Lacrimosa

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Insólita, ela vaga em si
Os ventos gélidos congelam seus prantos
Para que eles permaneçam eternamente em sua pálida derme

Em sua nuvem de lamentos
Lacrimosa, vulgar em sua noite
Seu corpo despido, com curvas de poesia rimada
Chora suas dores para o céu sem estrelas

Seu corpo lasso dançante
Em sua lânguida indulgência
Sonhos aturdidos, desejos inconsequentes
Não há lugar para o imaculado
Em seu destemido ventre

Lacrimosa, o opróbrio
Nem o homem mais sóbrio
Deixou de apedrejar suas dores
Lacrimosa, eles dizem, a dama sem valores

Mas ela não teme a morte
Lacrimosa, mãe de suas lamúrias
De uma alma violada
Pelos homens e suas injúrias

Ela não teme a morte
Tudo o que havia de vívido em si já pereceu
Sua carcaça de lamentos
Fomentada por tormentos
De uma vida que não viveu

Sua liberdade foi arrancada
De seu seio sedento
Seus amores foram esmagados
Pelos ávidos punhos de quem nunca entenderá
Uma mulher com seus próprios sacramentos

Lacrimosa, a lua te chama
A buscar tua ébria liberdade
Teu seio de leite, de vida
De mulher

Na terra de Eva serás absolvida
Com todas as outras
Que já padeceram da mesma dor incompreendida

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