Capítulo 8

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  Ao fim da minha consulta mando uma mensagem para Kally e fico a esperando na porta do consultório enquanto mergulhava em meus pensamentos sobre o que viera a descobrir tentando entender tudo para que pudesse tomar uma decisão.

  — Lara, tudo bem? — questionou Kally parando o carro e abrindo a porta para que eu entrasse.

  — Só estou com muita coisa na cabeça — respondi entrando e colocando o cinto enquanto passava a mão por minha têmpora.

  — Pelo visto recebeu uma má noticia na sua consulta e se não me contar vou ficar agoniada pelo resto da semana — disse dando partida no carro tomando o caminho de minha casa.

  — Eu preciso maturar a informação na minha cabeça antes de compartilhar com mais alguém — confessei — mas não se preocupe assim que eu tiver mais informações e a minha cabeça estiver mais fresca, acredite eu vou te contar.

  Afinal, se a minha medica estiver ração ela faz tão parte disso quanto eu, só que a minha mente também não consegue descartar que a Vic também está no meio disso tudo, inclusive a repentina mudança de comportamento se encaixa muito numa das alternativas, mas a marca diz outra e isso me deixa ainda mais confusa.

  — Tudo bem, quando você conseguir se organizar me liga — disse estacionando o carro na frente do meu prédio — pronto entregue e sã e salva.

  — Obrigada Kally, acho que eu abusei um pouco da sua boa vontade, principalmente por eu não ser exatamente gentil com você — disse tirando o cinto tentando fazer o que a Gabriela havia me recomendado.

  — Sem problema Lara eu te conheço e sei bem o motivo de você ser assim — disse Kally sorrindo — não querendo desmerecer os meus colegas que são de mente muito estreita, mas tenho que admitir que eles não tratam as ômegas de um jeito exemplar, então é justificado esse seu pé atrás.

  — Você está colocando muitos panos quentes nos comportamentos deles — disse meio irritada — isso é algum tipo de regra?

  — Eu admito que em seu lugar eu não agiria melhor.

  — Em meu lugar, você nem estaria passando por isso — disse antes de suspirar alto — e estamos brigando de novo e eu querendo melhorar essa relação.

  — Desculpa, não devia ter tocado nesse assunto — disse levantando as mãos — mas isso me leva a uma duvida que eu sempre tive.

  — Que seria?

  — Por que você não saiu da empresa? — perguntou ela — afinal você é uma das melhores arquitetas que temos naquela empresa, poderia muito bem arrumar algo melhor e um ambiente menos... tóxico.

  — Você não é a única que pensa assim.

  — Então você já pensou nisso?

  — Está cada dia mais difícil não pensar nisso nos últimos tempos, principalmente porque a Victoria vive batendo nessa tecla toda vez que tem oportunidade — confessei — e estou começando a pensar que vocês tem ração, mas como eu vou fazer isso? Eu não estive envolvida em nenhum grande projeto, se eu sair terei que começar tudo de novo.

  — E se uma pessoa meio importante lhe der uma recomendação? — sugeriu fazendo graça.

  — E você conhece alguém assim?

  — Eu.

  — Muito obrigada, mas eu ainda estou pensando na ideia não vamos colocar a carroça na frente dos bois  — disse abrindo a porta — e eu tenho que ver se não tenho uma colega de apartamento desmaiada na sala.

  — Manda um abraço pra Vic.

  — Vou mandar — disse saindo, mas parando por me lembrar de algo — ah, Kally a pergunta pode parecer estranha, mas você tem se sentido mal ultimamente?

  — Na verdade nunca estive tão saudável, por que, é contagioso? — questionou preocupada.

  — Nada não, só curiosidade — respondi indo embora ainda mais confusa.

  Ok, nesse mato tem coelho, se a alfa fosse a Kally, então no mínimo ela devia está sentindo alguma coisa, agora se não for? Eu não convivo com tantos alfas assim o que me coloca na estaca zero.

  Ao abrir a porta reparo que não havia o menor sinal da Victoria na casa o que me deixou abatida, eu ainda tinha alguma esperança de resolver parte desse mistério hoje e o clima tenso que se estalou entre nós, mas parece que ela não pensava o mesmo.


  Um pouco depois que Lara saiu de casa recebo uma mensagem tão indesejada quanto esperada por isso não me demoro em me arrumar colocando uma das roupas mais discretas que tinha no meu guarda-roupa que se tratava de uma calça jeans meio gasta, um ténis tão gasto quanto e uma blusa de alça branca saindo sem deixar um recado.

  Não demorou para eu chegar numa cafeteria perto de casa me encontrando com uma mulher de cabelos negros curtos que batiam em seu queixo, de olhos azuis quase cinzas, de traços simples totalmente diferente das roupas que vestia se tratando de um casaco xadrez azul, uma camisa preta de um personagem de algum desenho que eu não sabia o nome e uma calça camuflada.

  — Oi Bruna, eu espero que seja importante — disse me sentando na cadeira em sua frente.

  — Pode parar por aí, você que me trouxe o assunto — disse Bruna num tom sério — e até onde me lembro você e todo o quinteto me deve a alma, então olha só como vai falar comigo.

  — Nem vem com isso que alguns de nós ainda tem juízo pra ficar longe de você — disse contendo minha irritação — e se depender de mim vão continuar bem longe.

  — Não vem bancar o cão de guarda pra cima de mim Victoria que eu sei muito bem que você late, mas não morde — disse risonha passando o dedo pelo queixo — não sou mulher de ter medo de cachorro acorrentado. 

  — Vamos parar com as brincadeiras e fala logo o que você quer.

  — Eu falei com a sua irmã e pensei que seria melhor falar sobre pessoalmente — respondeu séria.

  — E o que que ela disse?

Continua...

A confusão se estalou e parece que veio pra ficar na vida dessas duas. Então vocês tem alguma ideia de como isso vai desenrolar? E afinal, como é essa misteriosa irmã?

A inofensiva (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora