CAPÍTULO 8

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Após chegarmos, Martha desceu do carro rapidamente enquanto eu ainda ficava lembrando do olhar dela pra mim poucos segundos atrás. Assim que percebi que eu estava parado encarando o nada ela disse:

- Alô Isac - Martha estava parada na calçada batendo o pé no chão de leve como se estivesse muito ansiosa - Tá esperando o que?

- Foi mal, acho que ainda tô meio grogue - Eu desço do carro e reparo em como a noite está exclusivamente fria, mesmo que estejamos numa época de calor, Aurora é uma cidade intrinsicamente estranha quando se fala de clima.

- Você quer ir ao hospital? - Ela pergunta isso pela primeira vez e meu coração se aquece - E se você desmaiar de novo o que eu faço?

-Não precisa se preocupar, eu tô bem - Sigo na direção da calçada junto a ela - Só preciso de uma boa noite de sono e terei isso daqui a pouco.

- Ok - Ela se vira na direção da casa - É essa a casa do Juarez?

- Acho que sim - Era uma casa comum, num bairro residencial comum, tinha um muro verde desbotado e um portão branco com um interfone do lado.

Eu sigo até o mesmo e aperto o botão, um barulho de campainha é emitido dentro da casa até consequentemente uma voz feminina atende e diz:

- Quem é?

- Essa é a casa do Juarez? - Faço uma pausa para limpar a garganta - Sou um amigo e marquei de vir visitá-lo.

- Ah sim, são os amigos do Juarez - Ela parece colocar o interfone no gancho e então alguns segundos se passam.

O portão elétrico se abre da direita para a esquerda e imediatamente vejo um Vectra preto estacionado na garagem da casa. Mais a frente, após a garagem, há uma área de churrasco com uma mesa e duas cadeiras rústicas longas feitas de madeira e à esquerda, ao lado da garagem e antes da área de churrasco, há o que parecem ser os cômodos da casa. De lá sai uma mulher negra, de meia idade, com cabelos enrolados curtos dizendo:

- Boa noite Isac - Ela olha para Martha como se estivesse tentando lembrar de algo - Boa noite...

- Sou Martha - Diz ela para o que parece ser a esposa de Juarez - Prazer em conhecer.

- Muito prazer, meu nome é Thalia - Ela se aproxima ainda mais e estica a mão para Martha que retribui com um aperto e balança a cabeça. Thalia então se vira para mim - Muito prazer Isac, Juarez fala muito bem de você.

Eu senti vontade de falar que Juarez estava enganado em falar bem de mim já que eu costumo estar sendo um fracasso em tudo que me propus a fazer, mas reprimi esse pensamento para não soar desagradável. Logo após pensar isso eu digo:

- É um prazer te conhecer Thalia - Eu estendo a mão para ela e ela retribui com um aperto leve - Fico feliz que tenha ouvido falar bem de mim. Eu abro um sorriso que soa muito verdadeiro já que sou bom em mentir o que estou sentindo.

Alguns segundos se passam e o clima começa a ficar constrangedor e então Thalia diz:

- Vamos, entrem - Ela se vira e segue na direção dos cômodos da casa, nós a acompanhamos e assim que entramos vejo uma cozinha com uma mesa e pia a direita e armários à esquerda - Fiquem a vontade, o Juarez está no banho, aguardem ali na sala - Ela aponta para a esquerda onde após um pequeno corredor há uma sala com dois sofás, um de três e outro de dois lugares.

Thalia nos acompanha até lá, eu e Martha nos sentamos no sofá de três lugares, um em cada ponta e a anfitriã segue até o que parece ser o quarto onde grita:

- Juarez, seus amigos chegaram - Ela estica a cabeça pra dentro do quarto - Acelera esse banho aí.

- Já estou saindo - Responde Juarez num som que ecoa e chega baixo até meus ouvidos.

ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora