Capítulo 13

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Jericho percebera que Francisca passara a tarde altamente focada em seu trabalho. Ouviu-a dizer que a bagunça causada nos softwares era maior do que de Homeland, não terminariam o serviço naquele dia e torcia para que conseguissem no dia seguinte. Ouviu-a reclamar também que suas costas doíam de tanto ficar sentada.

Ele pensou que seria capaz de fazer uma massagem nela...

Como não podia ajudá-la, descera com Wind para lanchar e trouxera dois copos de suco de laranja. Colocou um copo à frente dela e, quando ela se espantou, colocou um na frente de Rodney.

- Ei, obrigado. - o rapaz agradeceu.

Francisca olhou para ele e fez um gesto de agradecimento com a cabeça. Jericho pegou uma cadeira e sentou-se ao contrário, observando enquanto ela abria a tampa do copo e tomava um gole da bebida.
Pensara naquela fêmea o dia todo.

Pela manhã carregara no corpo a sensação do corpo dela em seus braços, a carne macia contra sua rigidez, a forma confiante como ela deixara-se ser carregada e protegida. Depois, passara o almoço todo vendo-a se alimentar. Era tão diferente dele mesmo... Como a maioria das Novas Espécies, Jericho passara fome no cativeiro. Era alimentado de carne, mas sempre era pouco para ele. E se reagisse mal durante os testes de medicamentos, ficava dias sem comer.

Quando ficara livre, se surpreendia com a quantidade de comida que recebia e comia rápido, como se ela pudesse ser retirada. Tinha preferência por vegetais frescos, mas, apesar da abundância de comida oferecida, cada refeição ainda parecia um milagre.

Francisca comia com calma e colocava pequenas porções na boca de cada vez. Seus gestos eram calmos e delicados. Era quase bonito vê-la mastigar os alimentos e engoli-lo sem pressa.

Mas ele não a observava apenas por isso. A imagem dela na noite anterior o incomodava. Ficava lembrando dos seios fartos soltos na blusa larga e da bunda redonda e grande. Para ele era um absurdo, mas se pegara várias vezes com o membro inchando enquanto revia a cena em sua mente.

Como ela podia parecer tão tímida tendo um corpo daquele? As fêmeas de seu povo se orgulhavam de causar atração nos machos. Um macho excitado era um elogio para a beleza delas que a exibiam sem cerimônia.

Francisca não parecia saber que era atraente. Mostrara surpresa quando ele disse e mais surpresa ainda com sua excitação. Será que era daquelas fêmeas que ouvira Vanny falar? Fêmeas que valorizavam mais o intelecto e menos o corpo?

Que ela se escondia atrás das suas roupas ele já percebera. Usava camisas muito largas e compridas que escondiam a sua forma. Ontem tivera a chance de ver sua saia subindo e deixando as coxas à mostra e à noite tivera o privilégio de vê-la sem sutiã e apenas com a calcinha. Passou a língua nos lábios, sua boca ficou seca quando se lembrou do movimento de suas nádegas quando ela lhe deu as costas.

Pensou em Smiley e de como o criticara por ter se apaixonado por uma humana. O que poderia ter uma humana de melhor que uma das fêmeas Novas espécies? Até as fêmeas-presentes eram mais bonitas. Mas aquela humana...

Hoje ela usava óculos para trabalhar, o que aumentava a impressão de que era muito inteligente. Ele sentiu vontade de conversar mais com Francisca, conhecê-la...

Para quê? Sou um macho assustador para ela. - pensou. - O que sei das coisas de humanos?

Ela virou-se para trás e o pegou observando-a. Seu rosto ficou muito vermelho e ela virou-se novamente. Jericho sabia que estava dando muito na vista, mas não conseguia deixar de olhá-la.

Uma batida na porta tirou a atenção dele. Levantou-se e a abriu.

- Olá! - falou a voz animada de Estela.

Vengeance estava com ela e abraçava-a pelos ombros.

- Olá, Estela.

- Happiness me chamou.

Jericho se afastou dando espaço para os dois entrarem na sala. Happiness veio até eles.

- Estela, que bom que chegou.

- Vim logo que pude.

- Sei que é muito ocupada. - deu um olhar de esguelha para os dois humanos, que os olhavam. - Peace está bem?

- Está. Eu o deixei com Tammy.

Happiness se dirigiu aos humanos.

- Estes são Francisca Melendez e Rodney Johnson.

Francisca e Rodney se levantaram. Estela estendeu a mão para eles.

- Olá, sou Estela North.

Jericho percebeu o olhar arregalado de Francisca enquanto olhava de Estela para Vengeance. Ele tinha certeza que ela percebera que eram um casal.

- Ah, Happiness falou de você.

- Ela acha que poderei ajudá-los de alguma forma.

- Claro. A ajuda é bem vinda.

- Qual a maior dificuldade?

Francisca, Rodney e Estela se envolveram numa conversa técnica e Jericho aproveitou para observá-la mais um pouco. Sim, era uma fêmea muito inteligente. Notou que ela ajeitava os óculos de tempo em tempo e que jogava o cabelo cacheado para trás. Ele achava muito bonitos cabelos cacheados, porque não havia espécies com cabelos assim. O seu mesmo era grosso e comprido e preferia usá-los num rabo de cavalo ou jogados para trás, como naquele dia.

Os três humanos se sentaram diante dos computadores e Vengeance veio para o seu lado. Jericho conhecera Vengeance logo que fora libertado e soube dos grandes problemas que o macho causara. Era surpreendente vê-lo tão calmo.

- Como vai o bebê, Ven? - perguntou baixo.

- Minha companheira diz que ele está crescendo muito rápido. Está com quatro meses e já senta.

- Os bebês humanos crescem mais devagar, já me disseram. Forest está com seis anos e parece ter oito, Ellie me disse.

- A doutora Trisha disse que ainda estamos aprendendo sobre o desenvolvimento dos espécies e que estudam se há diferenças entre as crianças.

- Os filhos de Smiley são bem fortes, apesar de pequenos ainda.

- Eu também quero ter mais filhos.

- Só Smiley, Valiant e Tiger tiveram mais de um, por enquanto.

- Se não fosse tão difícil para Estela, eu teria muitos.

- As fêmeas sofrem muito no parto. Lembro bem da sua companheira.

- E como os bebês dão trabalho! Peace nega o seu nome.

- Ele chora muito?

- Berra quando quer mamar.

- A quem será que ele puxou, hein?

Vengeance deu um sorriso orgulhoso e Jericho sentiu um pouco de inveja. Ele também gostaria de ter filhos, mas... Que humana se ligaria a ele? Causava medo nas fêmeas. Olhou para Francisca. Ela dizia que não sentia medo dele, mas chegava até a gaguejar quando se falavam!

Vengeance falou de repente.

- Ache uma companheira pra você.

Jericho o olhou, espantado.

- E quem vai me querer?

- Você é um macho muito bom. Alguém vai enxergar isso e te tomará como companheiro.

Jericho deu um sorriso fraco para o amigo. De fato, quem diria que o desequilibrado Vengeance encontraria uma companheira?

Mas, não eu. Estou cansado de esperar alguém que me queira...

Com o olhar entristecido, admirou Francisca e lembrou-se como foi bom aconchegá-la em seus braços. Será que ele seria abraçado daquela forma novamente?

Duvido. - concluiu e tornou a prestar atenção à conversa de Vengeance sobre seu lindo bebê.

JERICHO: Uma história Novas Espécies 2Onde histórias criam vida. Descubra agora