Estou tentando parecer confiante, mas, assim que entro no quarto, perco toda a confiança que me trouxe até aqui.
É que faz muito tempo que não fico com ninguém. Provavelmente desde logo depois de engravidar de Emmy. Não transei depois que ela nasceu, e não transo com Atlas desde que tinha dezesseis anos, e esses dois pensamentos começam a rodopiar juntos na minha cabeça, criando um tornado monstruoso de pensamentos intrusivos.
Estou parada no meio do quarto quando Atlas aparece na porta alguns segundos depois. Ponho as mãos nos quadris e apenas... fico parada. Ele está me encarando. Pelo jeito devo tomar alguma atitude, já que fui eu que o chamei para o quarto.
— Não sei o que fazer agora — admito. — Não faço isso há um tempinho.
Atlas ri. Então vem descontraidamente até a cama, pois é óbvio que ele não é capaz de andar de uma maneira que não seja atraente. Todos os movimentos dele são sensuais. Ele tirando o paletó neste momento é sensual. Ele o joga em cima da cômoda e depois tira os sapatos com os pés. Meu Deus, até isso foi sensual. Em seguida, ele se senta na cama.
— Vamos conversar.
Atlas se encosta na cabeceira, depois cruza os tornozelos. Ele está com uma aparência bem relaxada. E sensual.
Não consigo me imaginar deitada na cama com este vestido. Seria desconfortável, e acho que não seria muito divertido tentar tirá-lo caso a gente chegue a esse ponto.
— Vou trocar de roupa primeiro.
Entro no meu closet e fecho a porta.
Acendo a luz, mas nada acontece. A lâmpada queimou. Merda.
Não vou conseguir me vestir no escuro. Não estou com o celular, então não posso usar a lanterna dele para me ajudar.Faço o que posso, mas demoro um pouco para puxar o zíper para baixo. Depois de finalmente puxá-lo, em vez de tirar o vestido por baixo, por algum motivo eu o puxo pela cabeça, e é óbvio que ele fica preso no meu cabelo. Tento soltar meu cabelo, mas o vestido é pesado e estou demorando uma eternidade na escuridão, e não consigo ir atrás de um espelho porque Atlas está lá fora. Continuo tentando soltá-lo. Depois de alguns minutos frustrantes, Atlas finalmente bate à porta.
— Está tudo bem aí dentro?
— Não. Estou presa.
— Posso abrir a porta?
Estou de calcinha e sutiã com o vestido por cima da cabeça,
mas é isso que mereço. É o carma dos closets.
— Pode, mas não estou muito vestida.
Ouço a risada de Atlas, mas quando ele abre a porta e vê meu
estado, ele age imediatamente apertando o interruptor da luz. É óbvio que nada acontece.
— A lâmpada queimou.
Ele se aproxima de mim para inspecionar minha situação.
— O que aconteceu?
— Meu cabelo ficou preso.
Atlas pega o celular e usa a luz dele para ajudá-lo a enxergar no
que meu cabelo prendeu. Ele puxa o cabelo e o vestido em direções opostas. Então, magicamente, o vestido cai no chão.
Ajeito o cabelo.
— Obrigada. — Cruzo os braços na frente do corpo. — Que vergonha.
A lanterna do celular de Atlas ainda está acesa, então ele vê que estou de calcinha e sutiã. Ele desliga a lanterna, mas a porta do closet está aberta e há um abajur no quarto, então ainda consegue me ver muito bem.
Nós dois hesitamos por um momento. Ele não sabe se deve se afastar para que eu termine de me vestir, e eu não sei se quero que ele faça isso.
E de repente estamos nos beijando.
Simplesmente aconteceu, como se tivéssemos nos aproximado um do outro na mesma hora. Uma de suas mãos desliza para a
minha cabeça, e a outra vai direto para minha lombar, descendo tanto que seus dedos roçam minha calcinha.
Coloco os dois braços ao redor de seu pescoço e o puxo com tanta força que tropeçamos numa pilha de roupas. Atlas nos equilibra de novo, mas sinto um sorriso em seu beijo. Ele se afasta da minha boca para falar:
— Você adora um armário, não é?
