A voz não tinha nada de assustadora ou de sobrenatural, era minha voz só que dita de uma maneira diferente, além de a voz sair mais devagar, como se as palavras tivessem em delay. Logo após isso eu me senti cem por cento bem, era como se nada tivesse acontecido, mas Martha pelo contrário estava em estado de choque, como se tivesse visto o demônio em pessoa.
- Martha! - Eu exclamo enquanto levanto e me aproximo dela - Agora parece que você não está bem.
- Eu só me assustei - Ela parece sair do estado de choque - O que você pensa que está fazendo?
- Eu não sei, não faço ideia do que acabou de acontecer.
- Em relação ao que você mentiu sobre o último surto Isac? - Eu hesito em falar sobre minha primeira visão, será que isso ia fazer ela se afastar de mim? - Hein Isac, tô esperando, sobre o que você mentiu?
- Eu tive uma visão - Eu digo voltando pro lugar onde estava e me sento - Vi um papel onde estava rabiscado a palavra Evoluído, foi por isso que sugeri irmos atrás dessa pista - Eu abaixo a cabeça - Não tive uma inspiração divina nem nada do tipo, tive essa merda de visão.
Um silêncio se estabelece e Martha parece pensativa, até que após alguns segundos ela diz:
- Por que você não disse isso na hora?
- Porque você tava toda estranha - Eu encaro ela - Eu não queria ser um problema.
- Você nunca será um problema Isac - Ela diz me olhando nos olhos - Não precisa se preocupar com isso, eu tô aqui pra te ajudar em tudo - Meu coração dispara quando ela diz isso, foi como se tivesse levado um choque - Me perdoe por estar estranha, eu estava e ainda estou um pouco esquisita comigo mesma.
- Não precisa guardar isso sozinha - Aproveito que ela se abriu e tento ser receptivo, talvez mais que isso - Eu também tô aqui pra te ajudar.
- Certo - Ela parece corar - De novo, me desculpa por ter sido estranha com você.
- Tá tudo bem - Eu abro um sorriso - Que tal a gente sair pra comer depois daqui? Espairecer desta investigação de merda talvez possa nos ajudar a ficar menos estranhos um com o outro.
- Eu apoio a ideia - Ela também abre um sorriso e esse simples ato faz eu sentir meu rosto quente e posso jurar que fiquei um pouco tonto, posso parecer otário em pensar isso mas me acho muito trouxa.
- Certo, vamos só pensar que isso foi um sinal divino e que eu sou um Evoluído que recebe informações do nada - Eu pego uma cópia da carta do Deicída - Sabemos que as runas escritas significam: "APENAS HORA", o que isso quer dizer?
- Levando em consideração que existem três linhas no meio da carta que falam sobre três povos antigos: Egípcios, Gregos e Escandinavos - Ela diz contando nos dedos - E no fim da carta há as mortes que representam o fim desses povos, sendo a morte de Cleópatra o fim do Egito Antigo, a morte de Alexandre o Grande o fim da Grécia Antiga eu imagino que a morte desse tal Haroldo seja a representação do fim dos Escandinavos.
- Sim, essa foi a conclusão que chegamos há alguns minutos - Digo olhando ela - Imagino que esse: "APENAS HORA" em runas queira dizer algo sobre os nórdicos - Digo olhando a carta - Precisamos de mais informações sobre esse Haroldo pra descobrir como esses pontos se ligam.
Enquanto eu falava Martha já pesquisava em meu notebook e logo disse:
- Eu tinha achado em algum lugar algo sobre um tal Haroldo aqui agora a pouco - Ela parece empenhada em buscar algo - Aqui, achei - Ela vira a tela em minha direção - Pelo visto Marco Usai queria confundir a gente nesse final, Haroldo é a tradução do nome Harald - Ela volta a tela para si - O seu nome completo era Harald Hardrada, ele foi o último rei da Noruega e sua morte resultou no fim desse povo - Ela parece buscar algo a mais na página da internet que achou essas informações - Aqui, ele morreu no dia 25 de Setembro de 1066.
- Essa é a única data final em que temos dia e mês? - Eu começo a ligar os pontos na minha cabeça - Então o ano final quer dizer "APENAS HORA" desse crime.
- Ou seja - Martha faz contas com os dedos - Dia 25 de Setembro às 13 horas.
- Temos a data e hora do próximo crime.
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Imperfeito
Mistério / SuspenseUma carta é deixada para a polícia por uma pessoa misteriosa e é encontrada pelo policial Isac no que parecia ser apenas mais um sequestro na cidade. Isac podia simplesmente deixar a carta com a perícia e seguir sua conturbada vida "em paz", mas alg...