— Mãe, não tem problema. Sério. — Estou segurando o celular entre a bochecha e o pescoço. — Já estou na casa da Allysa, não é problema nenhum.
— Tem certeza? Rob disse que poderia cuidar dela. — Não, Rob precisa cuidar de você.
— Está bem. Diga a Emmy que a vó sente muito. — Vó? É assim que vai ser chamada agora?
— Estou apenas testando — explica. — Não gosto de "vovó".
Ela já se chamou de avó de quatro maneiras diferentes desde que Emmy nasceu, mas nenhuma delas pegou.
— Amo você, mãe. Melhoras.
— Também amo você.
Encerro a ligação e tiro Emmy da cadeirinha. É um alívio ver que
o carro de Ryle não está na vaga dele. Não estava planejando passar aqui no prédio onde ele e Allysa têm apartamentos, mas minha mãe e Emmy ficaram doentes esta semana.
Quando fui buscá-la na casa da minha mãe, Emmy estava com um pouco de febre. A febre subiu por volta das 2h da manhã, e nada do que fiz ajudou, mas já tinha passado quando precisei me arrumar para ir trabalhar hoje. Porém, hoje à tarde minha mãe começou a se sentir péssima, então precisei buscar Emmy durante o trabalho. Tive um momento de pânico, porque hoje é meu jantar com Atlas. Pensei que precisaria cancelar, mas Allysa me salvou.
Não contei a ela por que precisaria de uma babá. Mandei mensagem perguntando se ela podia cuidar da Emmy por algumas horas hoje, e ela respondeu com uma única palavra:
Óbvio.
Avisei a ela que Emmy teve febre ontem à noite, mas Emmy e Rylee passam tanto tempo juntas que faz meses que paramos de nos preocupar com a possibilidade de uma transmitir algumadoença para a outra, o que acontece semana sim, semana não. Emmy provavelmente até pegou a febre de Rylee.
Bato à porta de Allysa, e depois de abri-la, ela vai logo pegando Emerson.
— Vem cá — diz ela, depois puxa Emmy para perto de si e a aperta. — Que cheirinho gostoso. Rylee não tem mais cheiro de bebê e isso me deixa triste. — Ela abre mais a porta para me convidar para entrar, e quando entro segurando a bolsa maternidade, Allysa finalmente repara na minha roupa. — Calma aí. — Ela aponta para o meu corpo com o dedo. — Que história é essa? Por que vou ficar de babá mesmo, hein?
Não quero dizer para onde eu vou, mas é Allysa. Ela me entende mais do que ninguém. Vê a hesitação no meu rosto e compreende na mesma hora.
— Vai sair com um cara? — sussurra ela, fechando a porta em seguida. — É o deus grego?
— Atlas. Isso. Por favor, não conte para o seu irmão.
Bem na hora em que digo isso, percebo Marshall parado na sala de estar. Ele imediatamente cobre os ouvidos e diz:
— Não ouvi nada. Não vi nada. Lá-lá-lá-lá-lá.
Ele passa por nós e vai para a cozinha.
Allysa acena com a mão para que eu não me preocupe.
— Não esquenta, ele sabe ser imparcial. — Ela gesticula para
que eu a acompanhe até a sala de estar. Rylee está num cercadinho, então Allysa leva Emmy até ela. — Rylee, veja só quem está aqui!
Rylee sorri ao ver Emmy. As meninas estão começando a demonstrar entusiasmo na presença uma da outra. Adoro o fato de elas terem mais ou menos a mesma idade. Os seis meses de diferença importam cada vez menos.
— Aonde ele vai te levar?
Passo as mãos na minha roupa e espano um fiapo.
— Vamos jantar, mas nunca fui neste restaurante. Espero não
estar arrumada demais.
— É a primeira vez que vai sair com ele? Você parece nervosa. — Sim, é a primeira vez, e eu estou nervosa. Mas é um
nervosismo diferente. Um nervosismo bom. Eu já o conheço tão
bem, então não me sinto como se estivesse indo jantar com um desconhecido.
Allysa me observa por um instante com um olhar afetuoso.
— Você parece animada. Estava sentindo falta de te ver assim. — É, eu também. — Eu me abaixo para me despedir de Emmy e
Rylee. — Não volto muito tarde. Preciso passar na floricultura e fechar para a Lucy, então ele vai me buscar lá. Devo voltar umas 21h30. Tente mantê-la acordada até lá, se não for problema.
— Por que vai voltar tão cedo? Que sem graça.
— Não dormi ontem à noite, estou exausta. Mas não quero cancelar o jantar, então vou dar um jeito.
— Ah, a maternidade... — diz Allysa, revirando os olhos. — Eu vou mantê-la acordada, pode ir se divertir. Tome um café, um energético ou algo assim.
Já nem sei mais quantos cafés tomei hoje.
— Amo você, obrigada por me salvar — digo, enquanto saio pela porta.
— É para isso que estou aqui — cantarola ela.