Capítulo 4

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Há cerca de dois anos, Jericho conseguira uma casa em Homeland. Normalmente. apenas líderes e espécies casados recebiam uma casa, mas insistira e finalmente lhe entregaram um chalé . A propriedade ficava numa zona nova entre o condomínio dos Novas Espécies e os chalés para humanos; a casa tinha dois quartos e ele plantara um lindo jardim no pequeno quintal. Jericho gostava quando Smiley vinha para Homeland com a companheira e filhos e ficavam ali com eles. Adorava aquelas crianças, que não sentiam nem um pingo de medo dele.

Preferira levar os humanos para sua casa do que incomodar a equipe de recepção àquela hora. Ele os levara de jipe e quando chegaram percebeu o interesse dos dois.

- Aqui estamos. - saltou do jipe e esperou na calçada. Não se moveu para auxiliar a humana a descer do carro, mas deixou que o outro humano lhe desse a mão.

Ele não se incomodou com o olhar que ela lhe deu. Não devia nada à fêmea.

Entrou na casa e acendeu as luzes. Foi direto para o seu quarto onde pegou roupa de cama e toalhas. Voltou para a sala e encontrou os dois parados no meio da sala. Dirigiu-se ao rapaz.

- Aqui está a roupa de cama e toalha. Você pode vir comigo.

Jericho percebeu o olhar arregalado do rapaz, contudo o ignorou. Seguiu pelo corredor até o outro quarto.

- Pode dormir aqui. O banheiro é no corredor em frente.

Entrou no quarto e deixou o material sobre a cama. Passou pelo rapaz e ele se encolheu contra a parede. Não podia fazer nada se era tão grande.

Voltou para a sala. Francisca estava parada no mesmo lugar, parecendo muito receosa.

- Venha comigo.

Ela pegou a toalha e o olhou. Jericho não desviou o olhar. Ouviu-a arfando baixinho e percebeu o movimento dos seios. Para uma humana baixinha, ela tinha bastante seios.

Como se eu entendesse de seios de humanas!

Deu as costas a ela e foi até o seu quarto. Entrou, mas ela parou à porta.

- Vai dormir aqui. Só precisa esperar para eu pegar algumas coisas.

- É o s-seu quarto?

-Sim.

- Não posso dormir aqui!

Jericho rosnou, ofendido.

- Está limpo, troquei os lençóis hoje.

- Ah, não, não é isso. - o rosto dela estava vermelhíssimo. - Não posso ficar com o seu quarto.

- Ficará aqui.

- Mas onde o senhor dormirá?

Jericho franziu as sobrancelhas, incomodado com a fêmea.

- Não será com você.

Ela abriu a boca de espanto e ele sentiu vontade de rir da expressão cômica.

- Eu n-não pensei isso. Eu...

- Entendi. Entre.

Ele deu um passo atrás para dar espaço para ela, que entrou no quarto.

- Eu dormirei na sala, fêmea.

Ela ainda estava muito corada, sem saber o que fazer com as mãos.

- Não precisa...

Jericho a ignorou e foi até o armário. Pegou roupas de cama e depois seu travesseiro.

- Sei que não vai querer usar meu travesseiro. - ela abriu a boca novamente. - O banheiro é no corredor em frente. Boa noite.

Saiu do quarto sem esperar a resposta dela. Estava cansado daqueles humanos!

Ligou a televisão e esperou que os dois usassem o banheiro. Depois que cada um voltou para o quarto, despiu-se, ficando apenas com a cueca vermelha, apagou luz e deitou no sofá. Mesmo sendo de bom tamanho, o móvel era muito estreito para ele. Ajeitou-se o melhor que pôde. Fechou os olhos, mas o sono não veio. Normalmente dormia um pouco antes da meia-noite e acordava às quatro da manhã; como todo Nova Espécie, dormia pouco.
Colocou as mãos atrás da cabeça e reviveu o dia. Há muito tempo não interagia com humanos. Nunca reclamara quando precisava, mas evitava o máximo possível. Os agora poucos humanos que trabalhavam para Homeland não se assustavam mais com sua aparência; eram os visitantes ocasionais que se chocavam com seu tamanho e, principalmente, com os olhos vermelhos.
No início de Homeland se ofendia muito com o espanto dos outros; as fêmeas, em particular, evitavam encará-lo. E os humanos... Eles não disfarçavam o medo. No passado, ficava muito triste com a solidão que impunham a ele. Com o tempo se acostumaram e ele passou a conviver mais com seus iguais. O sexo, que lhe fazia uma imensa falta, era resolvido sozinho, pois conseguia contar nos dedos das mãos as vezes que compartilhara sexo, fosse em Homeland ou na Reserva.
Pensou na fêmea Francisca. Ela era baixa, mas não era nada magra. A lembrança das coxas provocou um calor no baixo ventre. E o traseiro? Imaginou suas mãos espalmadas na bunda redonda e ampla, erguendo-a. Seu pênis acordou e ele se tocou, sentindo a seda roçando em sua mão. Uma fêmea humana capaz de lhe provocar desejo?
Apertou o pênis ao imaginar aquele traseiro erguido enquanto a montava, seus quadris batendo contra ela, enquanto seus dedos afundavam na carne quente e... Ouviu uma porta se abrindo.

Calou seus pensamentos indecentes e apurou os ouvidos. Era uma porta, sim. Viu uma nesga de luz no corredor e passos suaves vinham em direção à sala. Ergueu a cabeça e esperou. Agradeceu pela sua boa visão no escuro quando viu mãos surgirem apalpando a parede. Depois, um corpo apareceu e ele abriu mais os olhos. Francisca Melendez avançava vagarosamente no escuro, se escorando na parede.
Jericho sentou-se silenciosamente. Ela usava apenas sua camisa e a calcinha. Provavelmente ela estava tentando chegar ao banheiro. Levantou-se e foi até ela, sem se preocupar se iria assustá-la.
- Pretende chegar ao banheiro?
Ela deu um pulo e gritou. Jericho ergueu as sobrancelhas, nada surpreso com sua reação. Francisca se encostou à parede e ele podia ver seu rosto muito assustado e os olhos arregalados.

- Calma... - ela levou as mãos aos seios que subiam e desciam rapidamente. Notou que não usava sutiã. Ela olhou na direção da sua voz e abriu a boca, mas não saiu nenhum som. - Fique calma. - falou baixinho.

A porta do outro quarto se abriu e ele ouviu a voz do rapaz.

- Francis?

Ela virou o rosto para o corredor, muda.

- Quer que eu acenda a luz? - Jericho perguntou, se divertindo com o susto dela.

- Eu... eu...

- Você...

- Eu não consigo ver ... o interruptor... não consigo...

- Eu consigo. Enxergo muito bem no escuro.
Ela ficou em silêncio novamente e Jericho deu um passo em sua direção. Ele acendeu a luz. Francisca arregalou os olhos ainda mais ao vê-lo e Jericho imaginou que ela devia estar achando-o assustador. Lembrou-se que estava apenas de cueca e de que os humanos eram um pouco reservados sobre seus corpos.

Ela o olhou de cima a baixo, a boca entreaberta. O rapaz aproximou-se dela.

- Está tudo bem? - ela o olhou e balançou a cabeça afirmativamente. - Eu ouvi seu grito e...

- Eu me assustei...

Jericho viu quando ela olhou novamente para seu corpo. Dessa vez, seus olhos pararam por segundos diretamente sobre sua virilha. Ela separou os lábios e ele teve muita vontade de rir.

JERICHO: Uma história Novas Espécies 2Onde histórias criam vida. Descubra agora