Depois ele me beija de novo.
A gente se agarra no closet por alguns minutos, e é igual à
lembrança que eu tenho de todas as vezes que nos agarrávamos escondidos quando éramos mais novos. O desejo, a empolgação, a novidade de fazer coisas nunca feitas antes, ou, neste caso, coisas que não são feitas há um bom tempo.
Isso me faz pensar no quanto eu adorava ficar na cama com ele. Quer a gente estivesse se beijando, conversando ou fazendo outra coisa, as lembranças que criei com ele no meu quarto estão entre as minhas recordações favoritas. Ele está beijando meu pescoço quando sussurro:
— Me leve para a cama.
Atlas não hesita. Desliza as mãos pela minha bunda e agarra minhas coxas, me erguendo. Ele me carrega para fora do closet, atravessa o quarto e me coloca no colchão antes de vir para cima de mim.
Senti-lo contra meu corpo só me deixa ainda mais desesperada por ele, mas Atlas trata o momento como costumava tratar nossos beijos de antigamente, com paciência e determinação, como se me agarrar já bastasse, como se me beijar já fosse um privilégio.
Não sei onde ele encontra paciência para isso, pois eu meio que quero que ele tire a roupa e me trate como se esta fosse sua única chance de ficar comigo.
E talvez ele o fizesse se pensasse assim — mas nós dois sabemos que é apenas o começo. Ele está indo devagar porque foi o que lhe pedi. Tenho certeza de que, se eu lhe pedisse para ir mais rápido, ele também atenderia ao meu pedido.
Atlas atencioso.
Acabamos chegando a um momento em que precisamos decidir. Tenho uma camisinha na gaveta, e ele provavelmente tem um
tempinho antes de precisar ir embora, mas quando paramos de nos beijar por tempo o bastante para nos olharmos, ele balança a cabeça. Nós dois estamos ofegantes, e um pouco cansados de tanta agitação, então ele sai de cima de mim e se deita de costas.
Atlas ainda está vestido. Ainda estou de calcinha e sutiã. Não fomos mais longe do que isso.
— Por mais que eu queira — sussurra —, não quero ir embora logo depois.
Ele se deita de lado e coloca a mão na minha barriga. Está me fitando com olhos desejosos, como se quisesse dizer "deixa pra lá" e me possuir.
Suspiro e fecho os olhos.
— Às vezes, eu odeio as responsabilidades.
Atlas ri, então o sinto se aproximar. Ele beija o canto da minha
boca e diz:
— Eu não preciso ir agora.
Quando diz isso, seu dedo indicador desliza para baixo da
costura da minha calcinha, logo abaixo do meu umbigo. Ele a puxa para um lado e para o outro, aguardando alguma reação.
Ergo os quadris, esperando que isso encerre a conversa.
Parece que cada parte do meu corpo está pegando fogo quando ele desliza mais dois dedos para baixo da calcinha. Então, quando sua mão inteira se mexe, eu me perco por completo. Estremeço e agarro o lençol dos dois lados do corpo, arqueando as costas e os quadris e me pressionando contra sua mão.
Atlas traz sua boca até a minha, mas não me beija. Fica perto dos meus lábios, usando o movimento dos meus quadris e os sons dos meus gemidos para guiá-lo até o fim.
Ele é extremamente intuitivo. Não demora muito antes que eu me contraia em sua mão, abaixando o pescoço dele para que eu possa beijá-lo até que acabe.
Quando acaba, ele tira a mão da minha calcinha, mas a deixa em cima de mim enquanto me recupero. Meu peito está ofegante enquanto tento recobrar o fôlego.
Atlas também está ofegante, mas preciso de um minuto para me recuperar antes que eu possa fazer alguma coisa a respeito disso.
— Lily. — Atlas me beija na bochecha delicadamente. — Acho que você...
Ele para de falar, então abro os olhos e o encaro. Seus olhos se voltam para os meus seios, depois para o meu rosto.
Então ele puxa sua camisa branca e olha para ela, então vejo que tem alguma espécie de mancha nela.
Ah, merda.
Olho meu sutiã, que está encharcado. Meu Deus. Leite materno. Por toda parte. Que idiota que eu sou.
Atlas não parece nada abalado. Ele sai da cama e diz:
— Vou te dar um pouco de privacidade.
Estou morrendo de vergonha por meu sutiã estar coberto de leite
materno, então pego o lençol e cubro meus seios antes de encontrar Atlas na frente da cama. Isso meio que acabou com todo o clima.
— Você vai embora?
— Claro que não.
Ele me beija e sai do quarto como se fosse completamente
normal um homem se agarrar com uma mulher que está amamentando uma bebê que nem é dele. Deve ser pelo menos um pouco constrangedor, mas ele disfarçou bem.
Passo os próximos vários minutos tirando leite com a bombinha, depois tomo uma ducha rápida. Visto uma camiseta larga e um short de pijama antes de voltar para a sala.
Atlas está sentado no sofá, esperando pacientemente com o celular na mão. Ao me ouvir entrar na sala, ele ergue a vista e me olha da cabeça aos pés. Ainda estou um pouco envergonhada, então, quando me sento perto dele, não me sento ao lado dele. Sento a meio metro de distância e sussurro:
— Me desculpe pelo que aconteceu.
— Lily. — Ele percebe meu constrangimento, então estende o braço para mim. — Vem cá. — Atlas se recosta no sofá e puxa minha perna para cima da dele, me sentando em seu colo. Depois desliza as mãos pelas minhas coxas, pela minha cintura, e deixa sua cabeça encostar preguiçosamente no sofá. — A noite inteira foi perfeita. Nem sonhe em pedir desculpas.
Reviro os olhos.
— Você está sendo gentil. Sujei você de leite materno.
Atlas coloca a mão na minha nuca e me puxa para perto.
— Pois é, enquanto a gente estava se agarrando. Acredite em mim, eu não me incomodei nem um pouco.
Ele me beija depois disso, o que talvez seja um erro, pois lá vamos nós de novo.
Assim vai ser impossível Atlas ir embora. Eu deveria ter colocado outro sutiã, mas sinceramente achei que ia me despedir dele quando viesse para a sala. Não sabia que a gente ia continuar de onde tinha parado, bem aqui no sofá, mas por mim isso está ótimo.
Ele já está duro novamente e estamos tão perfeitamente encaixados que nem precisamos nos ajustar para aproveitar ao máximo nossa posição. Ele geme durante nosso beijo, o que só aumenta meu tesão.
Uma das mãos de Atlas sobe pelas minhas costas, e o sinto hesitar quando sua mão não encontra nenhum sutiã. Ele interrompe nosso beijo e me encara. Ainda estou me movendo contra ele, e seu olhar me penetra completamente. Ele começa a levar a mão das minhas costas para os meus seios. Quando ele põe um deles na mão, algo parece mudar. Em nós dois.
Nosso beijo fica eletrizante enquanto começo a desabotoar sua camisa. Nada mais é dito. Nós apenas arrancamos freneticamente todas as roupas que ainda restam, e nem nos damos ao trabalho de ir para o quarto. Mal paramos de nos beijar enquanto ele pega a carteira, tira a camisinha e a coloca.
E então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, Atlas me beija enquanto me penetra, e eu me sinto tão amada quanto me senti da primeira vez que isso aconteceu conosco. São tantos sentimentos aflorando neste momento; quando finalmente nos unimos, parece que nunca senti algo tão caoticamente lindo.
Ele suspira no meu pescoço, como se estivesse sentindo o mesmo. Começa a entrar e sair, devagar, me beijando delicadamente o tempo todo. Porém, vários minutos depois, os beijos se aceleram e nós dois estamos suados, mas estou tão completamente imersa no momento que nada mais me importa além do fato de estarmos juntos de novo, de como isso é certo. Tudo nessa situação é mais do que certo.
Estou exatamente onde é o meu lugar, sendo amada por Atlas Corrigan.