Capítulo 26

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  Então o dia do encontro finalmente chegou e eu ainda não estava totalmente confortável com aquilo, eu estava indo conhecer as pessoas mais importantes na vida da Victoria e nem sabia como nós chamar, afinal não erámos mais só colegas de apartamento, ou sequer amigas, ainda assim não erámos nem mesmo namoradas e não havíamos conversado sobre isso.

  -- Vic como são os seus amigos? -- perguntei tentando conter a minha ansiedade crescente enquanto dirigia para o local.

  -- Um bando de esquisitos -- respondeu ela olhando para a janela com um pequeno sorriso surgindo em seu rosto -- e esse era o maior elogio que poderiam ganhar, não que eu fosse e seja muito diferente.

  -- Não pode me dizer algo mais especifico sobre a personalidade de cada um? -- questionei me mantendo focada na estrada.

  -- Não, vai estragar a surpresa -- disse com um sorriso ainda maior -- e vou amar ver sua cara ao conhece-los, vou ganhar o dia só com isso.

  -- Você é má, não sei como demorei tanto pra perceber -- disse num tom de riso muito parecido com o seu.

  -- É que eu estava muito ocupada me contendo para deixar esse meu lado aparecer -- confessou Victoria num meio sorriso e sua voz carregando certa malicia -- agora ele pode aparecer o tanto quanto eu quiser, ah, vire a esquerda e pare aqui o resto do caminho é a pé.

  Mesmo me sentindo receosa em estacionar o meu carro no meio do nada o faço, desligando o carro tirando o cinto saindo junto a Victoria.

  -- Por que essa cabana fica num lugar de tão difícil acesso? -- questionei a seguindo para dentro da mata.

  -- Porque a Teresa é meio paranoica e gosta muito da sua privacidade -- respondeu dando de ombros como se não fosse nada -- e na posição dela eu também ia querer ter um lugar isolado longe dos olhos das pessoas.

  Com aquela última frase Victoria encerrara o assunto e aceitei por já estamos perto do lugar que sanaria grande parte das minhas duvidas, em poucos minutos eu já podia enxergar uma pequena e confortável cabana, era charmosa, mas não luxuosa, suas janelas eram pequena e não havia qualquer decoração do lado de fora, nem mesmo plantas.

  -- Eles devem está do lado de trás, afinal a casa ainda deve está com o cheiro da minha irmã... nossa a visão que tive agora foi traumática -- disse Vic fazendo careta andando rapidamente para trás da cabana -- vamos sair daqui antes que eu me traumatizasse mais ainda.

  Sem dizer mais nem uma palavra Victoria me guia para a parte de trás da cabana onde um pequeno grupo se formava ao redor de uma mesa engatados numa mine discursão calorosa que é subitamente encerrada quando uma das figuras nos ver começando a se aproximar com os braços estendidos.

  A pessoa se tratava de uma mulher um pouco baixinha de cabelos castanhos lisos que no momento estavam cobertos por um boné vermelho, usando uma jardineira azul e uma camisa branca lhe dando um ar meio infantil, apesar de parecer está na casa dos 30 ou pelo menos perto disso.

  Seu sorriso era amplo ao ter seu abraço correspondido por Vic tendo os seus olhos de um verde clarinho semiabertos.

  -- Vi olha só, finalmente desencalhou -- disse a mulher lhe segurando o rosto.

  -- É bom te ver também Mel -- disse Vic sorrindo também -- como tá a Teresa?

  -- Uma arara -- respondeu a soltando antes de me abraçar -- seja bem vinda a família.

  Aquilo me pegou desprevenida sentindo um leve odor de castanhas azadas vindo dela, o cheiro era meio incomum para uma beta.

  -- Vamos todos estão ansiosos pra te conhecer -- disse Mel segurando as minhas mãos me puxando em direção ao grupo -- e zoar ela, mas pincipalmente conhecer você.

  Com isso pude reparar na última pessoa do grupo, um garoto loiro, alto, um tanto magro, usando uma camisa polo num azul mais escuro que seus olhos parecendo meio tímido, talvez por ser o mais novo ali.

  -- Mel -- chamou Teresa num tom sério.

  -- Sim? -- perguntou a mais velha que me dava um meio abraço.

  -- Solte a garota -- mandou a beta sem elevar sua voz.

  -- Desculpa -- disse Mel erguendo os braços se afastando -- eu só queria mostrar que a gente é legal.

  -- Mel, senta -- disse Teresa entre os dentes.

  -- Sim senhora -- disse Mel rapidamente fazendo o que lhe fora pedido de cabeça baixa com as mãos repousadas sobre seu colo.

  -- Agora dar a patinha -- disse Manuela quase gritando num tom de riso.

  -- Manu -- repreendeu a beta a olhando com intensidade fazendo a outra dobrar os braços para cima causando um suspiro frustrado da mais velha -- e Davi, abaixa esse celular.

  -- Mas a Vi... a Vi -- começou o garoto gaguejando enquanto olhava em nossa direção.

  -- Eu sei, também fiquei surpresa, agora guarde o celular. -- Em todo aquele momento a beta não aumentara seu tom uma única vez o que a deixava ainda mais assustadora e deixava claro a hierarquia daquele estranho grupo.

  -- Bem vinda ao hospício, infelizmente não tem portas de saída -- sussurrou Vic em meu ouvido me causando um leve arrepio -- e só pra esclarecer a Mel é alfa, e não é uma lúpus, só sofre de uma mutação genética que deixa seus feromônios mais fracos.

  Isso explica o cheiro.

  -- Já acabaram com as conversas inúteis pra eu começar a reunião ou tem mais alguma coisa a acrescentar? -- perguntou Teresa parecendo um tanto impaciente.

  Com isso a Mel rapidamente levanta a mão dando leves pulinho empolgada fazendo a outra colocar a mão entre os olhos.

  -- Fala Mel.

  -- A gente não deveria se introduzir primeiro? Sabe para contextualizar -- questionou a mais velha meio tímida, a mulher realmente não parecia uma alfa, não que isso dissesse alguma coisa considerando a morena ao seu lado.

  -- A gente pode fazer isso depois da reunião -- respondeu a beta que parecia tentar se acalmar, vendo a alfa voltar a erguer o braço, suspirando cansada -- Mel não estamos mais no fundamental, você não precisa levantar o braço pra falar.

  -- Mas aí ela não vai entender o contexto todo do nosso envolvimento.

  -- Lana a Victoria te explicou suas origens? -- perguntou Teresa olhando em minha direção.

  -- Explicou -- respondi ainda meio perdida naquilo tudo -- máfia e tudo mais.

  -- Então não precisa contextualizar, agora abaixa esse braço e cala a boca Mel senão eu mesma vou fazer isso -- disse a beta pela primeira vez se exaltando me pegando de surpresa.

  -- Não se assuste é só o remédio -- sussurrou Vic tentando justificar a atitude da amiga me fazendo olha-la curiosa -- os efeitos colaterais são muito severos e a deixam em constante desconforto e dor, sem falar da insônia, sangramentos porque alguns vasos finos se rompem e ainda afeta o seu ciclo menstrual.

  -- Eu sabia que era ruim, mas não sabia que era tanto -- disse chocada com aquela afirmação.

  -- É pior, eu garanto, mas vamos prestar atenção antes que a Teresa desenvolver algum super poder e possa nós matar com os olhos -- disse Vic de forma rápida dando leves tapinhas no meu ombro -- o que eu não duvido, ela vive enfunada num laboratório.

  -- Chega de conversa paralela que eu quero terminar isso ainda hoje.

  -- Mas eu tô com fome -- disse Davi erguendo o braço.

  -- Ah, meu santo Deus.

Continua...  

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora