Amanda me dá uma carona

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"Só vemos bem o coração, o essencial é invisível aos olhos."

             - O Pequeno Príncipe







[Emma]

Como o planejado, demos meia volta. O carro não era nem rápido e nem devagar demais, perfeito para uma viagem tranquila. Eu só tinha uma dúvida:

- Onde diabos vocês arranjaram um carro voador?

- Você pode não acreditar - Vanessa se virou para mim, sorrindo - Mas é A Carruagem do Sol.

- A o quê?

- Você não conhece A Caruagem do Sol? - Debochou de mim na cara dura - É o meio de transporte de Apolo, é nela que ele trás o Sol de manhã.

- Carruagem do Sol... é, faz sentido. Como vocês conseguiram uma coisa dessas?

- Meu pai que me emprestou - Luccas contou animado - Ele me entregou a chave para podermos vir atrás de você, não queria que a gente desistisse. Afinal, não se abandona um amigo.

Ouvir aquilo fez algo esquentar em meu peito, eu jamais falaria em voz alta mas durante todo aquele tempo sequestrada eu queria que eles viessem atrás de mim. Era muito bom saber que jamais me deixariam para trás e que me consideravam uma amiga.

Confesso me envergonhar por já ter me apegado a eles mesmo que estejamos juntos a menos de uma semana, mas fazer o que, passamos por maus bocados em tão pouco tempo, sempre juntos, não conseguia enxerga-los com a mesma frieza de antes. Me sentia patética mas não conseguia mais ignorar, os considera meus amigos mesmo que nem conhecêssemos uns aos outros direito e não queria mais me afastar. Me sentia patética por ser tão emocionada, principalmente por aquele tempo todo eu ter certeza de que eles me viam apenas como uma esquisita que deveriam se manter longe assim que voltaremos ao acampamento. Não consegui matar o sorriso que nasceu em meu rosto.

- Emma, toma - Amanda me estendeu um cantil cheio, que peguei sem entender - É Néctar, vai fazer você melhorar, você não parece tão bem.

- Como adoro ouvir isso - Brinquei. Tomei um pequeno gole daquela coisa, apenas para não fazer disfeita, mas me surpreendi com o quão bom era. Tinha gosto de pão de ló com geléia de maçã e chá de erva cidreira, uma mistura que não me lembro de já ter feito mas meu corpo parecia conhecer muito bem ao ponto de imediatamente relaxar e se entregar ao gosto doce que lhe foi entregue. Tomei mais um longo gole, teria tomado bem mais se Amanda não tivesse tomado de minha mão - Ei!

- Quer se desintegrar? Não pode comer muito dessas coisas, são comidas dos deuses, se comer demais...

- Você queima de dentro pra fora como se estivesse sendo queimada viva em uma fogueira - Completou Amberly - Depois se desintegra bem lentamente e dolorosamente.

- Um gole está de muito bom tamanho, não é? - Ri nervosa

- Descansa um pouco - Amanda soou doce, talvez tão doce quanto a geleia de maçã que eu nem sabia gostar tanto, aquele sorriso deixava seu conselho quase irresistível - Você passou por bastante coisa, nem deve ter pregado os olhos. Pode dormir, o lugar é bom, qualquer coisa a gente te chama.

- Certo... - Bocejei. Tinha me esquecido o quão exausta estava - Mas é para me chamar mesmo, hein?

- Pode deixar.

Me ajeitei na melhor posição para se deitar naquele banco, por sorte era a única no fundo tirando meus cães, uma se deitou nos meus pés, outra deu um jeito de dividir o banco comigo em um espaço pequeno entre eu e o encosto, ponto as patas sobre meu quadril, já a terceira aceitou deitar esparramada no chão macio do carro. Era quentinho e confortável, não demorei nada para cair no sono.

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora