Capítulo 23

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  Aquela conversa estava me deixando muito mal, eu já não gostava de lembrar de tais momentos, quem dirá verbaliza-los, mas precisava fazer isso por Lana ela tinha que saber no que estava se metendo.

  -- Por que não o denunciaram? -- questionou Lana fazendo carinho em minhas costas enquanto ainda segurava firmemente em sua camisa querendo ter algo que me mantivesse no presente e não em minha mente.

  -- Ele tinha comprado a policia inteira -- disse num tom de riso meio engasgado -- o que me leva a dizer que o meu sobrenome não é Mello, na verdade é o sobrenome de solteira da minha mãe.

  -- Ah, que maravilha mentiu, mas alguma coisa, antes de me contar o seu verdadeiro sobrenome? -- questionou revirando os olhos que pude ver por ter me afastado um pouco.

  -- Eu omitir alguns detalhes que não tem muita importância no momento -- respondi mantendo meu olhar no dela.

  -- Vai contar? -- perguntou um pouco mais leve.

  -- Depois de contextualizar e não hoje -- disse sendo sincera -- muitas emoções fortes para um dia só.

  -- Eu vou cobrar -- disse Lana com um pequeno sorriso.

  -- Tá no seu direito -- disse concordando com a cabeça antes de respirar fundo tomando coragem para o que estava por vim enfim soltando a camisa -- o meu verdadeiro sobrenome é Lombardi.

  -- Merda você é uma Lombardi, tipo dos Lombardi? perguntou ela exaltada se levantando do sofá.

  -- Da máfia, é -- concordei com a cabeça, esperando que a Lana absorvesse mais essa, o que levou alguns minutos -- antes que me pergunte eu nunca fiz parte de nada, mas vi algumas coisas que não queria ter visto antes de fugir, meu pai achou que seria um bom jeito de me educar e ao meu irmão.

  -- Você tem irmão? -- questionou surpresa.

  -- Queria que não, ele é uma copia cuspida e escarada do nosso pai -- respondo em desgosto -- acredite quem você precisa conhecer vai conhecer daqui a uma semana e vai desejar não ter conhecido.

  -- Quantos só pra eu saber? -- perguntou voltando a se sentar -- e depois você explica essa historia de máfia.

  -- Somos ao todo 5 contando comigo, a minha irmã e a Teresa que você conheceu, falta dois pra eu te apresentar -- disse sorrindo levemente antes de passar a mão pelo pescoço -- e se tiver muito azar vai conhecer a sexta, reze pra não conhecer.

  -- Pelo visto você não gosta muito dessa sexta pessoa -- disse com o seu corpo virado em minha direção sorrindo também.

  -- Ninguém gosta, é uma relação mais de necessidade do que tolerância -- revelei com certa amargura -- e ela gosta de deixar bem claro isso.

  -- Bem, agora me explica esse lance da máfia -- disse Lana dando tapinhas na minha coxa.

  -- Bem, essa é a parte difícil -- disse respirando fundo começando a brincar com os meus dedos -- por eu ser uma lúpus o meu pai queria que eu fosse a próxima chefe, me preparou para isso dês que descobriu, logo depois do meu aniversário de 16 anos eu não aguentei mais e fugir, porque se eu não fugisse eu me matava.

  -- Você não pode tá falando sério -- disse ela chocada com a minha confissão.

  -- Eu passava tanto tempo tendo medo e nojo de mim mesma que ou eu fugia de um jeito ou de outro -- confesso olhando para as minhas mãos temendo o seu olhar, porém rapidamente continuei não lhe dando a chance de falar algo sobre, porque eu não queria ouvir algo sobre -- passei um ano fora do país apagando o meu rastro e esperando que se esquecessem de mim.

  -- É por isso que você vive viajando -- disse Lana como se finalmente tivesse encontrada a última peça de um quebra-cabeça que tentava montar a meses -- pra não te acharem.

  -- Digamos que sim -- confirmei engolindo em seco -- na verdade eu devia ter... passado... menos tempo no país, eu só tinha a intenção de passar 3 meses e sumir pra outro e fazer o mesmo de novo.

  -- Mas... você mora aqui a cinco anos -- disse ela confusa com minha afirmação -- por que ficou se claramente era perigoso pra você?

  -- Porque eu não conseguir -- confesso sem olha-la -- tinha algo que me impedia de ir, ou melhor, a minha loba não me deixou ir, ela não queria se afastar... da pessoa que escolheu.

  -- Tá me dizendo que há 5 anos a sua loba havia me marcado e você não contou? -- questionou Lana aborrecida -- e por que os sintomas só foram aparecer agora?

  -- Porque a sua loba só me escolheu agora, creio que ela demorou um tempinho para me reconhecer como alfa, sabe pelos feromônios estarem reprimidos -- respondi ainda sem coragem de olha-la, porém sou forçada a fazer isso quando ela segura os meus ombros.

  -- Por que não me contou? A gente poderia ter evitado tudo isso -- disse ela revoltada me sacudindo um pouco -- você devia ter tomado alguma atitude, por que você fez isso?

  -- Porque eu tinha esperança que a sua loba não me escolhesse ou mudasse de ideia, quem sabe? -- questionei mais para mim mesma do que para ela -- afinal lúpus só tem um parceiro para vida inteira ao ponto de que se o parceiro morrer eles definam e morrem logo depois.

  -- Você odeia tanto assim a sua loba ter me escolhido? -- perguntou Lana parecendo um tanto magoada trazendo uma dor em meu peito.

  -- Pode parecer clichê essa fala, mas o problema não é você sou eu -- disse num tom melancólico -- você merece uma alfa melhor do que eu, uma alfa que não passa metade do tempo brigando com sua loba interior porque não consegue se aceitar, que tem tanto problemas e bagagens tão pesadas que as vezes, nem eu consigo levantar, eu nem consigo tocar numa ômega direito sem sentir nojo de mim mesma, e eu sinto tanto medo, mas tanto medo.  

  Depois do que eu falei nós duas ficamos num silencio sufocante pelo o que parecia ter sido minutos antes que uma de nós tivesse coragem de quebra-lo.

  -- E o que a gente faz agora? -- questionou Lana num tom baixo como se temesse falar muito alto -- vai continuar rejeitando a marca?

  -- A gente dar um passo de cada vez -- respondi olhando em seus olhos buscando a coragem que precisaria dali em diante -- só peço que você seja um pouco paciente.

Continua...

Até depois do carnaval 

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora