Não estou orgulhosa do que fiz, mas tem coisas maiss importantes em jogo.

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"Nem todas as ações dignas de respeito são motivo de orgulho."

                                                                                                        -Anônimo.



















[Vanessa]

Tudo o que eu via eram aqueles olhos. Tão verdes que pareciam brilhar, tão cruéis que, mesmo depois de anos, ainda me assombravam. Tinham tanta raiva, como se estivesse se contendo para não me destruir ali mesmo, mas se olhar matasse, eu já teria morrido a muito tempo. Me perguntei todos aqueles anos o por quê que não aconteceu.

Acordei em um susto. A primeira coisa que notei era que respirava.

Como assim? era só o que se passava em minha cabeça. Procurei Luccas por todo o lugar, parecia uma caverna ou algo assim, ele estava caído bem ao meu lado, temi que estivesse morto mas ao vê-lo acordar depois de balançá-lo como uma doida senti todos os meus músculos relaxarem.

- Hm... onde estamos? - Ele coçava o olho como se tivesse acabado de acordar depois de uma boa noite de sono.

- Não faço ideia.

Ficamos de pé para melhor observação. Com certeza era uma caverna. O chão era coberto de algas macias e incrivelmente estava tudo muito bem limpo. O maior problema era que ainda estávamos debaixo d'água.

- Como isso é possível? - Luccas se questionou.

- Eu não sei.

Como se não acreditasse no que ele mesmo estava vivendo, respirou alto e exagero várias vezes. Tocou o próprio rosto, as roupas e tudo o mais. Quando acabou a sessão de testes ele me olhou espantado, eu não estava tão diferente.

- Estamos secos.

- Mentira. - Copiei seus testes, tocando em cada parte minha como se não reconhecesse mais meu próprio corpo. Ele estava certo. - Como...?

- E eu é que vou saber?

Nos encaramos. Era quase assustador.

Ok. pensei. Vamos por partes. Com certeza não tinha sido obra dele, ele jamais me ajudaria, tinha tentado me matar pouco tempo atrás! Quais as outras opções? Pensando muito, muito mesmo, eu não encontrava nenhuma. Aquela estava completamente descartada. Arg, sentia como se estivesse tentando resolver um enigma da esfinge, e no lugar de uma resposta, tudo o que vinha à mim era frustração.

Aquilo não fazia sentido. Aquilo não fazia sentido nenhum.

Foi aí que notei.

- Ei, percebeu que está tudo diferente?

Luccas arqueou as sobrancelhas.

- Diferente... como?

- Nosso tato. Nem parece que estamos debaixo d'água, não está tão tenso e nos mexemos aqui embaixo com a mesma facilidade de quando nos mexemos lá em cima. A água devia fazer o oposto.

Para confirmar a minha teoria, ele mexeu um dos braços rapidamente, jamais conseguiríamos fazer aquilo normalmente.

- É, você está certa.

- Eu chuto que é uma armadura de oxigênio, por isso acabamos ficando secos depois de um tempo, conseguimos respirar e nos movemos normalmente. Faz sentido, não faz?

- Faz sim! - O garoto me olhou com brilhos nos olhos amber, completamente admirado. - Como você é inteligente, hein? E eu aqui entrando em desespero!

- Não é pra tanto. - esbarrei meu ombro no dele. Já tinha percebido, dês que nos conhecemos à tanto tempo atrás que ele sempre mandava uma daquela quando alguém brilhava. Sempre achei idiota, mas agora, como amiga dele, só queria que aquele costume acabasse, pelo próprio bem dele.

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora