Primeiro contato direto, o que seria bom, se não fosse em péssima hora.

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"O luto é a tristeza da alma que compreende que a pessoa que se amou em vida não mais voltará."

                                                                                            -Luciano Otaciano


















[Emma]

Eu não podia acreditar. Vanessa e Luccas tinham morrido, eles realmente tinham morrido. E era minha culpa.

Eles estavam lá, bem na minha frente. Eu poderia tê-los salvado mas sequer tive forças para isso. Eu os alcancei mas... não consegui salvá-los. Então eles se foram, e eu fiquei a salvo.

Uma parte de mim queria ter ido com eles.

Quando cheguei a superfície tudo o que consegui fazer foi respirar, mais um minuto lá embaixo e poderia ter me afogado. Eu vi os olhos deles. Os olhos dos meus amigos que estavam prestes a morrer. Luccas ainda lutava desesperadamente, Já Vanessa tinha desistido. O verde de seus olhos pareciam implorar para que eu não me arriscasse daquele jeito. Então o ar faltou em meus pulmões e eu não conseguia mais lutar, mas eu queria, queria muito. Tive tanta raiva das minhas cachorras quando elas me arrastaram de volta para a superfície. Tanta raiva.

Elas sabiam qual seria minha ordem se eu pudesse falar, mesmo assim deixaram meus amigos para morrer para que eu pudesse ser salva.

Quando não tinha mais falta de ar, tudo o que fiz foi gritar com elas.

- Qual o problema de vocês? - Empurrei elas para longe. Eu não sabia nadar, se elas não fossem teimosas eu teria afundado. - Qual o problema de vocês? Vocês deixaram eles para morrer! Poderiam ter feito mais! Por que não fizeram?! - As empurrei de novo, e de novo elas voltaram para me impedirem de afundar. Não importa quanto eu fosse violenta elas sempre voltavam e ficavam. Seus olhos não mudavam, continuavam tão gentis e amorosos quanto em qualquer noite normal que eu dormia agarrada à elas. Aquilo não era justo. - Parem...

Eu não conseguia mais, não dava. Me vi incapaz de sequer olhá-las. Sem forças alguma, apenas subo de volta ao barco, onde os amigos que me restavam esperavam. Estava tão frio. Sombra e Nox esfregavam seus funcinhos e cabeças no meu braço enquanto Night lambia minha mão. Um sentimento ruim afogava meu coração, eu realmente não conseguia, então me afastei. Nenhuma tentou forçar nada, apenas ficaram ali, perto, em silêncio.

Elas não pareciam ver erro nenhum em suas ações, o que piorava tudo.

- E então? - Scoot perguntou, ofegante. Todos viram a hora que pulei na água sem plano ou preparo algum, me olhavam com um desespero disfarçado de uma esperança cega. Eu não conseguia sequer encará-los. - Não...

- Não! - Amberly caiu de joelhos, tampando a boca para não soluçar tão alto.

Estavam todos tão abalados, tão... quebrados. Seus olhos não eram mais os mesmos, não tinham mais aquele brilho que tanto me confortava dês que viramos amigos. E eu sequer sabia dizer quando aquilo tinha acontecido. Eu só consegui abraçar meus próprios joelhos e chorar. Não podia ser verdade, não podia.

Me lembrava das minhas próprias palavras tantos dias atrás. ''Podemos dar um jeito.'' eu disse. ''Somos sete. Vai ser de boa!''

Eu era patética. Me odiava tanto naquele momento que facilmente pularia naquele mar de novo para ir atrás do Luccas e da Vanessa, mesmo que eu tivesse que me afogar para isso. Eu sabia que não valia mais a pena, eles já estavam mortos à aquela altura e eu não pude fazer nada.

Eu tinha prometido que estaria tudo bem e tinha falhado da pior forma possível, deveria ter sido eu a arrastada para as profundezas do Oceano e virado comida de monstro. Eu tinha me tornado uma mentirosa.

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora