CAPÍTULO 12

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Após falar tudo que eu sabia sobre essa merda de caso envolvendo Seis nós terminamos nossas bebidas e Camila digitava tudo que eu dizia num notebook. O garçom se aproximou e todos pedimos as mesmas coisas, logo após alguns segundos de silêncio enquanto Camila ainda digitava no notebook, Martha e Nalanda ficaram entretidas em seus celulares e eu passava um palito de dente entre os dedos, os pedidos foram trazidos pelo garçom.

- Eu fico feliz que tenha nos dado essas informações - Diz Nalanda guardando o celular numa pequena bolsa em seu colo - Nós os ajudaremos de bom grado.

- O que vocês querem saber sobre os Evoluídos? - Fala Camila fechando o notebook e o guardando em uma mochila ao lado de sua cadeira - Eu não sou de querer me meter na vida dos outros, mas saibam que é um caminho sem volta.

- Estamos cientes disso - Martha fala num tom quase agressivo - Obrigado pela preocupação.

- Certo - Diz Camila dando um gole na sua água com gás.

- Imagino que vocês já saibam o básico sobre os Evoluídos - Nalanda argumenta de maneira sólida - O que, e por quê vocês querem saber.

- Bem, nós sabemos bem pouco - Digo cruzando os braços em cima da mesa, atrás da lata e copo do meu energético - Queremos saber o que exatamente são os Evoluídos para nós nos aprofundarmos melhor na nossa investigação.

- Evoluído é o nome dado a pessoa que descende ou tem mutação nos genes que lhe permitem fazer coisas sobre-humanas - Camila nos responde de maneira rápida.

- Que tipo de coisas sobre-humana? - Questiona Martha encarando Camila.

- Depende muito de pessoa pra pessoa - Ela coloca as mãos no colo - Alguns dos simples englobam: Força física, velocidade, resistência, sentidos aguçados, dentre outros.

- E quais seriam as capacidades mais específicas? - Falo após outro gole - Digo, as mais poderosas.

- Isso é algo que é raro, terão que descobrir por si mesmos - Nalanda responde de maneira leve, como se não quisesse soar grosseira.

Um silêncio se estabelece por alguns segundos até que Camila volta a falar:

- É isso que queriam saber?

Eu e Martha nos entreolhamos, como se ambos quisessem uma resposta do outro enquanto mais um silêncio se estabelece. Até que Nalanda diz:

- Eu acho que consigo supor o caso que vocês estão investigando - Ela fita eu e Martha com um olhar sedutor - E dado o caso que vocês nos deram muitas informações úteis, posso ajudar com uma informação extra.

- Como você... - Martha fala mais eu a interrompo pondo a mão na frente dela.

- Que informação é essa? - Digo de maneira firme, fingindo não estar tremendo na base.

- Pelo que fiquei sabendo, um sequestrador foi espancado e envenenado com Douce Mort pelo tal Deicída - Além de saber sobre o que estamos investigando, ela também sabe do envenenamento e da alcunha de Marco Usai - Posso passar uma informação da possível fonte que vendeu o veneno para o Deicída.

Eu pensei em questionar como ela sabia de tanta coisa, mas já imaginei a resposta, algo semelhante a: "Tenho alguns contatos". Sinto que na realidade elas possivelmente sabiam que eu era parceiro de Martha e a convidaram já sabendo que eu viria, desde o princípio elas estavam dez passos à frente.

- Com licença - Disse Martha se levantando bem rápido - Preciso ir ao banheiro.

Ela não parecia estar muito bem, então eu a agarrei pelo braço antes que ela se afastasse:

- Ei - Eu encaro seus olhos que tem um tom triste - Você tá bem?

- Vou ficar - Ela responde, eu solto seu pulso e ela segue entre as cadeiras até o banheiro.

Enquanto ela se afasta, Camila mostra algo no celular para Nalanda que encara como se fosse uma idosa, talvez tenha entregado não ser tão jovem assim. Quando Martha entra no banheiro eu começo a olhar na direção da rua e então ouço Nalanda dizer:

- Cuidado para onde está indo com isso Isac - Camila guarda o notebook enquanto lê algo no celular e nem presta atenção no que a parceira disse.

- O que quer dizer? - Questiono tentando me manter sério.

- Não vem com essa - Ela faz uma cara de deboche - Eu já vi esse olhar mais vezes do que você jamais pode imaginar - Eu dou risinho soltando ar pelo nariz e ela retribui - Não sei se posso dizer o mesmo dela, não parece muito interessada.

Meu coração pareceu se partir neste momento, eu sabia que era verdade, mas ouvir isso em alto e bom som me fez materializar esta sensação que eu tinha.

- Estou otimista em relação a isso - Digo abrindo um sorriso.

- Considero isso um ato fofo da sua parte - Ela abre um sorriso, sinto que foi um ato sincero.

- Vamos - Diz Nalanda se levantando - Temos mais algumas coisas pra resolver.

Nalanda assente com a cabeça e diz:

- Lhe acompanho - Camila pegou a mochila colocando apenas uma alça no ombro esquerdo.

Assim que ela se afastou Nalanda se levantou e disse pra mim:

- Boa sorte bonitão - E deu uma piscadinha, pude jurar que corei nesse momento, minhas bochechas ficaram quentes - Ah, vou anotar o nome da fonte da Douce Mort aqui - Ela pega um guardanapo, tira uma caneta da pequena bolsa preta e escreve no mesmo deixando-o na minha frente.

Elas foram até o caixa, pagaram a conta com suas comandas e saíram pela entrada. Alguns minutos se passaram enquanto isso eu refletia sobre o que a voz da experiência da recém conhecida Nalanda me disse, até que consequentemente Martha voltou. Ela estava diferente, parecia mais eufórica e seus olhos perderam aquele tom triste, estavam igualmente inquietos.

- Elas já foram? - Ela fala rápido como se estivesse com pressa.

- Sim - Digo de maneira lenta e com uma expressão de estranheza no rosto.

- Certo.

Alguns minutos se passam, ela termina de tomar seu suco e eu meu energético enquanto permanecemos em silêncio, o som mais estridente no momento são os carros passando na rua, o batuque dos dedos de Martha na mesa e de seus pés no chão. O silêncio era constrangedor e foi quando a coisa mais inesperada aconteceu, Martha se virou pra mim de maneira intensa e questionou:

- Isac, é verdade que você tem duas línguas na boca? - Eu fiquei totalmente perplexo, o que diabos isso quer dizer? Senti um frio na barriga com medo de eu ter falado demais, então respondi da maneira mais normal possível.

- Não, por que?

- Quer ter?

ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora