49• Do Chão ao Céu

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Aquele podia ter sido o dia mais perfeito de todos. Minho estava comigo, ele veio me procurar; o Sol estava se pondo e as cores do céu se misturavam entre laranja e roxo e a brisa do lado de fora da minha casa era gostosa, mas o que era para ser o dia perfeito foi, na verdade, o pior dia da minha vida.

Minho estava sendo espancado por Heeseung em minha frente. Meu desespero era tanto que eu mal conseguia raciocinar direito. Eu chorava a ponto de soluçar enquanto Jisung tentava tirar Heeseung de cima de Minho. 

— Heeseung! Para! — gritei alto, sem me importar que estávamos na rua — Eu vou fazer o que você quiser, só deixa ele em paz. Por favor...

Me juntei a Jisung, tentando afastar Heeseung que continuava batendo sem parar em Minho. Meu suor já estava se juntando com as lágrimas que escorriam pelo meu rosto quando o meu salvador finalmente chegou. 

— Ya! O que é isso?! 

Nunca pensei que ouvir meu pai gritando me faria tão feliz. Ele buzinou com força antes de descer do carro e correr até nós. Imediatamente, Heeseung largou Minho, cambaleando para trás com a chegada do mais velho ali. 

— Ei, garoto! O que pensa que tá fazendo?! — meu pai nunca tinha parecido tão amedrontador, mas foi um alívio vê-lo brigar com Heeseung — Você é um covarde! Não tem vergonha?

Enquanto meu pai dava uma senhora lição de moral em Heeseung, minha preocupação era outra. Me agachei perto de Minho, olhando cada machucado em seu rosto; o chamei, recebendo um gemido baixo em resposta. Jisung correu até nós, me ajudando a levantá-lo. De fundo, escutei meu pai mandar Heeseung ir embora ou ligaria para seus pais imediatamente, o que não pareceu incomodá-lo em nada. O garoto esbravejou contra Minho, que estava apoiado entre meus ombros e os de Jisung:

— Agora você pode esperar, perdedor. Todo mundo vai ficar sabendo do seu segredinho, inclusive seu papai. 

A ameaça fez meu coração balançar, mas nós ainda tínhamos um plano. Se meu pai cumpriu a parte dele, a essa hora, o Sr. Lee já conhece uma boa parte da situação em que seu filho se encontra. Preciso continuar pensando positivo.

— Vai em frente e conta pra todo mundo, babaca — me surpreendi com a resposta de Minho. O outro riu debochado, como se não se importasse nem um pouco com a ameaça. — Eu tô pouco me lixando pra isso, idiota.

Heeseung nos fuzilou com um olhar de ódio; meu pai o mandou ir embora novamente, mas antes de obedecer, ele xingou algo baixo, passando em nossa frente e parando bem próximo aos nossos rostos. 

— Você deu sorte dessa vez. Da próxima, vou deixar sua cara desfigurada. Se bem que você não ia ter problemas com isso, já que se esconde atrás de uma máscara pros outros.

— Some daqui, Heeseung — falei entredentes, enfurecida por ainda estar o vendo ali.

— O que você disse? — desafiou, seu olhar de raiva agora estava focado em mim.

Respirei fundo uma vez. Eu sabia que estava protegida com meu pai ali, então eu finalmente podia fazer o que eu quisesse. Eu enchi meus pulmões para gritar com toda força que tinha.

— Você é surdo?! Some daqui! — a altura da minha voz fez todos arregalarem os olhos, mas eu não me contive e continuei: — Desaparece, seu nojento imbecil! Eu nunca mais quero ver essa sua cara desprezível na minha frente! 

Depois de xingar algo, Heeseung enfim nos deu o alívio de vê-lo indo embora. Meu pai nos levou para dentro dizendo que tínhamos que dar um jeito nos machucados de Minho antes que minha mãe chegasse, ou ela teria um surto ao vê-lo daquela forma. 

No sofá da sala, Minho estava sentado quando voltei com o kit de primeiros socorros nas mãos, me sentei na mesa de centro, ficando em sua frente. Ele não deixava transparecer que estava com dor, apesar de todos os hematomas no rosto. Jisung havia ido na cozinha buscar gelo.

Love Spy • Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora