o tempo me atravessa
vem e amassa minha derme
deforma meus sentidos
passa em mim como a cavalaria sanguinária de gengis khan
destruindo tudo pelo caminho
tão rápido que eu nem sinto
que fui pisoteada
que pilharam minha juventude
e só me resta lamentar pelo tempo em que fiquei no chão sem conseguir me levantarqueria voltar atrás
poder passar o tempo a limpo
usar ele enquanto fresco e depois guardar bem
com naftalina para que não seja engolido pelas traças
para que ele não me atravesse mais
para que eu possa manejá-lo com destreza
segurá-lo firme em minhas mãos trêmulas
sem que escorra entre meus dedosporém nunca fui boa nem em dobrar roupa
quem dirá em dobrar o tecido do tempo
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poemas e conectomas
Poesíapoemas autorais, orgânicos e desestruturados, escritos sob ondas cimáticas