5° capítulo

584 52 331
                                        

- Gente, o elevador desse lugar é péssimo! - reclama Jessie, se apoiando na parede metálica enquanto a cabine dá o terceiro solavanco dentro de vinte segundos. Seu rosto está com uma expressão assustada. - Eles têm dinheiro pra tanta coisa, mas não têm para contratar um técnico bom?

Taylor dá risada. O quarto solavanco nos balança e dois cupcakes escapolem por baixo da tampa e caem no chão.

- Ah, não! - lamento, fingindo chorar e batendo os pés no chão.

Leon se abaixa imediatamente e pega os bolinhos.

- Regra dos cinco segundos - diz ele, pegando os cupcakes e a mordendo um ao se levantar.

- Que nojo, Leon - repreende Taylor, repuxando os lábios para baixo em repulsa. - Você sabe que literalmente todo mundo que tá na festa subiu pelo elevador, né?

O elevador apita e anuncia a parada. As portas se abrem e Taylor e Leon ainda estão se fuzilando com os olhos. Jessie bufa e passa na frente, fazendo barulho com os saltos no chão. Taylor revira os olhos e coloca a mão espalmada em minhas omoplatas cobertas pelo cardigã, me guiando para fora do elevador. Eu implorei para que ela não me deixasse sozinha, porque não conheço ninguém, e minha barriga ainda está revirando em expectativa e pressentimentos estranhos.

A atmosfera muda completamente do elevador para o terraço. Aqui é ainda mais frio do que eu imaginei que seria, e agradeço por estar de cachecol. O vento gelado bate, afasta meus cabelos e balança o tecido preso em meu pescoço. O som está alto tocando Nicki Minaj e eu não posso ouvir nada além de burburinhos e as batidas graves da música. Tem muita gente aqui, e mesmo assim não gera calor, porque é bastante aberto, bem debaixo do céu estrelado.

Taylor aponta com o indicador para o balcão ao lado do bar improvisado com algumas bebidas, e vamos juntas até lá para deixar a bandeja com os cupcakes. Retiro a tampa e deixo para quem quiser vir pegar um e comer. As cores dos bolinhos combinam com as luzes de boate que iluminam a escuridão da festa.

Respiro fundo e viro de costas para o balcão, olhando ao redor. Tento, em vão, encontrar alguém que eu conheça. Meus olhos encontram Jessie caminhando em nossa direção com um sorrisinho tímido, e duas doses de alguma bebida transparente e que eu tenho certeza que tem sabor de gasolina, nas mãos. Que velocidade. Leon está caminhando na direção contrária, comendo o segundo cupcake, que é rosa, e admitindo silenciosamente que vai nos deixar em paz e sozinhas esta noite.

Taylor dá alguns passos para frente, esfregando as mãos e sorrindo animada. Quando Jessie chega, Taylor pega um dos pequenos copos de dose, enquanto Jessie estende a mão para que eu pegue o outro. Engulo em seco, fazendo careta antes mesmo de beber.

- O que é isso? - questiono.

- Não importa - diz Taylor, antes mesmo que Jessie responda. - O que importa é que embebeda. Não cheire, não pense. Apenas vire.

Jessie dá risada olhando para ela.

Reviro os olhos, tapo o nariz e viro, junto a Taylor. Não preciso nem dizer que assim que solto o nariz, sinto o sabor todo na minha boca do mesmo jeito. Queima a minha garganta, sinto meus olhos ardendo e um calafrio percorrendo meus braços. Faço uma careta terrível que causa uma gargalhada em Taylor, mas ela logo pisca apenas um olho e encolhe os ombros, também desaprovando o sabor. Nós rimos.

- Onde você pegou? - ela aponta pro copo, direcionando-se a Jessie.

- Perto do DJ. É muito ruim? - Jessie faz um biquinho.

Taylor apoia a mão em seu ombro como um consolo, acariciando-a com o polegar e balançando a cabeça.

- Não. Eu só vou pegar mais - diz ela, e nós rimos mais uma vez. Vira-se para mim. - Você quer?

fake teaching || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora