poemas e conectomas

o nome da noite

há pessoas que nos fazem rir
tiram de nós o peso da rotina
pessoas com boas palavras e vivências
que nos compelem resiliência
capazes de esclarecer muitas incertezas
pessoas com vidas límpidas e franquezas

pessoas que vão e não voltam,
e aquelas que nunca se vão
e aquelas que vêm
sem nem mesmo saber que virão

mas há alguém
além de tudo isso, mais que ninguém
vez em quando, quase que raramente
tropeço em uma gente

alguém que também estava lá
perdida, intransigente

alguém e quem
que convive com as mesmas angústias
nela você se vê, reflete em ti os ângulos dos questionamentos
e a sede de uma vida ímpar e genuína
movida pela beleza verde do sol e pelo extenso conhecimento

é como se tudo se encaixasse
ambas desencaixadas em contextos
de natureza itinerante
de ideias extravagantes

filhas da voracidade, das estranhezas
duas essências predestinadas num universo onde não há destino
duas mentes num mundo de regras, ardendo em desatino

deitadas na grama, com conversas que dilatam o tempo
curvando o tecido do espaço-tempo
o mundo pára para ostentarmos nossas sentenças
ungidas de tantas cores e internas desavenças

o que seriam horas nem são mais sentidas
parece que aquela vida instante precisa veementemente ser vivida

as vozes se estendem até as vísceras, ecoando nos sentidos entrelaçados

trocam-se livros de poesias
vestígios de uma mesma fantasia
risos e sonhos mal sonhados
dores e verdades, dissabores, espelho da alma
compartilhando de perto o caos e a calma

diferentes em detalhes, mas no rumo
sempre à mesma direção
rumo ao vasto, ao vento desconhecido, à solidão

tão raras as sensações que são trazidas
com esse alguém
para nos sentirmos solitárias juntas
perdidas juntas
e assim, vermos que não estávamos erradas
apenas não estávamos nos lugares certos, com as pessoas certas

e que na vida somos das trilhas, não das estradas
fazendo da nossa própria miséria
um conto de fadas

para alguém que há pouco me fez descobrir o nome da noite