Martha gesticulou para que eu estacionasse na frente da casa abandonada e eu assim o fiz de maneira ágil, desci rapidamente da viatura com a mão na arma que estava posta no coldre e corri na direção do portão da casa. Havia um portão grande que parecia dar numa garagem e um portão menor para que pessoas entrassem, ambos estavam bem acabados, não seria difícil de arrombar. Nesse ponto os gritos eram muito evidentes, era disso que os vizinhos estavam reclamando durante esse início de manhã, alguns mais velhos estavam nas portas de suas casas observando o que nós iríamos fazer, Martha estava focada na situação e disse:
- A única escolha cabível é arrombar o portão menor - Eu ia questionar para que esperássemos as outras equipes, mas ela voltou a dizer - Não podemos esperar mais, as vítimas podem estar em perigo.
Eu faço com que sim com a cabeça e saco a pistola do coldre a pondo em mãos. Rapidamente eu dou duas batidas no portão e grito:
- Vocês conseguem me ouvir? - Os gritos chorosos se calam em resposta - Eu sou da polícia, não se preocupem, vocês vão ficar bem - Elas parecem dizer algo entre elas até eu voltar a dizer num tom alto - Fiquem calmas que estamos entrando!
Eu olho pra Martha e ela me encara de volta num sinal de aprovação para o que eu vou fazer. Me afasto do portão, conto até três mentalmente e num solavanco corro na direção do portão de metal desferindo um chute com toda a minha força, isso faz com que ele ceda para trás e que as possíveis vítimas do sequestro gritem dentro da casa. Martha está com sua pistola em mãos, eu faço o mesmo novamente e empurro o portão de leve com o ombro direito.
A residência já parecia abandonada por fora, por dentro esse aspecto se intensificou ainda mais, tufos de mato cresciam entre as rachaduras do chão de cimento na parte da frente da casa, o cheiro de terra úmida e mofo eram intensos, ao me aproximar gradativamente da porta da casa, que no caso era só o portal vazio, eu ouvia o choro das garotas num dos cômodos a direita na parte de dentro da casa.
- Me cobre, vou na frente - Digo indo em direção a parte de dentro da casa checando cada canto com os olhos e com a arma em mãos. Eu sigo na direção do cômodo em que ouço o choro. O piso da casa é antigo, feito de cimento queimado este que suponho que a muito tempo fora vermelho, já que seu tom tem essa cor mas está bastante desbotado. A casa está aparentemente vazia de móveis, só vejo paredes brancas e sujas junto a um forro de gesso desbotado e mofado. Sigo indo em frente na direção dos sons pela parede da direita até consequentemente estar de frente para a uma porta de madeira antiga e cheia de espirais. Eu então digo:
- Tem mais alguém aí com vocês?
- Não! - Diz uma delas num tom de desespero - Por favor, tira a gente daqui, dói tanto.
Eu giro a maçaneta velha e enferrujada e empurro a porta devagar para que caso alguma das garotas esteja próxima da porta eu não as machuque. Eu consigo abrir uma fresta grande na porta, mas não consigo passar, o som de choro baixo das garotas fica ainda mais evidente e eu começo a ficar nervoso, antes de usar a força pergunto:
- Vocês estão perto da porta?
- Não! - A outra garota exclama - A porta está emperrada, o cara que nos sequestrou sempre fazia força para abri-la.
Enquanto ela ainda falava eu empurro a porta com toda a minha força e ela se quebra um pouco com a força do meu ombro e num som estrondoso eu abro-a por completo. Ouço Martha balbuciar algo pra si mesma enquanto olha minuciosamente o cômodo pelo qual passei até eu dizer:
- Vem aqui falar com elas, não há nada grave - Ela rapidamente vira o olhar pra mim e responde.
- Já estou indo, fique de prontidão na porta do quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Imperfeito
Mystery / ThrillerUma carta é deixada para a polícia por uma pessoa misteriosa e é encontrada pelo policial Isac no que parecia ser apenas mais um sequestro na cidade. Isac podia simplesmente deixar a carta com a perícia e seguir sua conturbada vida "em paz", mas alg...