Capítulo 21

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  Eu não estava conseguindo processar tudo o que estava acontecendo era muita informação num espaço muito curto de tempo e aqueles olhos verdes que pareciam ler a minha alma era como se não precisasse dizer uma única palavra para que pudesse saber sobre os meus sentimentos e o que estava passando em minha mente, mas não era desconfortável pelo contrário aqueles olhos transmitiam tanta ternura e gentileza que eu não conseguia não me sentir confortável com sua presença apesar do tom duro que usava com Victoria encolhida ao meu lado.

  -- Mas não vou pedir que faça isso agora, pois sei que farar isso mais por ser um pedido meu do que por sua própria culpa -- disse a beta apoiando o rosto sobre uma das mãos enquanto a outra brincava com a xícara em sua frente -- mas faça ainda hoje, não por mim ou por você, mas sim pela maior vitima dessa situação.

  Victoria não se pronunciara nem para negar ou confirmar o que ouvira mantendo sua cabeça baixa, imóvel, era claro por seu comportamento o quanto a mais nova respeitava a beta e que ficava assim não por temer sua raiva, mas sim pela decepção mal disfarçada em seu olhar junto a uma tristeza que deixava seus olhos meio opacos.

  -- Vi termine o café e espere na porta -- disse Teresa num tom calmo fazendo que Vic a olhasse enfim, parecendo receosa -- isso não é um pedido Victoria.

  Parecendo incapaz de falar ela se levanta levando a xícara para a pia antes de se dirigir para porta em passos lentos como se houvesse colocado chumbo em seus ténis.

  -- E Vi só estou adiando essa conversa ainda vamos tê-la, num momento mais oportuno -- disse a olhando -- e quero sua colega na reunião, sugiro que a atualize antes.

  Com essa frase Victoria sai fechado a porta atrás de si fazendo que a beta voltasse sua atenção totalmente para mim assumindo uma postura mais séria afastando sua xícara pro lado.

  -- Agora que ela saiu podemos ter uma conversa mais... sincera -- disse Teresa mantendo o mesmo tom abrindo um sorriso tranquilo -- ou seja, eu posso tirar algumas de suas duvidas, não muitas e nada muito especifico, mas isso é o mínimo que posso fazer levando em conta as atuais circunstancias.

  Quando Victoria saíra me deixando sozinha com sua amiga admito que acabei ficando um pouco nervosa, pois mesmo que estivesse bem confortável com ela não estava certa sobre suas intenções até ouvir aquela frase.

  -- O que você quis dizer com "bom exemplo"? -- questionei o que me parecia mais seguro a vendo respirar fundo como se não tivesse muito certa sobre as próximas palavras que diria passando o polegar levemente sobre os dentes do conto esquerdo de sua boca.

  -- T.P.C.I -- respondeu virando brevemente o rosto pro lado.

  Com isso algumas peças se encaixaram na conversa que tivera sobre com a Vic o que me fizera reparar em detalhes da anfitriã que não conseguia antes como, a sua total ausência de cheiro, não era como a Victoria que ainda dava para sentir alguma coisa mesmo que não desse para dizer do que se tratava ou de outros betas que tinham um cheiro bem fraco, a Teresa não cheirava a nada acendendo uma lâmpada na minha cabeça.

  -- Você é uma recessiva -- disse surpresa a vendo fazer uma careta ao trincar os dentes tendo um olhar amargo.

  -- Não fale nunca mais essa palavra na minha frente, nunca -- disse Teresa num tom duro e contido.

  Pelo o que descobrir sobre os recessivos por conta da breve pesquisa que fiz a poucos dias movida por minha curiosidade sobre T.P.C.I era que eles recebem extremo desprezo pela sociedade que variavam entre negar sua existência ou repudia-los totalmente. E o leve tremor de raiva por seu corpo deixava claro que a beta em minha frente não era uma exceção.

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora