Capítulo 20

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  A viagem demorara o suficiente para quando chegamos no estacionamento do apartamento onde minha amiga morava um pouco depois do nascer do sol devia ser umas 6:05 e considerando a pouca movimentação na rua claramente a maioria das pessoas dormiam, apesar da relutância que tinha desligo o carro tirando o cinto saindo apenas para abrir com cuidado a porta onde minha irmã dormia encostada a segurando antes que caísse a sacudindo pelos ombros.

  -- Chegamos? -- perguntou sonolenta bochechando.

  -- Sim, sai -- disse num tom baixo, mas duro.

  Tendo feito isso dou a volta fazendo o mesmo com Lara, porém sendo mais gentil lhe oferecendo a mão quando iria sair.

  -- Tô vendo essa diferença de tratamento aí, isso é claramente discriminação -- disse Manu num tom de brincadeira me fazendo cala-la com o olhar a vendo dobrar os braços para cima em sinal de rendição.

  -- Onde estamos? -- questionou Lara assim que solto sua mão fechando sua porta.

  -- Do lado da Universidade Luís Castelo a minha amiga faz o doutorado lá -- respondi calma -- ela é a dona do lugar onde minha irmã vai passar o cio.

  Dava para ver as duvidas rondando a cabeça de Lara, mas parecia que ela decidiria não verbaliza-las por agora, coisa que agradecia profundamente pois não estava e nem me sentia pronta para responde-las.

  Com isso andamos silenciosamente para dentro do prédio sendo seguidas por uma Manuela saltitante a única que parecia feliz pela situação o que não me surpreendia pois ela e Tereza sempre foram estranhamente próximas apesar das personalidades contrastantes de ambas. Tivera até mesmo um tempo que cheguei a pensar que elas ficavam, porém não demorara muito para descartar tal pensamento levando em conta a personalidade da mais velha, mas conhecendo a minha irmã não duvidava nada que se dependesse dela as duas realmente teriam mais que uma simples amizade, apesar de não ter uma real ideia da profundidade dos sentimentos de Manu pela beta.

  Não demora muito para chegar ao seu apartamento sendo a segunda porta a direita do segundo andar, demorando menos ainda para minha irmã tocar a campainha e a porta ser aberta.

  -- Loirinha -- disse a mais velha num tom cansado, porém feliz segurando Manu que se jogara em seus braços a erguendo levemente com apensas um dos braços.

  Tereza era uma mulher de 27 anos de cabelos castanhos claros curtos que desciam por seu rosto em cachos deixando claro que acordara a pouco tempo, pois tinha o hábito de alisa-los com gel, sendo ao menos 2 cm mais baixa que minha irmã a tornando mais alta que a media dos betas, de pele pálida não natural, afinal ela sempre fora naturalmente bronzeada pelo o que me lembrava, creio que seu tempo no laboratório lhe roubara a cor, ao abrir seus olhos quando soltara minha irmã revelando se tratar de um verde esmeralda tendo profundas olheiras mostrando o quão raras eram boas noites de sono para si, demostrando todo seu cansaço por seu corpo dês dos ombros caídos até suas pálpebras baixas, tendo ele atenuado em seu rosto devido ao pequeno sorriso que compartilhava com minha irmã.

  A beta claramente não tinha a menor intenção de sair de casa, vestida com uma calça moletom cinza um pouco larga mostrando o inicio de sua calcinha boxe verde quando abraçara minha irmã, usando uma regata branca meio amarelada devido ao uso prolongado, possuindo uma munhequeira preta em seu pulso direito que sabia apenas usar para esconder uma tatuagem da máfia que fazia parte, sim máfia, porém não me aprofundarei no assunto, tendo seus pés descalços.

  -- No que vocês se meteram dessa vez? -- perguntou olhando diretamente para mim antes de erguer uma de suas sobrancelhas em indagação ao notar a presença de Lara ao meu lado.

  -- Pergunta a essa imbecil aí -- respondi apontando para Manu.

  -- Com certeza vou fazer isso -- disse Tereza se voltando novamente para a minha irmã -- mas primeiro entrem eu acabei de fazer um café e pelos rostos de vocês tão precisando.

  -- Não quero incomodar -- disse rapidamente negando -- só vim trazer a minha irmã.

  -- Se não queria incomodar não teria trazido uma ômega prestes a entrar no cio para minha casa -- rebateu ela num tom áspero me fazendo encolher os ombros como uma criança levando bronca e sendo sincera eu me sentia como uma -- agora entrem de uma vez, pois minha curiosidade não se resume apenas a presença de Manu aqui.

  Ao dizer aquilo Tereza dar leves batidinhas com o dedo em seu nariz deixando claro que havia notado o meu problema, não precisava nem olhar para a mais velha para saber o quão decepcionada estava, sem dizer uma única palavra a sigo para dentro de cabeça baixa notando que ela não fechara a porta e seu ar cansado ser rapidamente trocado por um irritado.

  E só fora entender o porquê ao me deparar com uma morena que não parecia ter mais de 22 sentada sobre o balcão com suas pernas cruzadas usando roupas esportivas, tendo seus cabelos longos amarrados num rabo de cavalo e seus fones rosas caídos sobre seus ombros com sua pele levemente suada denunciando que acabara de voltar de uma caminhada o que deixava seus feromônios ainda mais evidentes no ambiente.

  A ômega mais nova olhava entre a beta e minha irmã antes de parar totalmente sobre Tereza, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa é puxada para fora do balcão por minha amiga.

  -- Vejo que terminou a água, agora sai -- disse Tereza soltando seu braço antes de apontar para a saída com a cabeça.

  -- A gente ainda não terminou de conversar -- disse a garota contrariada.

  -- Eu terminei -- disse minha amiga empurrando ela pelos ombros até a porta -- gostaria de dizer que foi um prazer Maria, mas não sou adepta a mentiras tão descaradas, tenha um bom dia, não volte nunca mais.

  Ok, o que aconteceu aqui?

  -- Não perguntem -- disse rapidamente, indo para a cozinha pegando a jarra de café e três xícaras os colocando sobre o balcão -- com ou sem açúcar?

  -- Não acho uma boa ideia, eu vou dormir daqui a pouco -- respondi me sentando num dos bancos obedecendo a ordem silenciosa dela.

  -- É descafeinado -- acrescentou enchendo as xícaras -- já sofro de insônia não preciso dificultar ainda mais o meu sono.

  -- Puro, por favor -- disse aceitando por fim tomando o primeiro gole sobre o olhar inquisidor da beta.

  -- Tem leite? -- perguntou minha irmã sorrindo ansiosa, ela tá doida para eu levar uma bronca.

  -- Geladeira -- respondeu forçando sua atenção na Lara que ficara quieta durante toda a conversa, notando seu nervosismo Tereza assume uma postura calma abrindo um sorriso gentil -- desculpa pela falta de jeito, eu me chamo Tereza sou amiga das gêmeas a quase 10 anos e você se chama?

  -- Lara, me chamo Lara -- começou de forma tímida -- eu moro com a Victoria.

  -- É um prazer -- disse mantendo o sorriso acompanhando minha irmã pelo canto do olho  -- Manuela vou lhe dar meia hora de sono antes de ter levar pro chalé, termine rápido.

  -- Mas...

  -- Manuela eu só não lhe estou questionando porque tenho uma leve ideia do que a trouxe aqui -- cortou Tereza com suas mãos entrelaçadas embaixo do queixo sem realmente olha-la -- e por conta do seu cio, mas assim que ele acabar vamos ter uma conversa, então sugiro que gaste esses dois dias anteriores para deixar por escrito os seus motivos para a reunião do quinteto.

  Sem dizer uma única palavra minha irmã termina o café em três goles sumindo no corredor.

  -- Vi eu realmente não esperava ter que dizer algo sobre isso -- disse Tereza colocando as mãos sobre o balcão me fazendo senti-me como uma criança malcriada -- eu já não sou um exemplo bom o suficiente?

  -- Desculpa -- disse brincando com os meus dedos incapaz de olha-la tamanha era minha vergonha.

  -- Não é a mim que você deve desculpas -- disse dura apontando para Lara.

Continua...

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora