JERICHO: Uma história Novas Espécies 2

Capítulo 2

Naquela manhã, Jericho estaria de guarda nos muros. Era o seu trabalho preferido; só tinha que se preocupar em observar se não haveria nenhuma tentativa de ataque contra Homeland. Era um trabalho solitário, porém satisfatório.

Não que ele fosse solitário, tinha seus amigos, contudo aprendera com o tempo que às vezes era melhor ficar só do que se aborrecer em outro tipo de trabalho; cuidar de humanos, por exemplo.

Ellie North faria uma participação num programa de entrevistas e Flame gostaria de ir, por isso pediu que Jericho cobrisse o seu turno numa escolta. Ele não gostou, mas fez o favor para o amigo. Flame adorava visitar o mundo do lado de fora.

Devolvera o fuzil que usaria no muro e pegara sua arma pessoal por precaução, pois imaginara que não precisaria dela. Flame lhe dissera que acompanharia uma fêmea humana que trabalhava para a Organização dos Novas Espécies, por isso fora despreocupado substituir o amigo.

A reação da humana quando o vira não o chateara. Se as fêmeas do seu próprio povo ficavam incomodadas com seus olhos vermelhos, imagine uma humana frágil. Ainda assim, ele gostaria que a pequena mulher não o olhasse com tanto temor; sabia que causava medo. Smiley lhe contara que sua companheira, Vanny, tivera muito medo quando o conhecera. Ela dissera que ele era um gigante com um olhar amedrontador.

Nos filmes humanos, o ser maligno sempre tinha olhos vermelhos e parecia que as pessoas consideravam os seus um sinal de que era perverso. Mas não tinha culpa do seu corpo abrutalhado, nem de seus olhos vermelhos; ele fora feito daquele jeito. Assustava as fêmeas e pouquíssimas concordavam em compartilhar sexo com ele; o achavam atemorizador.

Assim, preferia ficar sozinho, apesar de não rejeitar companhia.

Ver a fêmea humana se encolher quando o vira era só uma reação esperada. A mulher sequer percebera sua gentileza em querer carregar sua bolsa.

Não deveria ter tocado nela. Ficara surpreso dela não ter fugido de pavor quando a pegara no colo. Por isso, prestara mais atenção nela. Era uma fêmea pequena, apesar de robusta. Apreciara os seios cheios e a curva dos quadris, mas as pernas... Que coxas roliças e deliciosas ela tinha! Por um momento, se vira ajoelhado, mordendo a carne abundante. E ela percebera seu olhar!

Mas a pequenina ficara mesmo amedrontada. Ele a levara até o laboratório de informática e, depois de deixá-la, decidira ir até o ginásio de treino. Se ficara tão impressionado com coxas nuas de uma humana, talvez tivesse com energia demais acumulada.

Foi até o vestiário e despiu suas roupas, ficando apenas de short. Parou e se olhou no espelho. Mesmo para um espécie, ele era grande, seus músculos saltavam fazendo-o parecer uma montanha

Uma montanha bem esquisita. - pensou.

Observou os olhos vermelhos. Quando fora libertado das Indústrias Mercille notou que não havia nenhum outro Nova Espécie com a sua aparência. Havia outros misturados com primatas, mas apenas ele herdara aqueles olhos considerados macabros e o corpo tão alto e grande.

Deu um grunhido rouco e saiu para o ginásio.

Diversos Novas Espécies treinavam naquele momento. Alguns corriam, outros levantavam peso, enquanto vários lutavam. Ele não conseguia muitos companheiros para lutar, mas Justice ou Slade às vezes apareciam para acompanhá-lo. Foi até os aparelhos de musculação e encontrou Serenity, uma fêmea primata com quem já compartilhara sexo há algum tempo.

- Jericho, há muito tempo não te vejo.

- Estava trabalhando nos muros.

- Está de folga hoje?

- Não tiro folga. - ele sentou-se numa cadeira extensora. - Estou escoltando uma humana.

- Ah, eu adoro interagir com humanos. Eles são tão engraçados.