O dia seguinte à noite de tesão é pior do que o dia seguinte à noite de bebedeira. A vergonha das lembranças me atinge com mais força do que uma ressaca.
Meu Deus, eu não acredito no que eu fiz. Realmente deixei Joseph dizer "boa garota" para mim? E, como se não bastasse, eu gostei? É claro que isso é o de menos, se levar em consideração que eu literalmente me masturbei com a sua voz em meu ouvido; mas mal consigo imaginar as piadinhas que ele vai fazer com tudo isso. Estou certa de que o "boa garota" será o ponto alto dos seus dias.
Fui fraca. Baixei a minha guarda. Agora vou ter que sofrer as consequências. Acho que posso lidar com isso.
Não sei como será daqui para a frente, mas espero a carona de Taylor em frente ao prédio torcendo para que Joseph não pise os pés na sede hoje. Lembro que comentou algo sobre ter que passar na CB mais cedo, e por que ia dormir na casa da garota do encontro, precisaria que eu preparasse seu sanduíche. Mas como ele não foi ao encontro, não preparei nada, e espero que não nos encontremos caso ele realmente apareça por lá.
Até quanto tempo pretendo empurrar isso com a barriga é o que eu não sei. Em determinado momento, precisaremos nos reencontrar e nos encararmos de frente. Quanto a isso, preciso pensar melhor e deixar o tempo resolver. No momento preciso mesmo de uma trégua. E de um neutralizador de Homens de Preto, para apagar minha memória.
Hoje estou vestindo uma camiseta preta de gola alta - mas, em minha defesa, também estou usando uma calça com listras cruzadas e juntinhas, quase xadrez, em tons de branco e preto que se transformam em cinza. E, além de tudo, estou de salto. Menos um ponto porque meus cabelos estão soltos.
Que droga, estou começando a pensar como ele.
O ponto alto é que eu estou me sentindo diferente hoje. Me sinto leve. Quando olhei meu reflexo no espelho, não apenas tolerei ou gostei do que vi. Eu me adorei. Eu literalmente me colocaria em um altar e me entregaria a uma devoção perpétua. As cores das minhas bochechas, as curvas do meu corpo enaltecidas, o movimento do meu quadril e a queda do meu cabelo - tudo parece tão natural e livre, que nem parece eu.
O carro de Taylor estaciona em frente ao meu corpo, ao lado da calçada, e eu sequer consegui vê-la chegar na rua, pois estava muito ocupada dissociando e encarando fixamente uma pedra em frente à loja de móveis planejados vizinha ao prédio. Levanto o olhar e começo a me direcionar para a porta com um sorriso.
Quando entro, ela fica alguns segundos me encarando com a testa enrugada e os braços cruzados. Há uma interrogação imaginária desenhada em cima da sua cabeça. Ando muito criativa de algumas horas para cá.
- O quê? - pergunto, rindo, enquanto coloco meu cinto de segurança.
- Você? Sorrindo? - ela está estática, com sua franjinha ondulada sobre a testa e seu batom vermelho pintando seus lábios. - Achou uma maleta de dinheiro na calçada?
É, o mau humor crônico me abandonou por hoje.
- Eu... - começo a falar, mas sou interrompida, e dou um sobressalto de medo com um grito em minhas costas.
- Ou transou! - é a voz de Jessie, estridente.
Olho para trás com os olhos arregalados.
- Que susto! - reclamo. - Porque você tá no banco de trás?
Ela está sentada bem no meio, com as pernas cruzadas, mascando um chiclete.
- Porque nós transamos lá antes de vir te buscar - responde Taylor, acelerando com o carro.
Faço uma careta que mescla surpresa e nojo, alternando o olhar entre elas.
- É mentira, Aly - diz Jessie, bufando. - É que eu vim deitada aqui porque estava com sono - e dá algumas batidinhas no banco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
fake teaching || joseph quinn
FanficEdição corrigida e revisada disponível no Kindle Unlimited ou para compra na Amazon como "Assunto Delicado - Lições de Amor e Ódio". Eu me chamo Aly, tenho vinte e três anos e sou formada em turismo. Tive a chance de trabalhar como agente de eventos...