Capítulo 36

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  Enquanto Lara se encarregava de chamar as meninas, decidir arrumar a mesa para mais pessoas, 4 ao todo, porém algo rapidamente me veio a mente.

  — Lara posso convidar alguém? — questionei a olhando, parando de retirar o prato intocado de Ivete.

  Ela nem provou a carne.

  — Quem tem em mente? — perguntou, curiosa e talvez um pouco desconfiada, pude notar isso pelo leve erguer de sua sobrancelha, não fora muito, quase não se notava a diferença de sua expressão normal, mas eu vi e fora suficiente para me deixar momentaneamente inquieta.

  — Não se preocupe, não é ninguém do quinteto — respondi, a tranquilizando caso essa fosse a sua insegurança — estou pensando em convidar uma amiga que trabalha comigo na boate, acho que você já viu ela, então... posso convidar?

  — A casa também é sua Vic, você pode convidar quem quiser — disse Lara, num tom tranquilo — inclusive os membros do quinteto.

  — Nam... eles devem estar ocupados — disse, querendo passar a mesma tranquilidade, mas sabia que não conseguiria, principalmente por que nós duas sabíamos o real motivo de não chamá-las, eu simplesmente não queria que me expusessem mais.

  — Com medinho que eles contem algo que eu não deva saber? — questionou Lara num sorriso travesso.

  — Não vou mentir dizendo que não, mas no caso, é porque eu mesma quero contar eles — respondi a olhando antes de ir em direção a cozinha, guardar aquele prato intocado, não o queria pairando sobre nós, como uma lembrança de uma visita tão desagradável.

  — Posso ter pelo menos uma dica do que seriam eles? — perguntou, soando mais próxima de mim, devia está no balcão e realmente estava quando me virei, me deparando com sua imagem, inclinada sobre ele, com seus braços cruzados, um sorriso mais leve, tendo alguns fios de seus cabelos soltos em seu rosto.

  Eu não havia reparado sua aparência até aquele momento, primeiro por causa do meu nervosismo e depois, pela raiva que sentira perante as palavras que ouvira. Mas agora, que não tinha mais nada me roubando minha atenção, além da morena em minha frente.

  Lara estava bem menos formal do que eu, vestindo um vestido azul clarinho, que não mostrava muito, mas tão pouco escondia, usando uma simples corrente de prata com o pingente sendo três espirais, com seus cabelos presos num coque alto que agora, estava um pouco bagunçado.

  Tive que refrear a vontade repentina de afastar um dos fios para longe de seu rosto, mesmo não sabendo o porque exatamente fiz isso e no momento, não estava disposta a descobrir.

  Sem falar no fato que o silencio atípico de minha loba, durante toda aquela situação, estava me preocupando terrivelmente, porém fui puxada para fora de meus pensamentos por Lara.

  — Sabe que já pode tirar essa roupa, né? — questionou com um sorriso de lado enquanto parava de se apoiar no balcão.

  — Como? — perguntei tentando inutilmente processar o que havia ouvido, a vendo circular o balcão se aproximando ainda mais de mim.

  — Só estou dizendo que você deveria se trocar, já que os nossos amigos estão vindo — explicou Lara de forma calma, ajeitando a gola da minha camisa, eu quase pude sentir seus dedos tocarem a pele do meu pescoço.

  Somente esse simples pensamento, fez o meu corpo inteiro arrepiar, engolindo em seco ao senti-la descer sua mão por cima da minha camisa, parando próximo ao meu coração, que no momento parecia querer sair do peito de tão forte que batia.

  — Você não precisa ficar tão desconfortável — disse num tom baixo, mas desconfiava que fosse coisa da minha imaginação.

  Eu estava tensa e duvidava que não soubesse, mas Lara estava agindo de forma tão calma que deixava claro que não possuía segundas intenções, ainda assim não sabia bem como processar aquilo.

  As sensações que estava sentindo no momento eram muito novas para mim e a marca só as intensificavam, não tinha nenhuma experiencia real em lidar com elas, principalmente devido ao fato que havia praticamente me castrado como a minha irmã gostava de frisar.

  E o calor de sua mão passando por minha camisa só deixava aquilo mais difícil.

  Sentindo a mesma necessidade de recuar quanto de me aproximar, mas não conseguia fazer nenhuma das duas, era como se os meus pés tivessem presos ao chão. A situação lembrava muito a primeira vez que me beijara, quando ainda não sabia que eu era alfa e essa lembrança ficava ainda mais presente devido ao beijo que trocamos antes da chegada da Ivete.

  O que tornava tudo ainda mais difícil.

  Cadê a porcaria da minha Loba quando eu preciso dela?

  Fala alguma coisa criatura!

  Porém a única coisa que recebi fora o seu silencio, não sabia o que a Lara queria, não sabia o que, eu, queria naquela situação, porém só tinha uma certeza, não podia ficar calada.

  — Se eu for me trocar acho que você deveria soltar o cabelo — disse, finalmente me rendendo a uma das vontades que tinha, afastando um dos fios de seu rosto — na minha opinião você fica melhor com ele assim, mas se não quiser tudo bem.

  — Se você se trocar primeiro, eu penso nisso — disse Lara dando tapinhas no meu peito, se afastando em alguns passos em seguida — mas é serio, vai se trocar, que eu coloco a mesa.

  — Sim senhora — disse sorrindo, que bom que uma de nós sabia o que fazer com aquela situação.

  Com isso eu rapidamente vou em direção ao meu quarto, colocando uma camisa azul e amarelo, pegando uma bermuda com as mesmas cores, tirando os sapatos, mexendo um pouco os meus dedos ficando muito mais confortável daquela forma, deixando os meus cabelos soltos antes de voltar para a sala, parando por pouco tempo para ligar para a Rebeca que confirma sua presença.

  — Agora sim parece mais com você — disse Lara me recebendo com um sorriso caloroso.

  — Também penso assim — disse com o mesmo sorriso, passando a mão pela camisa.

  — Afinal, de onde você tirou aquelas roupas? — questionou erguendo a sobrancelha.

  — Do fundo do meu armário — respondi dando de ombros — também não lembro quando comprei, talvez tenha sido presente, ficou estranho?

  — Um pouco sendo sincera — concordou Lara balançando um pouco a cabeça, rindo sem  graça — mas é só porque nunca te vi usando outras coisas.

  — Então é melhor ir se acostumando, vou começar a usar algumas bem parecidas logo logo — disse me aproximando, dando um tapinhas em seu ombro.

  — Como assim? — perguntou confusa, me vendo ir até a mesa.

  — Explico depois, mas aí, chamou eles? — perguntei ajeitando um dos pratos.

  — Já estão vindo — confirmou com as mãos nas costas — e a sua amiga?

  — Também — disse sorrindo satisfeita — no fim a minha comida não vai ser desperdiçada.

  — Bem, nós duas nos esforçamos por esse almoço — disse num tom meio risonho — sinceramente devo ter decorado o cardápio inteiro de tanto que você me fez prová-lo nesses últimos dias.

  — E vai dizer que não gostou? — questionei brincalhona.

  — Adorei, mas vamos pedir comida por um tempinho — disse ela no mesmo tom — a sua comida é boa, mas quero dar uma variada, sem ofensa.

  — Não ofendeu — disse dando de ombros — eu meio que também quero.

Continua...

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora