Viramos os maiores criminosos do estado. Sim, temos treze anos.

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"Tem gente que segue errando
Tem erro que persegue a gente
Tem inocente que se sente culpado
Tem culpado que culpa inocente."

                          - Ariane Hendiges








[Scoot]

Eu não conseguia acreditar. A Emma tinha sido levada. Ela realmente tinha sido levada.

Amanda não acordava. Nenhum deles parecia bem.

O menos pior dali era eu, o único que não fez nada.

Aquelas pessoas tinham morrido, o museu que eu fui com a minha família estava destruído. A missão não seria completada e seria tudo minha culpa.

Eu era o culpado daquilo tudo. A minha covardia estragou tudo.

A Emma usou o que tinha para nos proteger da explosão quando mal conseguia respirar nas mãos daquela mulher e o que eu tinha feito por ela? Absolutamente nada.

Gritei de frustração até que minha garganta doesse e eu não tivesse mais voz. Chutei os escombros com toda a minha raiva, não me importava que doesse, na verdade era melhor doer mesmo. Eu merecia aquilo e muito pior.

Os cães latiam para o nada, incansavelmente com esperança que sua dona voltasse. Choravam, mudavam de lugar e voltavam a latir, mesmo que seus estômagos dicessem de fome. Queria que eles parassem, escutá-los fazia com que eu me sentisse pior se é que era possível. Depois de um tempo eu não consegui mais conter as minhas lágrimas.

- O que... - Luccas perguntou, de joelhos na terra e de cabeça baixa. Estava naquela posição dês que tudo acabou, pareciam horas. - O que nós vamos fazer agora?

Yanne chorava em um canto, abraçando as próprias pernas. Vanessa tinha escondido seu rosto entre os joelhos, não falava nada. Amberly cuidava de Amanda, tinha deixado a cabeça dela em seu colo para lhe passar o máximo de conforto possível ali, em troca ela apenas soltava alguns grunhidos e choramigos de dor. Nem Amberly e nem Luccas estavam em condições de ajudá-la, tanto mental quanto fisicamente.

Depois de tanto tempo a ajuda finalmente tinha chegado. Inúmeros bombeiros, policiais e ambulâncias com proficionais prontos para socorrer quem precisasse. Por ser um sátiro, Yanne teve que correr e se esconder o mais rápido possível com os cães apesar de contrariada. Encontraram o restante de nós bem no centro de tudo, cinco crianças tristes e acabadas que precisavam ir a um hospital imediatamente.

Cinco. Cinco crianças. Até aquela manhã éramos sete. Aquilo doía pra caralho.

Não relutamos, não fizemos nada, não dissemos nada quando nos colocaram em uma das ambulâncias e fizeram os primeiros socorros até chegarmos a um hospital. Quando viram que a situação da maioria de nós era estável nos pediram para ficarmos quietos em um canto, sem se mexer muito enquanto davam toda a atenção à. Mesmo que não quisessem nos falar era óbvio em suas expressões preocupada o quão ruim ela estava. Quando nos perguntaram dissemos que foi ataque de animal, não era completamente uma mentira.

Luccas, Vanessa e Amberly foram levados para a ala de emergência, eu apenas recebi alguns curativos e remédios para dor enquanto via Amanda ser levada às pressas como prioridade máxima. Estava tudo péssimo, nem por um segundo parei de implorar que não passasse de um horrível pesadelo, fechava os olhos, me beliscava o mais forte que dava e voltava a os abrir, sentia vontade de chorar quando via que nada tinha mudado.

Eles perguntaram o meu nome. Scoot Taylor Stewart. Perguntaram a minha idade. Quatorze anos. Perguntaram dos meus pais. Eu não respondi. Perguntaram da minha casa. Não respondi. Perguntaram sobre minha família. Eu não respondi. Perguntaram se eu tinha com quem ficar ou qualquer número de emergência. Continuei calado.

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora