Capítulo 15

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Jericho se arrependeu do convite ao ver o queixo caído de Francisca. Sentiu-se um tolo. Como aquela mulher gostaria de dançar com ele, um macho assustador? Para disfarçar sua vergonha, tomou um gole de refrigerante.

- Eu danço muito mal. - ela respondeu.

- Eu nunca dancei com uma fêmea.

Ficaram se olhando. O rosto corado de Francisca mostrava que não estava confortável. Ele pensou que deveria sair da mesa, afastar-se dela. Que ousadia cometera!

- Eu d-danço com você.

Jericho não conseguiu esconder a surpresa.

- Tem certeza?

Ela apenas assentiu com a cabeça. Ainda sem acreditar, ele se colocou em pé e estendeu a mão para ela. Francisca a segurou e levantou-se.

Ele a conduziu para a pista de dança como se fosse uma criancinha. Passou por entre os casais e parou. Francisca ergueu o rosto para ele.

- Pronto?

Jericho pousou as mãos em seus quadris no mesmo momento em que ela ergueu as mãos e as colocou em seu ombro. Ele se inclinou um pouco, porque ela estava na ponta dos pés. Ficaram um instante parados, Jericho não sabia exatamente o que fazer. Olhou para o lado e observou um casal que se balançava lentamente ao ritmo da música. Sem olhar para Francisca balançou os quadris devagar, seguindo a música.

Francisca cruzou as mãos atrás do seu pescoço e ele se deu conta que aquela era a primeira que uma fêmea o abraçava. Sentiu um calor crescer em seu peito, constrangedoramente emocionado.

Percebeu que as espécies ao seu redor o olhavam admirados. Jericho com uma humana! Fingindo que não havia percebido o interesse, abaixou a cabeça.

Sentia-se desconjuntado perto  dela. O corpo de Francisca era tão macio e se encaixava no dele apesar da diferença de tamanhos. Os seios dela estavam encostados ao seu abdômen e o rosto na altura do seu peito. Queria aconchegá-la mais, porém sabia que a assustaria.

Abaixou um pouco mais a cabeça e, tentando ser discreto, afundou o nariz entre os cachos dos cabelos e sentiu o aroma de flores que vinha deles. 

A música terminou  e ele quase rosnou de frustração. Francisca ergueu o rosto e sorriu para ele.

- Viu? Agora é um dançarino experiente.

Ele sorriu para ela e sorriu mais ainda quando outra música lenta começou. Ouviu assobios e palmas e a pista de danças se encheu  mais; agora estavam cercados por casais.

Jericho imitou os machos ao seu lado e colocou uma mão nas costas de Francisca. Sem se conter, puxou-a contra seu corpo e a sensação de senti-la tão perto lhe arrancou um gemido baixinho. Imaginou que ela se assustaria, mas Francisca encostou a bochecha em seu peito.

Será que ela não estava sentindo medo dele? Lembrou-se dela dizendo que ele era forte e grande e sempre o olhava com um olhar espantado.

- Francisca?

- Sim?

- Está com medo de mim?

Ela ergueu o rosto para ele.

- Medo? Não. Acha que estou com medo?

- Eu causo medo.

- Não estou com medo.

- Já disse isso antes.

- Porque é verdade.

Jericho inclinou a cabeça para o lado, curioso.

JERICHO: Uma história Novas Espécies 2Onde histórias criam vida. Descubra agora