo já estivesse me esperando na calçada muito bravo pelo meu atraso quando meu celular tocou. 

— Juro que chego aí fora em cinco segundos, Yohanie! — falei esbaforida, calçando meus sapatos rapidamente para sair. 

— Não vou pra aula hoje, Ky — ele tossiu depois de falar, sua voz estava rouca. — Tô gripado. 

— Saiu pra correr na chuva de novo, né? — perguntei, já sabendo a resposta. Yohan gosta de sair pra correr em dias chuvosos, diz que é o melhor momento para pôr os pensamentos no lugar. — Já falei pra parar com isso, sempre acaba ficando doente. 

— Eu vou ficar bem, não se preocupe — ele riu fraco. — Não tá atrasada pra aula? Já tá na hora de sair. 

— Vou passar aí pra deixar café da manhã pra você. Consegue descer pra abrir a porta? 

— Meu corpo tá doendo muito — foi minha vez de rir de seu jeito manhoso, parecia até que ele tinha uma doença grave, não uma gripe. — Pode vir pela árvore? 

— Claro que não — respondi como se fosse óbvio. Não faço isso desde que era criança, não sei nem se a passagem de madeira que meu pai construiu ali ainda é forte o suficiente para que eu atravesse da janela do meu quarto para o dele. — Me passa a senha da porta. 

— Por favor, Ky! — choramingou, fungando em seguida. Eu não resisti. 

— Mas saiba que se eu cair e morrer você terá que carregar essa culpa pra sempre! 

Desliguei o celular e fui até a cozinha, colocando arroz e acompanhamentos em alguns potes apressadamente. Coloquei tudo dentro de uma sacola e corri escadas acima novamente, abrindo a janela do meu quarto e observando a janela aberta de Yohan, a três metros de distância. Olhei lá pra baixo, amaldiçoando meu amigo mentalmente por não ter me dado a senha da fechadura eletrônica da porta de uma vez, me forçando a passar por essa "aventura" idiota. 

Minhas pernas tremeram um pouco, mas eu fui em frente e pisei na madeira, me segurando em alguns galhos para me equilibrar. Passei com muita dificuldade pelo caminho, não lembrava que era tão difícil assim, e as madeiras rangendo só pioravam a situação. 

— Aish... — resmunguei, entrando pela janela do garoto. 

— Tudo bem no caminho? — Yohan riu, me vendo tentar me equilibrar. — Parece ter sido difícil. 

Ele estava se divertindo muito vendo o meu sofrimento. 

— Você tá bem engraçadinho pra quem tá doente — limpei minha saia, batendo nela ao mesmo tempo que tentava segurar minha mochila nos ombros e a sacola nas mãos. Eu já podia virar artista de circo depois dessa. 

— Eu tô muito doente, Ky — ele forjou uma tosse, me fazendo olhá-lo semicerrado. 

— Você é muito manhoso! — me aproximei da cama onde ele estava deitado, dando um peteleco em sua testa. 

— Ai! — ele acariciou o lugar do peteleco, se sentando devagar na cama. — Como tem coragem de fazer isso com um enfermo?! 

Ignorei sua pergunta, pegando o termômetro em cima da mesa de cabeceira e enfiando em sua boca. O garoto arregalou os olhos e eu pendi a cabeça para o lado, sorrindo simplista. Aproveitei que ele estava de boca fechada e disse a ele tudo que trouxe na sacola. Tinha esquentado antes de sair, então ele devia comer enquanto ainda estava quente. 

Love Spy • Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora