Capítulo 1

8.4K 390 51
                                    

Francisca desacelerou o carro na barreira dos altíssimos muros de Homeland. Alguém lhe dissera que os muros tinham seis metros de altura e ela não duvidava nada.
Entrou pela guarita, desligou o motor antes da cancela e saiu do carro, sua rotina há alguns meses; encostou-se à parede da portaria, enquanto seu automóvel seria vistoriado. Dois Novas Espécies de coletes e capacetes se aproximaram, um entrou no carro e o outro abaixou-se com um detector na mão.

Aqueles cuidados a deixavam tensa, mas sabia que nos últimos anos a sede da ONE sofrera alguns ataques. Não conseguia entender as pessoas que odiavam os Novas Espécies apenas por serem diferentes. Franziu os lábios; ela entendia de ser diferente.

Um Nova Espécie se aproximou e ela notou que era uma fêmea. A mulher a cumprimentou e pegou sua bolsa enorme, esvaziando o conteúdo sobre uma mesa. Além de um laptop de última geração, havia um livro, uma agenda lotada de papéis, sua necessáire, uma garrafa d'água e sua carteira.

A mulher levantou o livro e ficou observando a capa onde um guerreiro highlander sem camisa abraçava uma dama com um vestido desabotoado. Encolheu os dedos do pé, envergonhada.

Qual é o problema de eu gostar de guerreiros seminus?

Relaxou e deixou a mulher fazer o seu serviço.

Apesar da tensão de todos que participavam daqueles procedimentos, há mais de dois anos que não havia um ataque. Na época, os terroristas haviam explodido uma van ali mesmo na cancela.

A Nova Espécie deu-lhe um sorriso educado e devolveu a bolsa. Seu carro seria deixado no pátio interno e alguém viria buscá-la para levá-la ao laboratório de informática.

Francisca passava por aquela rotina mensalmente para atualização dos softwares que a organização usava. A ONE era especialmente cuidadosa com seus softwares. E ela, graças a uma indicação interna, conseguira aquele emprego.

Saiu da guarita e caminhou até a portaria. Olhou ao redor, mas não viu Flame, o Nova Espécie que geralmente a escoltava até o prédio dos escritórios. Foi até a mesa, onde um homem enorme falava ao telefone.

- Chegou aqui agora... Sim, avisarei. - ele colocou o fone sobre o aparelho e a encarou. - Francisca Melendez, sua escolta está atrasada.

- Ah, tá.

- Flame viria, mas foi solicitado para um serviço fora de Homeland. O oficial que a escoltará será Jericho.

Jericho. Que nome estranho. - pensou, imaginando como seria aquela pessoa. Por experiência própria sabia que os Novas Espécies eram todos muito bonitos. Rodney, o outro programador, dissera que todos eram geneticamente alterados para serem atraentes. Claro que ela sabia que havia uma boa dose de despeito nos comentários do amigo.

Bem que gostaria de ter sido geneticamente alterada, porém sua genética não fora muito generosa com ela. Apesar do bronzeado natural, sua herança latina apenas lhe dera um sobrepeso e quadris muito largos. Sua mãe dizia que os quadris largos eram um ponto positivo nas mulheres Melendez, mas ela sabia que seus quase noventa quilos distribuídos em 1,60 metros de altura não a tornavam atraente dentro do ideal de beleza do século XXI. Era, sim, uma gordinha baixinha! E herdara da mãe cabelos grossos e muito cacheados que deixava na altura dos ombros. Do pai a tendência a ter espinhas.

Sou um hobbit!

Um movimento na entrada da portaria chamou sua atenção. Virou-se e não conseguiu conter o espanto. À sua frente, estava o maior Nova Espécie que já vira e ele tinha... olhos vermelhos?

Recuou um passo quando o homem se aproximou dela. Sentiu-se minúscula perto dele.

- Francesca Melendez? - soou a voz muito grave.

JERICHO: Uma história Novas Espécies 2Onde histórias criam vida. Descubra agora