Mal posso acreditar que o meu contrato com a Curtis Brown está realmente chegando ao fim. É quase impossível enxergar, vendo daqui, após um ano, tudo o que aconteceu.
Mas é claro que eu ainda não vou sair. Apesar de ter conseguido juntar dinheiro suficiente para começar a planejar a minha própria empresa - o que, a propósito, eu já estou fazendo -, ainda posso renovar o contrato por pelo menos seis meses. Não vou conseguir desapegar dos dias com a Taylor, a Jessie e o Leon tão facilmente.
Ouvi pelos corredores da sede que o Sam não quis renovar o contrato, e me pergunto o que aconteceu. Às vezes sinto uma súbita vontade de mandar mensagem e perguntar como ele está, apenas por curiosidade. Eu prezo muito pela amizade que tivemos um dia, embora ela eventualmente tenha se dissipado de uma forma tão ruim. Quem sabe um dia eu não faça isso?
Caramba. Quase um ano na empresa também significa quase um ano com Joseph. Ao menos se contar desde que o conheci, naquele fatídico sábado onde tudo pareceu se encaixar, mesmo que de ponta cabeça. Depois disso, na corda bamba nós conseguimos caminhar certinho para chegar ao destino correto, no final das contas. Alcançamos a linha de chegada e estamos tão, tão bem que me sinto fabulosa o tempo inteiro.
Estou em um emprego estável, com um salário seguro, autoestima renovada há meses, planos para o futuro bem visíveis e palpáveis, ameaças de sonhos para serem realizados e um namorado maravilhoso à caminho da minha casa. O que mais eu poderia pedir?
A campainha toca e eu desligo o fogo onde estava mexendo uma cobertura de chocolate para alguns muffins. O interfone já não toca mais quando Joseph chega ao apartamento, visto que todos da recepção já o conhecem e até o tratam como se fosse inquilino. O Ruivo caminha ao meu lado até a porta, pronto para receber Joe junto comigo. Ele o chama de filho e eu acho a coisa mais fofa do mundo inteiro.
Secando minhas mãos sujas de chocolate no pano pendurado em meu ombro, eu giro a maçaneta e puxo a porta com um sorriso no rosto, pronta para receber beijos e abraços, ser jogada no sofá e sentir seu perfume por minutos até que um de nós se canse - o que geralmente demora para acontecer.
Em vez disso, Joe entra com a cabeça baixa e não me deixa ver o que se passa em seu rosto. Ele atravessa a sala sem me dar um olhar, ainda menos um beijo ou um de seus abraços apertados e de tirar o fôlego.
Mal ele entra, e eu sinto a energia toda pesar.
Eu pisco rapidamente, atordoada. Então viro o corpo lentamente e fecho a porta, confusa. Ele está parado de costas para mim e de frente para o balcão de mármore da cozinha, mexendo no celular. O Ruivo também nota o transtorno e intuitivamente se afasta.
Pigarreio.
- Hum... Oi?
Eu preferia que ele não tivesse se virado.
Quando seu corpo fica em frente ao meu e seu rosto se levanta, sendo iluminado pela lâmpada da sala de estar, meu mundo desmorona pela segunda vez em meses. Mas desta vez ele não vai segurar.
Seus olhos estão vermelhos, assim como seu rosto inteiro. Joseph comprime os lábios com frequência, fungando e passando a parte anterior do dedo indicador na linha d'água de cada um de seus olhos castanhos. Secando lágrimas.
- Amor... - eu choramingo, indo em sua direção. Joseph não se move, permanece quieto e taciturno, segurando o celular. A tela acesa treme em suas mãos como se ele estivesse em estado de choque. Meu Deus, como ele dirigiu até aqui assim? - O que houve? Porque está chorando?
Ele não me deixa tocá-lo, e o único momento em que se mexe é quando eu tento esticar os braços em sua direção. Dá passos para trás e os alterna para o lado contrário ao meu, desviando.
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fake teaching || joseph quinn
FanfictionEdição corrigida e revisada disponível no Kindle Unlimited ou para compra na Amazon como "Assunto Delicado - Lições de Amor e Ódio". Eu me chamo Aly, tenho vinte e três anos e sou formada em turismo. Tive a chance de trabalhar como agente de eventos...