Capítulo 2

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  — Como foi a reunião? — questionou uma de minhas amigas naquela empresa entrando em minha sala.

  — Poderia ter sido melhor, admito — confesso massageando minhas têmporas inclinando a cadeira para trás.

  — Pelo menos o projeto foi aprovado — argumentou Margarida sorrindo levemente.

  — Só que não sobre minha liderança eles tiraram o projeto de mim — digo num tom cansado — disseram que eu não poderia lidar com algo tão grande e que deveria começar a pensar em algo que se encaixe mais no meu ''nível''.

  Naquela altura já estava cansada demais para ficar irritada com meus chefes, ficar irritada não mudaria minha situação, poderia até piorar e ser demitida não estava nos meus planos.

  — Bem, talvez você consiga na próxima.

  — Você realmente acredita no que diz? — questiono.

  — É só um pequeno empecilho no caminho — encorajou minha amiga.

  As vezes gostaria de viver no mesmo mundinho da Margarida é mais simples ver o mundo pelos olhos dela, mas infelizmente a vida não é tão fácil assim, era muito mais provável que eu fosse rebaixada para que eles possam colocar alguém no meu lugar, possivelmente um alfa.

  Talvez devesse tentar a sorte em outra empresa com mais chance de progresso, mas isso seria o mesmo que jogar todos os meus anos de esforço no ralo e nem tinha muita garantia que conseguisse uma posição bem remunerada, ouvindo meu resmungo minha amiga questionou: — Mas isso não é a única coisa que está lhe incomodando, né?

  — E tem alguma coisa que não a incomoda ultimamente? — questionou uma colega de trabalho que entrará na minha sala.

  — Olha eu não estou com cabeça para lidar com você hoje Kally — digo querendo que a alfa saísse da sala antes que eu perdesse as estribeiras de vez.

  — Você nunca está com cabeça pra lidar comigo Lara — argumentou a outra — por isso tenho que insistir nas nossas conversas.

  — O que você quer? — questiono querendo acabar logo com aquela chateação antes que me causasse enxaqueca.

  — Bem, eu soube o que ouve com o seu projeto então gostaria de saber se quer trabalhar nele — disse a alfa me fazendo olhar-la desconfiada.

  — Você recebeu o projeto não foi? — pergunto apesar de já saber qual seria a resposta — apesar que já sabia que isso aconteceria, só falta eles mandarem você dizer que teve a ideia para o projeto ou pior fazer uma alterações meia boca só para fingir que não copiaram me tirando completamente da jogada.

  — Lara você está deixando sua voz interior sair — disse Kally num tom risonho.

  — Ah, acredite a minha voz interior está dizendo coisas piores, esse é o meu lado racional falando — digo engolindo o meu orgulho — mas sim eu quero fazer parte prefiro morrer a deixar alguém destruir o trabalho que me dediquei tanto a fazer.

  — Ótimo, mas tarde eu passo para lhe explicar tudo — disse ela.

  — Claro pode vim me explicar o projeto que eu idealizei — digo revirando os olhos.

  — Sem ironia Lara não pega bem para você — disse ela abrindo a porta.

  — Eu vou fingir que não ouvir isso — digo a vendo sair — vai ficar quanto tempo aqui Margarida?

  — Você realmente não está de bom humor hoje — observou minha amiga — o que aconteceu, você não ajé assim?

  — Hum... deixa eu ver, os meus chefes são uns machistas idiotas — começo — que subestimam a minha capacidade não só por eu ser mulher, mas também por ser ômega e pra ser sincera não faço ideia  porque ainda perco o meu tempo com alfas.

  — Encontro fracassado de novo, né? — questionou Margarida.

— Eu consigo lidar com encontros fracassados — digo vendo minha amiga erguer a sobrancelha descrente — o que me irrita mesmo são as ligações da minha mãe depois.

  — Ela só faz isso pro seu bem — argumentou minha amiga.

  — Ah, claro me tratar como uma pessoa incapaz de tomar minhas próprias decisões é pro meu bem — digo antes de acrescentar enumerando com os dedos — no momento que eu sair da casa dela, comecei a pagar as minhas contas e me tornei maior de idade, ela perdeu o direito de dizer como devo viver a minha vida.

  — Mas Lara ela é sua mãe — disse Margarida surpresa por meu discurso.

  — Acredite eu sei disso e ela não cansa de me lembrar — digo — mas não sou um fantoche pra ela controlar, agora se me der licença tenho que trabalhar.

  Vendo que não conseguiria insistir mais no assunto minha amiga saí da sala deixando que eu voltasse a trabalhar o que faço por algumas horas até que perto do meu horário de saída escuto minha porta se abrindo. — Vim falar com você sobre o projeto, mas se estiver muito ocupada eu posso voltar amanhã — disse Kally sem entrar realmente.

  — Eu sempre estou ocupada pra você, mas isso nunca lhe foi um impedimento — digo estranhando um pouco aquele comportamento da alfa — agora entre de uma vez, aqui não é a sala só diretor pra agir assim.

  Com isso a alfa enfim entra na sala fechando a porta atrás de si segurando a proposta do projeto em mãos. — Eu sei que é meio cara de pau de minha parte lhe explicar um projeto que você criou, mas fizemos algumas leves alteração — disse Kally enquanto se aproximava de minha mesa.

  Sei que não me encontro no meu melhor dia, mas não é como se eu fosse atacar ela e nem poderia se realmente quisesse fazer isso, afinal seria demitida no ato e por mais que odeie meus chefes adoro o meu trabalho.

  — Sabe que não vou jogar nada em você, né? — pergunto ao pegar os documentos.

  — Prefiro não ariscar — confessou ela — já lidei com umas ômegas bem violentas.

  — E eu não sou uma delas posso garantir isso — digo dando uma leve folheada no projeto — eu lato mas não mordo, agora sente está me dando torcicolo.

  Com isso pela próxima meia hora explicou as alterações feitas e o meu papel no projeto, quando enfim terminamos a rápida explicação de tudo decidimos ir cada uma para sua casa.

  — O dia de hoje foi longo — digo massageando meu pescoço tentando aliviar o incomodo que sentia antes de me encostar no banco do carro soltando um suspiro — e creio que amanhã será pior.

  Quando ia ligar o carro escuto meu celular indicar que chegará uma mensagem: "Deixei comida na geladeira esquente quando chegar, ah como foi a reunião? Aposto que foi bem, mas se não já disse que seus chefes são idiotas e não conseguem ver um talento que encontram e que deveria ter saído dessa empresa faz tempo.

Ah, é a Victoria."

  — Só mesmo essa doida pra me fazer sorrir numa situação dessas. — Antes que pudesse notar toda a tensão que sentia sumido com aquela simples mensagem.

Continua...

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora