Capítulo 22

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  Eu estava confusa sem saber ao certo o que fazer ou por onde deveria começar a processar o que acontecia, quando o cheiro de grama molhada invadi os meus sentidos me deixando levemente entorpecida, enfim entendendo o que a mais nova fazia, Victoria estava deixando a minha loba a reconhecer como parceira pelos seus feromônios, me lembrando do dia que a beijara onde pensei ter sido apenas impressão quando na verdade ela devia ter os liberado inconscientemente.

  -- Você realmente é alfa -- disse num fio de voz, pois uma parte minha ainda não havia acreditado, até aquele momento -- você é uma alfa.

  Sem dizer uma única palavra a sinto suspirar com seu nariz ainda encostado em meu ombro me causando arrepios, não sabia se era por está frustrada pelo choque em minha voz ou por não gostar de ser lembrada do fato.

  De qualquer forma só ficamos naquela posição por breves minutos sendo a Vic a primeira a se mover para longe desfazendo o abraço deixando seus braços parados ao seu redor, de ombros caídos e seus olhos transmitindo todo o seu cansaço pude notar um leve brilho vermelho em sua íris mostrando que sua loba me observava e me reconhecia, não a escutava ou compartilhava suas emoções, ainda assim pude notar uma mensagem de conforto que seu lado humano estava exalto demais para mostrar.

  -- Bom dia e durma bem -- disse Vic se afastando até seu quarto de cabeça baixa.

  Assim que ela fecha a porta de seu quarto sinto todo o meu cansaço me atingir caindo lentamente no chão de joelhos incapaz de levantar por um bons momentos enquanto digeria tudo o que tinha acontecido. Não lembro exatamente quando entrei no meu quarto e dormir, só lembro de ter saído no meio da tarde ainda cansada andando até a sala onde a Victoria já estava me esperando sentada no sofá ainda vestida com o seu pijama.

  -- Quer comer antes ou depois? -- perguntou virando o rosto em minha direção.

  -- Não sei se consigo engolir alguma coisa -- confessei me aproximando sentando em sua frente tendo sido acompanhada por seu olhar até ali.

  -- Eu... eu não sei por onde começar -- disse Victoria abaixando seu olhar para suas mãos que estavam entrelaçadas enquanto as apertava de tempos em tempos denunciando seu nervosismo e desconforto -- eu não esperava ter que ter essa conversa, nem mesmo sobre essas circunstancias.

  -- Então você continuaria mentindo pra sempre caso sua irmã não tivesse contado? -- questionei tentando não deixar minha magoa transparecer em minha voz, mas pelo seu olhar não tive tanto sucesso nisso.

  -- Eu nunca mentir -- disse ela não me olhando.

  -- Você... você nunca... mentiu? -- questionei entre os dentes -- Victoria você é a droga de uma alfa e por 5 anos, 5 anos, me fez acreditar ser uma beta, se isso não é mentir é o quê?

  -- O que eu acreditava -- respondeu ela começando a brincar com os seus dedos -- eu não mentir, nunca quis ser um alfa, nunca fiquei confortável com esse título por toda a minha vida, nunca conseguir me ver como uma... e ainda não consigo.

  Não sabia se ela parou de falar para me dar tempo de processar o que me dissera ou para ela mesma fazer isso, porém Victoria não voltara a falar por bons momentos.

  -- Por muito tempo conseguir me enganar com isso ao ponto que eu não me lembrava -- continua ela se mantendo na mesma posição -- ser beta virou a minha verdade até eu ser cruelmente lembrada em todo o meu cio.

  Novamente Victoria ficara em silencio que me deu tempo para processar e criar um questionamento em minha mente.

  -- Como você passava os seus cios? -- perguntei curiosa sem conseguir entender aquilo sabendo o quão constrangedora era aquela pergunta.

  -- O meu cio começa uns dias depois do começo do seu -- respondeu Vic parecendo envergonhada me olhando de relance -- uns três dias na verdade, só precisei sincronizar com os seus, quando você tomava os supressores eu tomava os meus e usava a desculpa de lhe dar privacidade para passar o meu cio longe.

  -- Mas você não sabia na primeira vez que entrei nos primeiros meses de convivência. -- Eu sabia que aquele não era o assunto mais importante para nos forcamos, mas tínhamos que começar por algum lugar para que ficássemos confortáveis com o resto.

  -- Pelo cheiro, eu tenho os sentidos mais aguçados, lembra? -- perguntou ela começando a me olhar -- apesar disso ter me colocado em situações... um tanto... ruins, como quando você entrou no cio comigo ainda aqui.

  Aquela frase me fez corar fortemente me lembrando do dia, escondendo o rosto entre as mãos.

  -- Meu deus -- resmunguei antes de olha-la novamente -- mas você não fez nada.

  -- Eu não sou um monstro Lana -- disse parecendo chateada, com um olhar tão triste que me fez sentir culpada -- meus instintos são sim mais aflorados, mas não sou um monstro, ou pelo menos tento não ser.

  -- Desculpa, não era a minha intensão dizer nesse sentindo -- disse sem graça.

  -- Eu sei que não -- disse Vic sem humor -- eu sei do tipo de comportamento que esperam de um alfa e é difícil não vê-los agir assim, mas eu não sou assim, eu não quero ser assim, mas o meu desconforto com esse status não vem só disso.

  -- Então vem de onde? -- questionei querendo incentiva-la a continuar.

  -- Do meu pai -- respondeu tocando em sua cicatriz no queixo me fazendo arregalar os olhos chocada.

  -- Foi ele que fez isso? -- perguntei tirando sua mão para que pudesse ver melhor aquele detalhe em seu rosto.

  -- Quem me dera que as cicatrizes fossem as únicas marcas que aquele monstro deixou em mim -- disse num tom pesado separando sua mão da minha -- ele tinha uma ideia bem forte de como um alfa principalmente um lúpus deveria agir e eu nunca fui capaz de atender... as expectativas dele e teve uma época que por um ano eu tentei, mas só conseguir ficar com nojo de mim mesma.

  Aquilo estava ficando muito pesado e eu não tinha ideia do que falar ou o que fazer para tentar diminuir aquilo, a Victoria que normalmente fazia isso, então acabo a abraçando meio desajeitada a sentindo ficar tensa entre os meus braços antes de segurar minha camisa com uma das mãos.

  -- Ele era um monstro que até os monstros tinham medo -- continuou Vic com uma voz de choro -- um monstro que matou a minha mãe e queria me transformar um.

Continua...

Oi povo lindo vou aqui me explicar o porquê de não ter atualizado semana passada, é que eu voltei na quarta, eu não escrevi nada naquela semana porque não sabia o dia exato que ia voltar e depois que voltei passei dois dias fazendo faxina porque a casa não via uma vassoura a um mês.Foi isso, beiji 

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora