Alguns dias se passaram e as coisas estavam indo bem na escola e fora dela. Eu arrumei um emprego de meio período numa loja de mangás, logo minha irmãzinha vai nascer e eu sei o quanto isso tem dado gastos a mais para os meus pais. Não quero incomodá-los pedindo dinheiro para coisas bobas - e muitas vezes inúteis - que eu adoro comprar.
Eu tive que ser bastante persuasiva para convencer minha mãe a me deixar trabalhar lá. Ela se preocupa com minha educação e com minhas notas, que são um requisito fundamental para que eu continue tendo a minha bolsa de estudos no Songdong garantida, mas eu prometi a ela que isso não vai me atrapalhar.
Agora os meus dias estão muito mais cheios do que antes, mas eu não me sinto tão cansada quanto pensei que ficaria. Gosto de ocupar a minha mente, e ficar ao redor de todos aqueles livros me deixa feliz, mesmo que eu tenha que organizá-los quando na verdade eu queria estar lendo-os.
— Ky, pode pegar aquela travessa grande de porcelana pra mim? — minha mãe falou, colocando a pequena escada na frente do armário da cozinha.
Eu a olhei da sala, concordando e indo até lá prontamente. Subi os três degraus da escadinha e abri a porta do armário branco, procurando pela travessa que ela havia me pedido.
— Ocasião especial? — encontrei o objeto e o tirei com cuidado para não bater em lugar nenhum. — Nunca usamos essa travessa.
— Aquele amigo do seu pai vai vir jantar aqui hoje com a famí—
— O quê?! — tossi engasgada, me segurando em uma divisória do móvel para retomar o equilíbrio em cima da escada. Minha mãe se assustou com minha quase queda, me ajudando a descer os degraus em seguida.
Por muito pouco eu não ganhei um osso quebrado. E, se isso tivesse acontecido, a culpa seria dele.
Já não me bastava ter que aturar Minho em nosso grupo por falta de opções, eu ainda teria que suportar a cara dele dentro da minha própria casa. Isso só pode ser um castigo.
— Você não sabia? Pensei que seu pai tinha te falado sobre o jantar.
— Se eu soubesse disso já estaria bem longe daqui a essa hora — resmungo para mim mesma, fazendo minha mãe me perguntar se eu disse algo. Apenas nego e subo para o meu quarto.
— Eles chegam às 19h, esteja pronta, ok?! — reviro os olhos emburrada, ignorando o aviso de minha mãe.
Vou batendo os pés fortemente no chão até chegar em meu quarto e fechar a porta. Não acredito que Lee Minho está vindo para a minha casa. Mando uma mensagem no grupo com minhas amigas contando o absurdo da vez e recebo respostas quase que instantaneamente. Yena era a favor que eu pregasse uma peça em Minho, algo que o fizesse nunca mais sequer pensar em aparecer em minha frente. Já a abordagem de Soojin era bem menos agressiva, ela sugeriu que eu tivesse uma "conversa sincera" com o garoto para resolvermos as nossas diferenças, o que não me despertou interesse nenhum.
Bloqueei o celular e peguei minha toalha, indo tomar banho contrariada. O que eu devia fazer era aparecer fedendo nesse jantar como forma de protesto.
Eu me sentia traída pelos meus próprios pais. Enquanto eu vestia minha roupa, tudo que eu podia sentir era uma vontade enorme de fugir dali. Podia ser pra bem longe ou há poucos metros de distância daqui. Atravessar de meu quarto para o quarto de Yohan pela grande árvore que os conecta parecia uma ótima opção agora, mesmo que não fizéssemos mais isso desde os 10 anos de idade.
Olhei as horas no pequeno relógio digital em cima de minha escrivaninha. Droga. Sete da noite. Eu terminava de colocar a minha boina quando escutei a campainha tocar; eles são mesmo bem pontuais. Corri escadas abaixo para receber os convidados na porta, sabia que se não fizesse isso minha mãe me daria uma bronca depois, ela se preocupa muito com bons modos e gentilezas.
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Love Spy • Lee Know
Fiksi PenggemarO baile anual de boas-vindas do Colégio Songdong sempre foi divertido para Kyra e, em seu último ano escolar, não seria diferente. Ainda mais quando o tema da festa era uma de suas coisas preferidas no mundo: Cosplays. Com pais doces em casa e o st...