Meio Sangue- Missão de resgate

Sem querer abro uma cratera e mando os meus colegas de turma para o inferno

''Lembre-se, a raiva passa.

O que você faz quando está com raiva,

não.''

[Valentina]
Acordei naquela manhã como nunca tinha acordado em nenhum outra: com três cães enormes correndo felizes pelo apartamento e lambendo minha cara enquanto me cutucam com seus focinhos molhados até que eu aceitasse a derrota e me levantasse do sofá, desta vez só tinha eu ali e o Sol tinha esquentado meu pé. O café da manhã daquele dia estava sendo um pouco diferente do habtual, eu comia de minha comida enquanto oferecia parte dela para os meus mais novos cães que aceitavam muito felizes.

Enquanto bebia de meu achocolatado dei um pedaço do meu misto para elas para depois tirar um pedaço para mim mesma também. Vinni me encarava do outro lado da mesa com uma sobracelha levantada

- Elas não tem ração? - perguntou de boca cheia.

Era verdade, tínhamos comprado ontem no caminho de volta para casa.

- Óbvio que tem - respondi dando mais um pedaço para cada - Mas elas também gostam disso, não vejo por quê não.

- Ok, né - Dá de ombros - Só cuidado para não envenenar elas

- Vinni tem razão. - Carmem se pronuncia ao engolir um gole generoso do café preto que bebia e sinceramente? Não sei como ela aguentava ingerir uma coisa daquelas ainda mais pura, devia ser fruto de muitas mágoas na vida - Tem certas coisas que determinados animais não podem comer, você sabe, tem que ver bem o que dá a eles.

- Eu sei - Meu prato já estava vazio à minha frente, sobrando apenas algumas migalhas do alimento que estava ali antes. Dei um carinhoso afago na cabeça de uma delas que a descansava em meu colo provavelmente achando que ainda ganharia mais alguma coisa. - Vou pesquisar mais sobre isso depois, não quero acabar cometendo algum erro por causa disso. Quando a gente voltar posso ir na biblioteca da escola ver se tem algo.

- Da escola? - Ela levanta uma das sobrancelhas, as vezes eu me esquecia que ela não estudou em uma única escola pública da vida, burguesa dês que nasceu como eu e Vinni costumávamos falar.

- Faz sentido. - Ele abre um sorriso com o misto ainda pela metade na mão - Lá tem cada coisa aleatória que se for olhar vai encontrar não só livros didáticos velhos mas também livros de receitas, quadrinhos de Turma Da Mônica e guias para pais de pets.

- Parece interessante.

- É, se você acha um monte de livro velho mofando em estantes com cupins ou ferrugem interessante... - Ele dá de ombros - Seria um paraíso para uma nerd como você.

- Do que foi que você me chamou? - Ela murmurou inconformada, com certeza fazia anos que não era chamada assim

- Será que lá teria algum livro de adestração? - Me perguntei, dessa vez dando atenção as outras

- Deve ter. - Vinni bebe alguns goles de seu achocolatado, apesar de comermos as mesmas coisas ainda sim tinha certos detalhes de diferentes, como por exemplo: Ele gosta de seu Nescau quente e com leite de caixa, enquanto eu gosto dele gelado e feito com leite em pó e água; esse é o tipo de coisa que ninguém além da Carmem sabia e por isso sempre deixava tudo preparado na mesa para que cada um fizesse o seu - Aquele lugar tem de tudo um pouco, eu e Yan podemos te ajudar a procurar se quiser.

- Certo, valeu.

- Certo, crianças - Carmem se levanta e coloca as suas coisas na pia - Já acabaram?

- Eu já - A acompanho

- Também - O moreno se levantou de forma rápida enquanto jogava goela abaixo o líquido marrom que ainda tinha no copo, por pouco não tropeçando na cadeira da nossa assistente - Aqui!