10° capítulo

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Eu disse que ficaria no hotel para dormir, mas são nove e meia e ainda não consegui.

Minha mente não para de trabalhar, e tem tanta coisa passando aqui dentro que eu mal consigo calcular. Acontecimentos demais nos últimos dias, em aspectos da minha vida que estavam adormecidos por muito tempo até então.

Virei para um lado da cama, para o outro, para cima e para baixo, mas o sono simplesmente não veio. Meu corpo estava aqui, mas infelizmente a minha mente estava em qualquer lugar por aí afora nos Estados Unidos, em alguma boate. Estava em Sam, estava em Hillary, estava em Joseph.

Então encarei o meu notebook dentro da capa em cima da minha mala e pensei: porque não aproveitar que eu estou aqui a trabalho e... trabalhar?

Enquanto abria o zíper da capa do aparelho, lembrei da área com piscina próxima à entrada do hotel, e pelo silêncio contínuo que rondava o ambiente, imaginei que estivesse vazia. Portanto, peguei o notebook e fui para lá. Cumprimentei os vigias e o pessoal da recepção, avisando para onde eu estava indo e explicando que não ia para tomar banho. Eles disseram que tudo bem com sorrisos simpáticos.

A área era enorme, suas bordas eram baixas e em variados tons de azul; e ao redor, dentro das grades, tinha diversas cadeiras e guarda-sóis fechados. Pequenos candelabros ao redor iluminavam o ambiente, acesos em suas luzes amareladas, deixando tudo com um clima ainda mais suave e gostoso.

Puxei uma mesa para perto da piscina, só para apoiar as costas enquanto me sentava na borda e usava o notebook, que, graças a Deus, estava cem por cento carregado.

Foi quando vi que eu havia recebido um e-mail que estava com um comentário preso no topo em um marcador verde neon, pois havia sido encaminhado do e-mail do gerente diretamente para o meu. Era da Netflix.

Nem tentei conter o sorriso, e lá estava eu, sentada na beira da piscina, com as pernas dentro da água - que era aquecida -, sorrindo feito uma idiota para a tela brilhante em meu colo. O e-mail informava sobre um evento que teria no Brasil, e me dava todos os prontuários necessários para que eu pudesse organizar a viagem para o meu chefe. Eu nunca estive no Brasil, então era uma novidade incrível não somente para a CB e para o Joseph, como também para mim, em particular.

Estava entretida há cerca de quinze minutos com isso, quando ouvi passos próximos à grade e levantei os olhos para descobrir de quem se tratava.

Era Leon, com o cabelo bagunçado, uma calça moletom, uma camiseta simples e um casaco verde militar. Olhava para mim com uma confusão clara estampada nos olhos.

Quando nos olhamos ele deu uma risadinha, então o chamei com a mão e ele rodeou as grades, entrando na área da piscina. Notei que estava descalço.

- Ei - diz ele, vindo até mim. - Tá fazendo o que aqui? Achei que também tivesse ido para a boate.

Leon caminha até o meu lado, driblando algumas cadeiras e mesas de bronzeamento, e fica de pé na lateral do meu corpo. Desço os olhos distraidamente e vejo que ele está segurando um isqueiro na mão esquerda.

- Eu estava cansada, não consegui dormir no voo - explico. - Mas tentei dormir agora e também não consegui.

Ele suspira e levanta a cabeça, olhando ao redor. Provavelmente apreciando a vista da área assim como eu. É bem bonito aqui.

- Eu também - diz ele. Quando abaixa de novo os olhos para mim, estende a mão direita e mostra um cigarro entre o polegar e o indicador. - Vim aqui fora pra fumar um baseado. Você fuma?

Dou um sorrisinho e confirmo com a cabeça. Ele me observa enquanto eu fecho o notebook e coloco em cima da mesa onde estou apoiando as minhas costas, me remexo um pouco para o lado e dou dois tapinhas no espaço à minha esquerda.

fake teaching || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora