A minha médica era uma beta de 1,65 cm de cabelos loiros um pouco cheinha usando uma camisa florida e uma saia bege, normalmente ostentando um sorriso simpático na casa dos 50 anos, mas naquele momento enquanto olhava meu prontuário após a bateria de exames parecia preocupada.
— Lara eu vou ser sincera com você o seu problema não é físico — disse ela olhando em meus olhos — tudo bem que algumas taxas está um pouco altas, mas dá para culpar o estresse devido ao seu trabalho, o máximo que posso lhe dizer é tire umas férias, reduza a cafeína, saia mais, mas isso é só uma das causas não o verdadeiro problema do seu estado atual.
— E o que seria? — questionei ficando preocupada.
Gabriela parecia hesitante em responder aquela pergunta.
— Já ouviu falar de T.P.C.I? — perguntou ela.
— Não.
— Bem... é resumidamente um problema psicológico — respondeu — como ansiedade por exemplo que causa esse desconforto antes do cio.
— E o que o causa?
— Tem 3 alternativas e para descobrimos de qual delas se trata eu preciso que você seja totalmente sincera com as perguntas que vou fazer — começou Gabriela.
— Tudo bem.
— Primeiramente vou falar do mais simples de se resolver, que seria os inibidores, é provável que o seu corpo esteja rejeitando os que está tomando atualmente — prosseguiu ela — o jeito mais fácil de saber é parando de toma-los por um tempo, mas eu prefiro descartar as outras duas antes de recomenda-lo.
— Mas no caso desse ser a causa do problema é só parar o medicamento? — questionei preocupada, pois sabia que se largasse agora tão próximo do meu cio seria complicado.
— Bem, teríamos que esperar até seu corpo o eliminar completamente antes de testar outros para conseguimos achar o que melhor se adapta ao seu corpo e isso pode demorar um pouco.
— E a segunda alternativa?
— Lara, por favor não se ofenda com a minha próxima pergunta, mas... você possui um relacionamento próximo com algum beta?
— Eu moro com uma a 5 anos, mas você já sabe disso — respondi confusa.
— Eu não estava me referindo a esse tipo de relacionamento.
— Não, não, nananão — digo rapidamente sentindo o meu rosto queimar com uma imagem de Victoria se formando em minha mente — de jeito nenhum!
— Você não precisava ser tão enfática assim eu acredito em você — disse Gabriela docemente.
— Afinal, o que isso tem haver com o meu estado? — perguntei envergonhada com as minhas mãos cobrindo meu nariz e boca olhando para ela.
— Bem, como eu posso explicar? — questionou para si mesma pensativa — digamos que você entra numa batalha contra si mesma ou seja a sua loba interior causando um conflito entre seus sentimentos e instintos, principalmente um pouco antes de seu cio quando seus homônimos ficam mais a flor da pele.
— Como? — questionei ainda mais confusa.
— Pra simplificar é um desiquilíbrio hormonal causado por seu estado mental — respondeu — tal desiquilíbrio também afeta o beta devido a um certo hormônio que libera no ar, podendo causar mudanças comportamentais, potencializa o desenvolvimento de algum vício em ambas as partes gerado por estres excessivo, o tratamento recomendado é terapia de casal e um medicamento pra controle hormonal que está em fase de teste que eu como medica não recomendo devido aos efeitos colaterais, agora correndo o risco de soar preconceituosa, o jeito realmente efetivo seria encerrar o relacionamento e evitar relacionamentos como esse no futuro.
— Todo casal desse tipo corre esse risco? — perguntei com uma súbita curiosidade.
— Lara a uma porcentagem inferior a 2% de não ocorrência — disse suspirando — porém devido a falta de interesse da comunidade médica por essa doença não possuímos outros tratamentos para esse caso fora o que lhe contei, sinto muito.
— Não, tudo bem eu só estava curiosa mesmo — disse — agora e qual é a terceira alternativa?
— Aí eu sou orçada a fazer outra pergunta um tanto quanto intima — começou Gabriela — Lara, você tem uma relação ruim com algum alfa próximo a você.
— Fora os meus colegas de trabalho? Não — respondi sem entender o porquê daquela pergunta.
— Nem mesmo algum que poderia ser visto como amigo, porém irritante?
No momento que ela disse aquilo a imagem da Kally aparece de repente em minha mente.
— Acho que sim.
— Lara isso pode parecer um pouco improprio, mas preciso que tire a camisa — disse num tom sério.
— Mas o que isso tem haver com...
— Só tire eu preciso conferir uma coisa.
Mesmo não entendendo o que acontecia retiro minha camisa sobre o olhar atento de minha medica.
— Deus! — exclamou ela surpresa — meus parabéns Lara você acaba de entrar num grupo bem exclusivo.
— Como? — perguntei confusa.
— Já ouviu falar de marca verdadeira?
— Um pouco, por quê?
— Você tem uma e no seu caso não é uma boa noticia — respondeu Gabriela — agora eu tenho que comunicar isso para a comunidade cientifica porque você literalmente 53ª caso de marca verdadeira que temos conhecimento e vai por mim esse é um numero ridículo.
Assim que ouvir aquilo começo a procurar a marca encontrando uma tatuagem desbotada que mal dava para saber do que se tratava o desenho localizada em meu ombro, chocada com o que via tocando-o.
— Por que isso é uma má noticia — questionei confusa.
— Porque parece que um dos dois está negando a marca — disse ela — e se continuar assim...
— O que, a gente morre? — perguntei num tom de piada.
— No pior dos casos.
— Tá de brincadeira, né?
— Gostaria muito.
— Como isso foi acontecer? — questionei desesperada.
— Isso tem haver com a sua loba e o dele no caso — respondeu Gabriela.
— Dela — corrijo — eu tenho uma relação com uma alfa.
— Ambas as lobas interiores se escolheram, porém uma das partes está negando essa escolha mesmo que inconscientemente e o melhor para as duas é se entenderem.
— Mas como eu posso ter certeza que é ela? — questionei colocando a camisa de volta e olhando pela última vez a tatuagem que se formava.
— Simples, ela vai ter a mesma tatuagem, podendo está localizada no ombro, no pescoço ou em alguns casos no pulso — respondeu minha médica — sendo assim não será tão difícil de se descobrir.
— Então é só eu ter um relacionamento com ela e o desconforto passa? — perguntei.
— Falando de forma simples, sim.
— Mas como eu faço isso? — questionei lembrando de como era nossa relação até então.
— Lara até onde eu sei sou médica não conselheira amorosa — respondeu Gabriela — mas como amiga, acho que conversar seria um bom começo.
Continua...
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A inofensiva (ABO)
FanfictionLara é uma ômega muito responsável e que luta pela sua própria independência, mas que começará a se preocupar que com os seus 28 anos ainda não encontrará o seu Alfa, problema é que ela procura por um Alfa calmo, gentil e que não tenha um temperamen...