Capítulo 24

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  O clima da sala continuava pesado por conta das dúvidas que pairavam entre nós duas e parecia que nenhuma sabia ao certo como dispensa-lo, fazendo que o silencio voltasse a incomodar meus ouvidos e cada célula do meu corpo me mandasse quebra-lo, mas eu não sabia como, até que o meu próprio corpo resolvera por mim roncando.

  -- Acho que precisamos comer... sabe para repor as energias -- disse corando embaraçada.

  -- É uma boa ideia -- concordou Lana se levantando de forma lenta.

  -- Eu não tô com muito saco pra cozinhar hoje -- confessei num tom cansado me deitando completamente no sofá com um dos braços cobrindo os meus olhos.

  -- Pizza? -- perguntou Lana parecendo tão cansada quanto eu ainda parada do lado do sofá.

  -- Nada italiano, por favor -- pedi suspirando cansada de mais para me mexer.

  -- Yakisoba?

  Em resposta eu apenas dou de ombros, não demora mais do que 5 minutos para Lana fazer o nosso pedido voltando para o meu lado se sentando no espaço que sobrara em minha pernas.

  -- Vic.

  -- Hum.

  -- Aonde está a sua marca? -- questionou Lana soando insegura, o que não era nenhuma surpresa, afinal a marca era a maior prova do nosso laço e ela até então não a havia visto.

  -- Acho que já deveria ter mostrado, desculpa -- disse me levantando um pouco ainda ficando meio deitada puxando a gola da blusa um pouco pro lado revelando a tatuagem próximo a minha clavícula, o desenho ainda não estava muito legível mostrando que ainda tínhamos um longo caminho, mas estava lá.

  -- Como conseguiu esconde-la? -- questionou estendendo a mão em minha direção como se fosse tocá-la, porém rapidamente parando o gesto deixando seu braço cair ao lado do corpo, talvez lembrando do que havia dito momentos atrás sobre toques.

  -- Não uso muitas camisas que deixe exposto essa parte e as que deixam colocava um pouco de maquiagem -- confessei segurando sua mão me sentando ao seu lado ficando a pouco centímetros de distância -- Lana quando eu disse que toques me incomodavam, eu estava me referindo a toques mais... íntimos, você pode me abraçar ou coisas assim, contanto que não ultrapasse esse nível, afinal já nos abraçamos antes.

  -- Olha você não precisa me contar se não quiser, mas por que você tem problemas com toques mais intimas? -- questiona Lana meio envergonhada olhando para a mão que segurava me fazendo iniciar um leve carinho querendo tranquilizá-la.

  Aquele era um assunto delicado? Sem dúvida, um dos mais para ser sincera, mas não queria que ela descobrisse de outra forma ou se sentisse rejeitada de algum jeito.

  -- Tem haver com o 1 ano que tentei agir como uma alfa -- comecei desviando o olhar enquanto fazia uma careta -- por mais que estivesse tentando eu me recusava a ficar com varias ômegas, não podem me culpar por ser romântica.

  -- Então você é a alfa que gosta de filmes de romance -- disse Lana de repente num tom empolgado.

  -- Mais ou menos, ainda conheço uma que também gosta -- disse sorrindo brincalhona lembrando da figura.

  -- E vai me apresentar? -- questionou ela usando o mesmo tom.

  -- Sim, daqui a uma semana, seja paciente -- disse mantendo o mesmo sorriso lhe dando leves tapinhas em suas mãos -- bem, aonde foi que eu parei?

  -- Você não queria ser uma cafajeste -- respondeu Lana revirando os olhos.

  -- Isso, então acabei começando a namorar uma ômega que vivia perto de mim -- continuei reprimindo as lembranças antes que meu desconforto chegasse ao meu rosto -- acredite eu tentei gosta de verdade dela, mas... ela não gostava realmente de mim.

  Depois de dizer isso fico em silencio por alguns segundos enquanto pensava nas próximas palavras que diria escolhendo cada uma com extremo cuidado devido ao que estava prestes a contar.

  -- Não tínhamos um relacionamento perfeito, mas não era totalmente ruim -- prosseguir a história começando a brincar com os dedos de sua mão querendo me distrair um pouco -- mas ela começou a me pressionar a passar o meu cio com ela e bem... não foi uma boa primeira experiência, eu me sentir usada e sendo usada, pode parecer bobagem , mas eu queria me sentir ligada a ela de forma mais... emocional, que fosse especial ou sei lá.

  -- Sinto muito por isso -- disse Lana parecendo que diria outra coisa, mas que desistira no meio.

  -- Tudo bem, todo mundo diz que a primeira vez é ruim -- disse meio sem jeito dando de ombro -- mas também não é como se ela tivesse me forçado ou algo assim, foi consensual.

  -- Vic me escuta -- pediu segurando meu rosto entre suas mãos me fazendo olhá-la nos olhos -- ela deveria ter respeitado o seu tempo e não ter te pressionado a fazer algo que você claramente não estava pronta e, eu, vou respeitar, afinal não sou nenhuma adolescente que acha que o sexo é tudo na relação, sem contar que esse lance de maraca é muito novo para nós duas, ainda precisamos descobrir os limites uma da outra e nos adaptar a essa situação inusitada e, pra isso, precisamos de tempo e vamos ter esse tempo.

  Incapaz de dizer qualquer coisa devido ao choro de alivio que tentava segurar mesmo que sentisse algumas poucas lágrimas descerem por meu rosto me limito a acariciar uma de suas mãos, sentindo sua testa encostar na minha e nossas respirações se misturarem, fechando os meus olhos apreciando tal momento, quando ele é quebrado pelo soar do interfone.

  -- Eu atento -- disse Lana antes que eu pudesse o fazer se levantando do sofá.

  Como já era de se esperar se tratava do entregador com nossa comida e novamente sem me dar a chance de me pronunciar contra, Lana descera buscando o Yakisoba voltando em poucos minutos pegando os pratos e talheres os colocando sob a mesinha próxima ao sofá.

  Entendendo a sua intenção me sento no chão ao seu lado a ajudando a servir a comida, a comendo em silencio por alguns minutos, minutos esses que usei para assimilar tudo que acontecera inacreditavelmente num único dia.

  A minha irmã fugira de casa para não ser forçada a um casamento arranjado, a Lana descobrira que tinha uma irmã, a Manu revelara para a Lana que eu era uma alfa lúpus, Lana descobrira que a minha loba a marcou, tive que levar a louca da minha irmã para a Teresa e deixá-la lá, contei que sou da máfia e contei sobre a minha ex, e por mais estranho que pareça isso só foi a algumas horas.

  E daqui a uma semana ainda teria mais coisas para ser revelado, pelo menos sei que o quinteto vai gostar da Lana só não sei bem qual vai ser sua reação com aqueles loucos, que eu amo, mas isso não atesta a sanidade deles. Só espero que ela não tenha que encontra a Bruna, a mulher é um imã de problemas e eu já tenho os meus para resolver.

  Mas considerando tudo é muito provável que a veja.

  -- Algum problema? -- perguntou parecendo preocupada.

  -- Eu faço um yakisoba melhor -- respondi apontando para o meu prato -- e antes que diga algo lembre que já me pagou com a língua uma vez.

  Bem, vou deixar para me preocupar com isso semana que vem.

Continua...

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora