Último adeus

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Capítulo 20 | Liz

Último adeus

O verdadeiro sentimento neste momento é a saudade (que já se faz presente), a dor da perda e também o arrependimento por ter falado demais ou, de menos.

Saber que a oportunidade de dizer: EU TE AMO!
Nunca vai voltar a surgir, porque a pessoa interessada não poderá ouvir, nos arrasa mais ainda.
Só quem já perdeu uma pessoa querida/amada sabe como é sentir essa dor.

- Sinto muito Melany... Ele se foi!

- Não... - falei sem forças, enquanto minha cabeça negava num gesto, ouvir aquilo me matava em vida. - Não... não é verdade... - um soluço escapou por minha garganta.

- Alguém chama uma ambulância, por favor! - pedi desesperada.

- Já ligamos para o médico dele... - respondeu Nana, que chorava ao meu lado.

Soltei a mão dela que segurava a minha, me ajoelhei ao lado da cama ficando próxima à cabeça do meu pai que parecia dormir tranquilamente, peguei sua mão direita erguendo-a, senti a frieza do seu toque que era sempre tão quente, segurei sua mão entre as minhas na tentativa de aquecê - las.

Seu rosto tinha uma expressão tão tranquila que era impossível acreditar no que Dean havia dito.

- Papai... - encostei a bochecha no dorso de sua mão. - Papai... Acorda por favor... - ele não tinha reação, as lágrimas brotavam cada vez mais grossas. - Eu não quero que você... Eu não aceito que você... - puxei o ar pela boca, as palavras pareciam ser cada vez mais difíceis de pronunciar, soltei num gemido agoniado. - Não me deixe...

Coloquei minha testa no dorso de sua mão, nunca desejei tanto um simples toque, como eu desejava o dele naquele momento.

Vê-lo ali inerte na cama era como ver os muros da minha felicidade caírem à minha volta. Não dá pra descrever o tamanho da dor que invadiu meu ser.

- Por favor Deus... não leve o meu pai... eu preciso dele... - implorei entre as lágrimas e soluços.

Olhei para o meu pai na esperança de ter minhas preces atendidas.

- Acorda... - soltei a mão esquerda e passei por seus cabelos enquanto a direita ainda mantinha sua mão encostada ao meu rosto. - Papai... Você precisa acordar... - um soluço irrompeu por minha garganta.

- Melany... - senti a mão do Dean pousar sobre o meu ombro. - Eu sinto mui... - sua voz estava embarga.

- NÃO! - Afastei seu toque com a mão livre. - CADÊ O MÉDICO? - gritei angustiada.

- Ele se foi Melany... - ele continuou.

- Não... - sorri nervosa entre as lágrimas - Ele não faria isso... - passei a língua pelos lábios - Meu pai nunca nos abandonaria... - neguei com a cabeça... - Ele vai acordar... vai acordar e dizer que só foi uma brincadeira - afirmei com a cabeça. - Ele está só tentando nos pregar uma peça... - um soluço sacudiu o meu corpo. - Papai acorda, minha irmã vai chegar daqui a pouco... ela vai ficar assustada se te encontrar assim... - fechei os olhos e encostei a cabeça em seu peito e abracei seu corpo. Queria tanto sentir sua mão acariciando minha cabeça, como ele sempre fazia.

A realidade de que ele nunca mais acordaria me aterrorizou, a dor que eu sentia naquele momento foi tão forte que me tirou o ar. Vi pelo canto do olho quando Nana saiu chorando desesperada do quarto.

- Papai não me deixe por favor... não faz isso comigo... Suas filhas precisam de você... - eu tentava enxergar o rosto dele em meio às lágrimas e soluços. - Não vá embora... O que vai ser de nós sem você? - ergui a cabeça e fitei seu rosto. - Eu não posso viver sem você...

A Gêmea Errada - O destino nos separou (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora