quiseram-me contida
em meu lóbulo de Roche
em minhas partículas elementares
tinham medo que meus quarks
se tornassem quasaresa gravidade das vozes
feriram meu equilíbrio hidrostático
esperavam de mim o meu colapso
anã branca a arrefecer morosamente na imensidãomas quando se é supermassiva
se quebra a barreira de repulsão
meu colapso gerou uma explosão
de wolf rayet à supernova
liberando a todo universo minha radiação
ofuscando galáxias
penetrando a vastidãoexibindo minhas cores elementares
de átomos ionizados que emitem fótons
fulgurando em ondas no infindável
como um corpo astronômico sedento
que não se pode conter sua singularidade
densidade infinita que curva o espaço-tempono paradoxo da informação
virei buraco negro, improbidade
o tempo dilatado
no meu horizonte de eventoscomo um princípio da incerteza
não puderam determinar minhas partículas
não puderam conter minhas emissões
agora aqui estou, nesta dimensão
ocupando o tempo com mais um verso
egoísta, perverso
neste indeterminável e probabilístico
multiverso
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poemas e conectomas
Poetrypoemas autorais, orgânicos e desestruturados, escritos sob ondas cimáticas