Ganhamos na loteria: Dois irmãos mais velhos maravilhosos e um copo mágico!

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''Por que nós vimos de toda parte,

 procurando aqueles que se importam.

 Alguns que encontramos aqui

 nós encontramos uma casa.''

              -Were are family / A Era Do Gelo 4










[Valentina]

Por algum motivo, aquele sonho não foi igual aos dos últimos dias.

Sonhei que estava em uma sala bem escura e sem janelas, talvez uma câmara, eu não saberia dizer exatamente. Era possível ver algumas colunas espalhas sustentando o teto de cimento alguns bons metros acima e algumas velas presas às paredes, pelo menos foi o que eu consegui identificar antes de me deparar um uma figura ao chão encolhida em um canto qualquer.

De repente as velas se acenderam e a sala ganhou um pouco de luz, apenas o suficiente para que eu conseguisse reconhecer a tal figura do outro lado do cômodo. Era o meu melhor amigo Vinnícius, jogado no chão desacordado com os pés e as mãos acorrentados ao concreto. Ele estava do mesmo jeito que o vi pela última vez na escola no meio de toda aquela confusão, a camisa da farda antes branca estaca rasgada e suja de várias coisas: terra, poeira, cinzas, sangue, tudo misturado; Sua calça jeans clara não estava nem um pouco melhor, como se tivesse sido atropelado por um caminhão que ainda deu ré. E ainda por cima estava descalço e machucado em vários lugares. Ele definitivamente não estava bem.

Duas figuras se aproximam dele, ambas cobertas das cabeças aos pés com calças, botas e casacos de capuz pretos. Eles encaravam o garoto no chão.

- Vamos matá-lo? - Ouço uma delas perguntar, era uma voz provavelmente masculina. Mas infelizmente, de onde eu estava não dava para ver os rostos de nenhum deles, e também não conseguia sair do lugar, como se estivesse colada ao chão

- Não. - A outra responde, dessa vez uma voz feminina - Ele vale para nós mais vivo do que morto, vamos precisar dele se quisermos ter a garota.

- E se não der certo?

- Vai dar. - O assegura. Pelo seu tom de voz eu chutava que ela estava sorrindo por de baixo daquele tecido preto - Ela não aguentará e virá para salvá-lo, é da natureza dela. - De repente ela levanta a cabeça e olha para o teto, aumentando o tom de voz. Congelei no lugar - Está me ouvindo, Valen?! Se não vier esse garoto já era! Você tem até a meia noite do dia vinte de setembro!

E então eu acordei.

Abri desesperadamente os meus olhos, e um garoto loiro veio correndo em minha direção. O reconheci como o mesmo que cuidou de mim durante a viagem voadora, viagem essa que eu nem sabia se tinha mesmo acontecido ou não.

- Calma, respira - Ele dizia calmamente, mas eu não tinha cabeça para tentar entendê-lo e eu acho que ele percebeu isso em minha cara de confusão. Por alguns segundos ele ficou pensando em um jeito de falar comigo até outra pessoa aparecer, e diferente dele a terceira pessoa era mais nova, talvez uns treze anos, pele escura com algumas manchas claras espalhadas, aquele tipo se chamava ''vitiligo'' se não me engano, tinha olhos caramelos e cabelos encaracolados cor de rosa. Ele adentrou o local com um grande sorriso no rosto - Ah, Luccas! Na hora certa. Você fala português, não fala?

- Qual português? - O garoto perguntou, parando ao seu lado

- Tem mais de um?

- Claro, tem o do Brasil e o de Portugal - Explicou ele, paciente - São diferentes.

- Quero saber se você fala o português do Brasil.

- É a minha especialidade!

- Ótimo! - Ele apontou para mim - Pode nos ajudar? Ela acabou de chegar do Brasil e não é fluente no inglês

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